Poeira da pastilha de freio é pior para a saúde do que gases da queima de combustível
Resíduos gerados pelo desgaste dessas peças prejudicam muito mais a saúde dos pulmões que um motor a diesel de 12,6 litros
Resíduos gerados pelo desgaste dessas peças prejudicam muito mais a saúde dos pulmões que um motor a diesel de 12,6 litros
Enquanto a maioria das pessoas e governos estão dedicando esforços para reduzir a emissão de poluentes na atmosfera, pouco se fala da ‘poeira’ gerada pelo desgaste da pastilha de freio dos veículos. A preocupação com os impactos dos gases gerados pela combustão é muito válida, no entanto um estudo recente mostrou que existe outro grande vilão, principalmente para a saúde.
Um relatório britânico sobre toxicologia de partículas e fibras revelou que o desgaste de pastilhas de freio automotivo enriquecidas com cobre perturbam a homeostase celular alveolar humana. Em outras palavras, essa ‘poeira’ é mais prejudicial à saúde do que os gases emitidos na queima de combustíveis fósseis.
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Aquelas partículas pretas que se acumulam nos pneus conforme as pastilhas de freio se desgastam também vão para a atmosfera e, consequentemente, para nossos pulmões. A análise realizada por especialistas de diversas faculdades da Universidade de Southampton se concentra em partículas resultantes do desgaste de pastilhas enriquecidas com cobre, que é cancerígeno.
Enquanto a Europa se prepara para proibir a venda de carros a gasolina e diesel até 2035, pouco se discute soluções para tais partículas que promovam doenças pulmonares graves, como fibrose, câncer ou adenocarcinoma.
A principal conclusão do estudo é que elas podem alterar a homeostase celular alveolar em maior extensão do que as partículas de escapamento de motores a diesel. Essa ‘poeira’ pode ser incluída entre as partículas finas suspensas. Segundo dados do Instituto Nacional de Ciências Aplicadas de Lyon, são produzidas 20 mil toneladas de poeira em suspensão por ano, com 9 mil toneladas permanecendo na atmosfera.
Essas partículas são geradas pelo atrito entre a pastilha e o disco, peças compostas de metais como ferro, cobre e zinco, além de vários abrasivos, lubrificantes e fibras de reforço. Mesmo com essa variedade de materiais, o estudo se concentra apenas nas consequências do cobre e mostra dados relevantes.
O cobre é um metal de transição que substitui o amianto em pastilhas de freio orgânicas, as mais utilizadas nos Estados Unidos, por exemplo. O amianto é um grupo de minerais fibrosos cujo uso foi proibido em muitos países devido à alta probabilidade de causar câncer de pulmão. O problema é que o cobre também é notoriamente prejudicial à saúde respiratória.
Esta foi a conclusão retirada de testes em laboratório, nos quais foi comparada a geração de partículas por diversos tipos de pastilhas. Dentre eles estavam: as enriquecidas com cobre e as com baixo teor de metais ou semimetais. Além disso, a quantidade de partículas produzidas por um motor diesel de seis cilindros e 12,6 litros abastecido com o diesel comercial EN590 também entrou na comparação.
O estudo concluiu:
“Identificamos que partículas de desgaste de freio de pastilhas de freio orgânicas e cerâmicas sem amianto enriquecidas com cobre induzem maior estresse oxidativo, inflamação e ativação pseudo-hipóxica de HIF (uma via implicada em doenças associadas à exposição à poluição do ar, incluindo câncer e fibrose pulmonar ), bem como perturbação do metabolismo e da homeostase do metal em comparação com partículas de desgaste de freio de pastilhas com baixo teor de metal ou semimetal e, principalmente, partículas de escapamento de diesel.”
Outra ponderação interessante é que o volume de emissões de partículas dos freios dos carros deverá aumentar nos próximos anos devido à proliferação de carros elétricos e plug-in. Enquanto os veículos com emissão zero usam sistemas como frenagem regenerativa ou retenção do motor, os elétricos desgastam as pastilhas de freio e os pneus mais rapidamente porque são mais pesados.
O estudo, por fim, destaca que as regulamentações devem se concentrar em reduzir a poluição causada pelos freios, reduzindo o uso de metais como o cobre em sua composição.
Apesar de pouco se falar sobre esses resíduos, existe a norma Euro 7, que é a primeira a se concentrar na redução de partículas provenientes do desgaste de pastilha de freio e pneus. A Europa busca limitar as emissões de PM2,5 e nanopartículas de todos os tipos de motores de combustão, bem como freios em veículos convencionais e elétricos. Esse novo padrão estava previsto para entrar em vigor em 2026 , mas foi adiado para 2030 devido à pressão dos fabricantes.
A análise da Universidade de Southampton não é a primeira a apontar a poluição gerada pelos freios de carros e outros veículos. Em 2019, um estudo do British Air Quality Expert Group descobriu que 60% de todas as partículas finas emitidas pelo transporte rodoviário não vêm dos motores, mas sim dos freios e dos pneus ou da própria estrada.
Na Europa outros relatórios já apontaram que os freios emitem entre 16 e 55% das partículas PM10 do tráfego rodoviário. Ainda foi apontado que o atrito entre pastilhas e discos de freio é agora responsável por um quinto da poluição causada pelos carros.
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Na boa esse mimimi já deu, cada hora é uma coisa diferente.
O ser humano será instinto por outros meios e o planeta continuará lindo e azul.
Quem lembra do ovo? Uma dia fazia bem, no outro causava câncer, depois voltou a fazer bem…. JÁ DEU!!!!
E agora todos sabem que nenhum combustível é poluente o suficiente para causar todas as doenças que milhares de pessoas reclamam passar, dizendo-se que foi por conta das partículas da queima do combustível em geral e que no caso é na verdade as partilhas de freio sotam partículas cancerígenas ou cancerígenos.