De maçanetas retráteis a volantes digitais, montadoras de luxo voltam atrás em inovações polêmicas e apostam em recursos mais práticos
Nem sempre a novidade é sinônimo de avanço. As montadoras de luxo, por exemplo, já começam a admitir que algumas de suas apostas mais tecnológicas foram além do necessário e, em alguns casos, acabam desagradando os consumidores.
São recursos como painéis recheados de telas, volantes em formato incomum, controles de voz avançados e mais.
O designer Franz von Holzhausen, da Tesla, anunciou que a empresa vai reconfigurar as maçanetas eletrônicas retráteis, alvo de críticas por representarem risco à segurança. Outras marcas como Audi, Porsche e Mercedes-Benz têm repensado recursos antes exaltados como revolucionários, desde grades e motores até sistemas digitais de comando.
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Recentemente, O CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, defendeu a volta do controle de volume através de botões no volante do GLC, substituindo o comando tátil rejeitado pelos clientes. “Às vezes, é preciso dar um passo para trás para dar dois passos à frente”, afirmou à Bloomberg.
Subsidiária da Ford, a Lincoln é uma que abandonou seu sistema de estacionamento automatizado, que praticamente não era utilizado. Já a Mercedes-AMG reconheceu a reação negativa dos fãs ao trocar o motor V8 do C63 por uma versão de quatro cilindros mais eficiente, levando seu CEO, Michael Schiebe, a classificar o momento como de “autorreflexão e humildade”.
O mesmo ocorreu com a Ram, que abrira mão do motor V8 em sua linha de picapes grandes nos EUA — antes de ver as vendas despencarem e ter que voltar atrás. O movimento foi tão gravoso à popularidade da marca que até o CEO, Tim Kuniskis, admitiu: “fizemos besteira”.
Segundo especialistas, muitas dessas inovações nasceram mais do desejo de cortar custos do que de atender o consumidor. A centralização de funções em telas digitais, como no Tesla Model S, por exemplo, é mais barata do que projetar painéis com botões e interruptores.
Ao mesmo tempo, a corrida por diferenciação tecnológica tornou-se um desafio: hoje, recursos como Apple CarPlay estão disponíveis em modelos populares e em superluxo, o que dilui o valor de exclusividade.
“O risco é carregar o carro com coisas que ninguém realmente quer ou usa”, resume Alastair Weaver, editor-chefe da Edmunds. Para Sean Tucker, da Kelley Blue Book, os recuos não devem ser vistos como fracasso, mas como sinal de um setor disposto a ouvir seus clientes.
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