Segundo executivo o carro elétrico só faz sentido quando os métodos de produção da eletricidade são limpos e sustentáveis
Em uma entrevista recente, Akio Toyoda, presidente da Toyota, voltou a manifestar suas ressalvas quanto ao foco exclusivo da indústria automotiva nos veículos 100% elétricos. Para ele, essa transição não é, no momento, a solução mais eficaz para a redução de emissões globais.
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Segundo Toyoda, essa visão crítica se baseia em um fator essencial: a origem da energia elétrica. Em países como o Japão, por exemplo, cerca de 69% da eletricidade ainda vem de fontes térmicas, ou seja, altamente poluentes. Nesse contexto, os carros elétricos podem acabar gerando mais emissões indiretas do que se imagina.
Para ilustrar seu ponto, o presidente comparou os resultados já alcançados com a estratégia atual da Toyota. De acordo com ele, os 27 milhões de híbridos vendidos pela marca até hoje representam um impacto ambiental equivalente ao de 9 milhões de veículos totalmente elétricos. Ou seja, a empresa teria evitado emissões em larga escala mesmo sem depender exclusivamente dos BEVs (Battery Electric Vehicles).
Essa abordagem tem implicações diretas no futuro da Toyota. Em vez de seguir o caminho da eletrificação total, a montadora aposta em diversificar tecnologias: híbridos, híbridos plug-in, veículos a hidrogênio e até combustíveis sintéticos fazem parte da estratégia.
Toyoda também alerta para os desafios estruturais da eletrificação. A produção massiva de elétricos exigiria, por exemplo, a construção de até 20 novas usinas térmicas apenas para atender ao pico de demanda energética, o que contraria o objetivo inicial de reduzir emissões.
Apesar disso, a Toyota não ignora os carros elétricos. A meta é chegar a 3,5 milhões de unidades por ano até 2030, embora em 2023 apenas cerca de 100 mil tenham sido produzidas. Por enquanto, os híbridos continuam sendo o carro-chefe: representaram mais da metade das vendas globais da empresa em 2024, enquanto os elétricos puros ainda ocupam uma pequena porção.
Por outro lado, Toyoda ainda acredita que os carros elétricos terão seu espaço. Para ele, cerca de um terço do mercado global será ocupado por esses modelos no futuro. Ele reforça que uma única tecnologia não resolverá o problema climático, e será preciso adaptar-se às condições energéticas e socioeconômicas de cada região.
Ao final, sua mensagem é clara: é necessário realismo tecnológico, não apenas idealismo. E, nesse cenário, a Toyota pretende liderar não com promessas futuristas, mas com soluções práticas e sustentáveis para o presente.
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Exatamente isso!
Não se trata de ser contra os elétricos à bateria. Mas sim de entender que a sua viabilidade está diretamente ligada à origem da eletricidade disponível, bem como à disponibilidade global de eletricidade limpa. E isso vale até mesmo para o Brasil, que é o maior produtor mundial de eletricidade limpa.
A maior prova de que a Toyota estava certa desde o começo, é as outras grandes montadoras mundiais estarem agora adotamdo o mesmo caminho dela – inclusive para garantirem as próprias sobrevivências.