Mesmo com veículos menos poluentes ou elétricos, emissão de poluentes aumentou no Brasil; culpa é do crescimento da frota e do desgaste mecânico
O avanço tecnológico dos motores não foi suficiente para conter a poluição no Brasil. É o que aponta a nova edição do Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, divulgado nesta terça-feira (2). O documento, atualizado após um hiato de dez anos, revela que as emissões de dióxido de carbono equivalente (CO₂) cresceram cerca de 8% desde 2012, impulsionadas pelo salto no tamanho da frota, que hoje ultrapassa 71 milhões de veículos.
O estudo, conduzido pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) sob coordenação dos ministérios dos Transportes e do Meio Ambiente, expõe um cenário de “efeito rebote”: os carros poluem menos individualmente, mas o volume de tráfego aumentou a carga total na atmosfera.
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Um dos dados mais alarmantes do inventário é a mudança no perfil da poluição. Embora o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) tenha reduzido drasticamente os gases de escape (combustão), as emissões de material particulado provenientes do desgaste de pneus, freios e do atrito com o pavimento ganharam relevância. Hoje, elas já representam quase metade desse tipo de poluente, indicando que a eletrificação da frota, por si só, não resolverá todo o passivo ambiental.
Em 2024, o CO₂ respondeu por 97% do total de emissões de gases de efeito estufa do setor. Na divisão por categorias, os automóveis de passeio são responsáveis por 34% desse volume, seguidos pelos caminhões semipesados, com 22%. O documento também passou a monitorar o carbono negro (black carbon), poluente de curta duração mas com alto impacto no aquecimento global e na saúde humana.
Para o governo, os dados servem de alerta para recalibrar políticas públicas. Segundo Cloves Benevides, do Ministério dos Transportes, e Alberto Maluf, do Meio Ambiente, o foco agora deve transcender a eficiência do motor e priorizar a logística, o uso de biocombustíveis avançados e a eletrificação racional. A meta é utilizar essas evidências técnicas para frear a curva de emissões antes que o crescimento da frota torne o ar nas grandes cidades insustentável.
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Vou dar um exemplo: no centro da cidade onde eu moro, existe uma estação de trem e uma rodoviária ao lado. Antigamente, os usuário dos trens desciam e acessavam a rodoviária para pegar um ônibus. Hoje, o pessoal desce e uma boa parcela pede um “Uber” e uma longa fila de carros se forma na saída da estação. O fluxo de veículos aumentou demais e fica bem evidente que boa parte são de transporte por aplicativo.
Precisa melhorar o transporte público nos grandes centros, investindo em trens de superfície e subterrâneos. Frota envelhecendo e o custo de aquisição de um carro novo está cada vez mais elevado e a renda continua baixa. Tem também a uberização da economia que de certa forma também acaba contribuindo para o aumento da poluição. Muita gente que não tem carro e não pode pagar táxis, hoje tem acesso ao transporte individual via app, pois ficou barato. E ainda tem as motocicletas, que crescem em número exponencial.