Nissan Versa sai de linha e EUA ficam sem carros novos abaixo de US$ 20 mil

Por Tom Schuenk
sob supervisão de Eduardo Passos
Publicado em 26/12/2025 às 20h00

A indústria automotiva dos Estados Unidos atingiu um marco simbólico — e oneroso — para o consumidor. Com o encerramento da produção do Nissan Versa para o mercado norte-americano, sai de linha o último automóvel zero-quilômetro vendido no país por menos de US$ 20 mil (cerca de R$ 116 mil na conversão direta). A decisão consolida uma mudança estrutural no setor, transformando a mobilidade acessível em um item de escassez.

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Inflação do segmento de entrada

2025nissanversasedan4 — *Foto: Nissan | Divulgação*

O desaparecimento do Versa, que custava a partir de US$ 17.190, cria um vácuo imediato na tabela de preços. O posto de veículo “mais barato” da América passa a ser ocupado pelo Hyundai Venue, um SUV compacto cujo valor inicial salta para US$ 21.495 (aproximadamente R$ 125 mil). Se a preferência for por um sedã, a opção mais em conta agora é o Kia K4, que parte de US$ 23.145.

Na prática, o consumidor de menor renda é empurrado para o mercado de usados ou forçado a financiamentos mais longos. A estratégia da Nissan segue a lógica de priorizar margens de lucro sobre volume. Nos EUA, a marca foca agora no sedã médio Sentra e no SUV Kicks — este último, embora seja a nova porta de entrada da marca, terá preços significativamente superiores aos do extinto Versa.

Tarifas e o futuro do modelo

2025nissanversasedan8 — *Foto: Nissan | Divulgação*

Embora o Versa continue vivo em mercados emergentes, com uma nova geração prevista para a América Latina (incluindo o Brasil), sua importação para os EUA tornou-se inviável. Além da baixa rentabilidade de carros compactos, o cenário político pesa na decisão.

A ameaça de tarifas de 25% sobre produtos importados do México e Canadá, proposta pelo governo Trump, torna arriscada a manutenção de modelos de entrada com margens tão estreitas. O resultado é um mercado americano cada vez mais elitizado, onde o carro novo abaixo de 20 mil dólares deixa de ser uma realidade comercial para se tornar uma peça de museu.