Governo alemão critica Mercedes: marca pode incentivar ‘invasão’ asiática

Para ministro da Alemanha, estratégia da montadora está preocupado com os empregos locais, pois carros asiáticos podem ocupar nicho mais 'popular'

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Marca alemã irá investir cada vez mais no segmento de superluxo, como os modelos da Maybach (Foto: Mercedes-Benz | Divulgação)
Por AutoPapo
Publicado em 25/10/2023 às 09h03

O CEO do Grupo Daimler, Ola Källenius, já tornou pública uma nova estratégia voltada para o luxo da marca alemã. Os impressionantes números de vendas da divisão esportiva AMG e da Maybach indicaram os rumos que os alemães devem seguir nos próximos anos.

“Somos uma marca de luxo”, declarou Ola Källenius, o CEO do grupo Daimler, diante dos acionistas em maio passado, enquanto apresentava os resultados financeiros do exercício e delineava a estratégia para os anos vindouros. Essa estratégia enfatiza cada vez mais a importância dos veículos elétricos e, sobretudo, do luxo. A decisão foi tomada após uma análise minuciosa dos números de vendas das três divisões da marca: automóveis de passageiros, bem como as já independentes AMG e Maybach.

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Tanto a divisão esportiva quanto a linha de veículos de ultraluxo tiveram um aumento notável no ano passado e nos primeiros meses de 2023. Isso levou à conclusão de que na Europa está surgindo uma classe mais abastada disposta a pagar o que a marca líder considera justo por seus modelos repletos de tecnologia.

Os estrategistas da Mercedes também confirmaram que o Classe G será separado da linha atual e se tornará uma submarca adicional, enquanto a oferta principal continuará a contar com quatro modelos compactos, além dos Classe C e Classe E, com um fortalecimento da gama de SUVs.

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Classe G será uma subdivisão (Foto: Mercedes-Benz | Divulgação)

Entretanto, essa estratégia enfrenta mais opositores do que o previsto, incluindo os próprios clientes, que veem a Mercedes como um sonho inalcançável, bem como o governo alemão, que já se manifestou contra ela.

Winfried Hermann, ministro dos Transportes de Baden-Württemberg, considera que a estratégia da Mercedes de crescer com veículos de luxo extremamente caros é equivocada, alertando que “essa estratégia é um erro e pode criar problemas de aceitação se os automóveis forem exclusivamente destinados aos ricos e super-ricos.”

Além disso, Hermann argumenta que, embora os carros de luxo sejam uma fonte de lucro, abandonar o mercado de massa – na Europa há versões mais ‘convencionais’ da marca alemã – é uma escolha questionável.

Carros asiáticos: mais baratos com o mesmo padrão

“Carros de luxo geralmente são acessíveis apenas para empresas ou pessoas de alta renda. Eu esperava que a Mercedes compreendesse a necessidade de diversificação para preservar empregos”, disse. O ministro alemão vê nessa estratégia um convite para que os veículos asiáticos ganhem ainda mais mercado na Europa, observando que “a maioria dos carros da Coreia, China e Japão é mais acessível do que os modelos das montadoras alemãs, mas oferece um padrão comparável.”

A Mercedes enfrenta, assim, um risco considerável com essa decisão, especialmente quando se trata de buscar assistência governamental para desenvolver tecnologias de veículos elétricos, pois o governo pode negá-la, argumentando que a empresa não necessita de tais subsídios, considerando seus elevados lucros.

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1 Comentário
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Carlos 25 de outubro de 2023

É uma estratégia semelhante ao que está sendo implementada por diversas montadoras no Brasil. Claro que não são modelos de luxo como um Maybach, mas aumentando o ticket médio de vendas, vc lucra mais com menos vendas. Exceto se houver uma mudança na tendência do aumento de preços, em breve não teremos mais carros sendo vendidos a menos de R$ 100 mil.
Carro popular sempre foi bom só para manter as linhas de produção se movimentando, mas as margens nunca foram boas. Em conjunto com restrições na cadeia de suprimentos, legislações cada vez mais exigentes em termos de emissões de poluentes e sistemas de segurança, desvalorização cambial elevada do Real, juntamente com consumidores que não aceitam mais carro “pé de boi”, comercializar um automóvel “barato e acessível” fica cada vez mais difícil.

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