Preconceito contra o avanço: quem quer carro elétrico?

Reagir contra avanços é inerente ao homem, e não faltam argumentos contra o carro elétrico e outros atrasos do nosso mundo

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Por Boris Feldman
Publicado em 28/07/2018 às 15h00

É incrível a que níveis chegam o preconceito contra o avanço. O principal argumento: “Absurdo! Se o carro cai no rio ou pega fogo, eu morro afogado ou queimado pois o cinto vai impedir de me safar”. Inútil tentar explicar que era exatamente o cinto que protegeria os ocupantes, mantendo-os conscientes e aptos a se safar.

Reagir contra avanços é inerente ao homem. São muitos os motoristas que se aborrecem quando se anuncia um novo dispositivo eletrônico de segurança: “ E como fica o prazer de dirigir se o carro é todo controlado pela informática?”.

carro eletrico carregando preconceito contra o avanço

Se reagem contra a parafernália eletrônica que “pasteuriza” o comportamento do automóvel, imaginem quando chegar o carro autônomo de fato, que nem volante terá.

Os argumentos são os mais curiosos: “Dirijo há mais de 30 anos, meus primeiros carros não vinham com nenhum equipamento de segurança e continuo vivo”. E se esquecem de que, por sorte, sobreviveram para contar história. Mas milhares de azarados não estão vivos para contra-argumentar.

A reação contrária pode ser motivada por interesse pessoal. Se ainda não existem no Brasil postos de serviço com bomba automática (do tipo self-service, como no Primeiro Mundo), não é, com certeza, por falta de tecnologia para debitar o valor no cartão de crédito ou ser pago no caixa do posto.

O que atrasa o país e encarece o preço do combustível é a inexplicável força do sindicato dos frentistas, mais forte que o dos acendedores de lampião a gás nas ruas, no início do século 20. Eles reagiram contra o avanço mas acabaram derrotados pela iluminação elétrica.

Aliás, voltando ao Primeiro Mundo, alguém já viu por lá algum trocador em ônibus?

MÍDIA

Nos mais de 50 anos como jornalista, fui testemunha dos inúmeros avanços tecnológicos que evoluíram a cobertura de eventos, as redações e parques gráficos de jornais e revistas. E não adianta reagir: difícil imaginar que a mídia impressa iria levar golpe tão rápido e certeiro da digital.

Jornais e revistas vão encontrar seus nichos, mas, por enquanto, ganham assinantes eletrônicos e perdem na edição impressa. Títulos poderosos como “The Washington Post” ou “The New York Times” continuam valendo centenas de milhões de dólares porque avalizam a edição digital com sua credibilidade. A diferença entre blog que dá palpite sem fundamento ou divulga notícia sem confirmá-la e jornalismo sério na web é a confiabilidade da informação assinada pelos verdadeiros profissionais da área.

Há quem diga que a tecnologia avança hoje 10 vezes mais rapidamente que no século passado. O automóvel está aí para confirmar a tese e continuar provocando reações contrárias. Fonte alternativa de energia: todas as sinalizações do setor apontam para a elétrica como substituta dos atuais combustíveis.

Eu me confesso um apaixonado pelo automóvel que ronca grosso e desprezava os elétricos até dirigir um deles, de 750 cavalos e que faz de zero a 100 por hora em três segundos…

O principal argumento de quem é contra o carro elétrico? “O problema é a bateria!” e faz de conta ignorar (ou não sabe mesmo) que já existe no mercado o veículo que gera sua própria energia elétrica e dispensa a bateria. Como? Seu tanque é abastecido com hidrogênio, que produz eletricidade numa célula a combustível (fuel cell). “Mas o hidrogênio é caro de se obter e difícil de se armazenar!” alegam os que reagem a mais este avanço.

E provavelmente continuarão com preconceito contra o avanço mesmo ao saber que o tanque pode ser abastecido com álcool, exatamente o mesmo que existe em nossos postos: dele se obtêm (com um equipamento chamado “reformador”) o hidrogênio para alimentar a “fuel cell”. Solução de mobilidade que, para a matriz energética brasileira, seria sopa no mel!

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Boris Feldman

Jornalista e engenheiro com 50 anos de rodagem na imprensa automotiva. Comandou equipes de jornais, televisão e apresenta o programa AutoPapo em emissoras de rádio em todo o país.

Boris Feldman
8 Comentários
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Pedro 23 de maio de 2021

Posso estar errado, acredito que não mas como mecânicos automotivo desde os meus 16 anos, percebi que o avanço no setor automotivo é sempre pra beneficiar a fábrica/venda e explorar o comprador ou dono do veículo. Cada vez o carro se torna uma batata mais quente que depois de 30.000km todo mundo fica com medo de pegar e se queimar. O preço do carro é absurdo. E se nos últimos anos esse monte de parafernalha eletrônica, o dono do carro ja era refem do fabricante agora será muito mais. Não é sobre entregar o melhor produto é sobre explorar melhor o cliente. Ninguem vai conseguir me provar o contrário, estou na industria a anos. E essa forma de alienar os clientes a fábricas funciona na europa e USA pq o carro é barato, no brasil é muito imposto, muito lucro só destroi o poder financeiro do comprador. Tudo esse “desenvolvimento” é a sede de explorar do ser humano ganancioso, não se enganem pela historinha.

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Armando 29 de julho de 2018

Por enquanto não dá para carro elétrico, principalmente usado, o preço da troca da bateria não sai por menos de R$ 20.000,00.

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Bruno Pettezzoni 30 de julho de 2018

As baterias tem garantia de 8 anos. E não custam isso tudo se precisar. Mesmo assim, vamos lá…. dividamos 20.000 por 8, temos 2500 por ano, ou 220 por mês. Me parece razoável…

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Cleber 29 de julho de 2018

A técnologia está ai, pode demorar um pouco para chegar até nós, por uma série de fatores e por “interesses” de alguns, mas inevitavelmente chegará

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Thiago 28 de julho de 2018

Sou a favor da tecnologia, porém muitas dão problemas.
Já tive veículos com grande tecnologia envolvida, e foi só dor de cabeça, regredi e peguei algo menos tecnológico.
Baterias são sim um problema, e usar etanol tbm, pq o etanol também é poluente, sem contar que utiliza reserva de fósforo, como todas a plantas, e o fósforo não fica disponível no solo com velocidade como é consumido, uma hora vai acabar, e aí?
Tecnicamente não é “renovável”.
Como disse, sou a favor da tecnologia, desde que ela seja muito bem desenvolvida ao ponto de não passar algo que futuramente venha a dar dores de cabeça no consumidor.

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paulo e.f. diehl 28 de julho de 2018

veritas tempori est, essa realidade energética o reinvento da ”roda” , que estava em latência há quase um século, devido ao armazenamento ” baterias”, porém esse problema já está superado com as novas tecnologias, quanto ao ronco dos motores , hoje em dia prefiro o silêncio. abrçs paulo

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Marcílio 28 de julho de 2018

De acordo, embora eu curta o ronco do motor, sou entusiasta da tecnologia.
Se é pra ajudar e facilitar a vida, não consigo ver o lado ruim.

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