Bill Gates mudou lei nos EUA para liberar Porsche retido na alfândega por 13 anos

Após ter veículo raro retido na alfândega, Bill Gates pagou taxas diárias por 13 anos para não perdê-lo e lutou por mudança em lei de importação

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Porsche 959 de Bill Gates ficou retido por falta de homologação; montadora não forneceu unidades para crash tests (Foto: HotCars | Reprodução)
Por Eduardo Passos
Publicado em 27/10/2025 às 11h12

Multibilionário e cofundador da Microsoft, Bill Gates certamente tem dinheiro para adquirir o carro que desejar. O magnata, entretanto, travou uma batalha burocrática de 13 anos com o governo dos Estados Unidos para conseguir importar e dirigir legalmente o Porsche 959 de sua coleção.

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O supercarro, adquirido no final da década de 1980, ficou retido na alfândega por não atender às rigorosas normas federais de segurança e emissões norte-americanas. A saga do chefão tecnológico não apenas testou sua paciência, mas culminou na criação de uma nova legislação federal para colecionadores de automóveis.

Embaraço aduaneiro

O Porsche 959 de Gates era um dos veículos de produção mais avançados do mundo à época, dotado de tração integral e motor 2.8 biturbo de 450 cv. No entanto, a fabricante alemã produziu apenas 337 unidades e se recusou a fornecer as quatro unidades exigidas pela NHTSA (agência de segurança viária dos EUA) para a realização de testes de colisão homologatórios.

Sem essa homologação e por não cumprir os padrões de emissões da EPA (agência de proteção ambiental), o carro foi considerado ilegal para circular em vias públicas americanas. Logo, ao ser importado por Gates, o 959 foi imediatamente apreendido e enviado a um depósito alfandegário no porto de Seattle. O veículo de seu sócio na Microsoft, Paul Allen, teve o mesmo destino.

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Porsche 959 (Foto: HotCars | Reprodução)

Por 13 anos, os carros permaneceram nesse limbo legal. Para evitar que fossem mandados de volta ou até mesmo destruídos, como mandava a lei, Gates pagou taxas diárias de armazenamento que ultrapassaram os US$ 130 mil ao longo do período. O montante correspondeu à mais da metade que custava o Porsche à época da compra (US$ 225 mil).

Inconformado, Gates, Allen e outros colecionadores proeminentes, como Bruce Canepa e Jerry Seinfeld, iniciaram um forte esforço de lobby em Washington. Eles argumentaram que veículos de notória importância histórica ou tecnológica deveriam receber uma isenção das regras padrão.

A pressão surtiu efeito. Em 1999, o então presidente Bill Clinton sancionou a lei “Show or Display” (Exibição ou Demonstração). A nova legislação permitia a importação de veículos significativos que não cumprem as normas federais, sob a condição de que rodem uma quilometragem limitada, fixada em 2.500 milhas (cerca de 4.000 km) por ano.

Com a regra em vigor, Gates finalmente pôde liberar seu Porsche 959 da alfândega, em 2001.Hoje, o 959 é um ícone dos supercarros dos anos 80 e um cobiçado objeto de colecionadores: em leilões, é comum que certas unidades saíam por mais de US$ 1,5 milhão.

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