Por que o Ford Del Rey tinha o apelido de “Corsário”?

Como a Ford Lançou um substituto para o luxuoso Galaxie sem grandes investimentos? Com a "Engenharia Lavoisier"...

ford del rey 2
Por Boris Feldman
Publicado em 11/01/2018 às 17h53
Atualizado em 15/01/2020 às 19h17

A Ford continua resgatando a história dos seus modelos brasileiros. Depois do Galaxie e do Maverick, distribuiu para a imprensa um material sobre o Del Rey, lançado em 1981 e que teve cerca de 350 mil unidades produzidas em 10 anos.

Dilema da Ford: o Maverick fracassou e foi descontinuado em 1979. O grande e luxuoso Galaxie perdia fôlego com seu motor V8, que tornou-se palavrão na época. E deixou de ser produzido em 1983, sem sucessores. A rigor, sobraria apenas o Corcel na gama de automóveis da empresa.

Ford usou a plataforma do Corcel para fabricar o Del Rey
Ford usou a plataforma do Corcel para fabricar o Del Rey

A solução foi recorrer à “Engenharia Lavoisier”: para evitar investimentos pesados num novo modelo, aproveitou a plataforma do Corcel sob uma carroceria reestilizada com ares germânicos que sugeriam um misto de Ford Taunus com Mercedes-Benz.

História do Ford Del Rey

Um completo e caprichado banho de butique no interior tornou-o quase tão luxuoso quanto o Galaxie e estava pronto o Del Rey. Em três carrocerias:
sedãs de duas e quatro portas e uma perua, a Scala. Foi bem-sucedido e vendeu quase 350 mil unidades de 1981 a 1991.

Só não se saiu melhor por falta de motorização: recebeu o ridículo 1.6 do Corcel (de origem Renault) que desenvolvia parcos 69 cv com gasolina e 73 cv com etanol. Não chegava aos pés dos 190 cv do Galaxie. Além de cavalos, faltavam também preciosos centímetros no banco traseiro: um metro mais curto que o grandalhão…

Scala era versão perua do Del Rey
Ford Del Rey Scala

O fraco desempenho do Del Rey irritava seus motoristas que quase passavam vergonha em ladeiras muito íngremes, se estivesse com cinco passageiros, bagagem e equipado com ar condicionado, direção hidráulica e câmbio automático.

A solução veio da Volkswagen, que se associou à Ford no Brasil criando a holding Auto Latina em 1987. O Del Rey foi contemplado em 1989 com o motor VW AP 1.800 que desenvolvia 91 cv com gasolina, 99 com etanol, o que lhe garantiu uma sobrevida de três anos.

linha Ford Del Rey, com sedan, cupê e perua Scala

“Engenharia Lavoisier” mais uma vez acionada e o Del Rey foi substituido em 1991 pelo VW Santana fantasiado de Ford Versailles. E a perua VW Quantum tomou o lugar da Scala, rebatizada de Ford Royale. Os “Fordwagen” existiram até 1996, quando a própria Autolatina foi extinta.

Ahhhh! Já ia me esquecendo: “Corsário”? Corcel de otário…

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9 Comentários
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Mateus 25 de julho de 2022

Matéria bem nada haver com o carro, Del Rey nao foi feito pra correr e sim feito pensando no conforto! Eu tenho um 82 série prata com câmbio manual de 4 marchas à gasolina e não tenho do que reclamar pois o carro é uma rocha / pau pra toda obra, mecânica super confiável. Na rua não um que não olhe e onde o paro, tem gente pra contar história. O carro é só elogios!!!

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Leandro 30 de maio de 2022

kkkkkkkkkk… rindo litros aqui! Corsário, Cornowagen…. muita criatividade do povo mesmo. Eu sempre achei o Del Rey um carro elegante, mas convenhamos pessoal, 69cv é p matar mesmo kkk. Obrigado Volks por esse punhado de poneis a mais, porém um pouco tarde de mais né?… rsrs

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Hamilton Pereira de Cerqueira 17 de maio de 2022

Olha, eu falo com categoria. Comprei um Del Rey Ghia -cinza cromo- placa JLK-2444, ano e modêlo1988, em 1996 e , me apaixonei! E aprendi a dirigir numa Brasília 1980, em 1983. Então, só tenho que desmanchar elogios ao Del Rey, que fiquei até 2010, quando o Focus 2005, foi seu sucessor. Dava 145km/h!

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arai 20 de fevereiro de 2020

Era muito luxuoso, mas carecia de bom motor e de arrefecimento. Tive uma Belina Ghia 1990. Ferveu motor por duas vezes, primeira em Niterói voltando de praia com carro cheio e ar ligado numa subida com trânsito parado. Segunda, andando na cidade de São Paulo num engafarramento congestionado, também com ar ligado. Parecia que não conseguia baixar temperatura de água se não recebesse ar frontal. Do resto era só alegria, muito conforto. Ah, minha esposa não gostava daquela porta pesadona se o carro estivesse tombado pro lado dela…

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Franco Vieira 8 de abril de 2019

Chique demais essas histórias, os termos então são pura diversão……rssrr…… nunca tinha ouvido falar em “corsário”….
Não sou dessa época, mas já li em revistas sobre o “cornowagen”….hahahaha
É uma melhor que a outra.

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arai 20 de fevereiro de 2020

Na verdade, “cornowagen” era referência a Fuscas com teto solar…

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Flávio 12 de junho de 2018

Ri demais, parabéns pela lembrança.

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Garrido 19 de março de 2018

Bola fora Boris! Materia antipática e desnecessária, esculhambando uma marca e um dos melhores carros de sua geração, comparados aos concorrentes da época. Vc é muito melhor que isso Boris.

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Marcelo 14 de janeiro de 2018

Deselegante o termo e sua tradução.

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