A vida em trailers (RVs) virou a única opção de moradia para milhares de americanos que são afetados pela baixa remuneração
Nos Estados Unidos, a vida em motorhomes (RVs) se tornou um grande fenômeno nas redes sociais. Vídeos nas plataformas do Instagram e TikTok vendem a imagem de um estilo de vida glamoroso, livre e cheio de viagens “instagramáveis”.
Essa versão, que chega a ser idealizada, mostra um estilo de vida nômade e independente. Entretanto, ela esconde a dura realidade econômica daqueles que vivem em motorhomes por necessidade, e não por escolha.
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Inúmeros americanos estão recorrendo aos motorhomes como uma solução habitacional por não conseguirem pagar aluguéis convencionais, que estão cada vez mais caros. Dados da RV Industry Association revelam que cerca de 486.000 pessoas vivem integralmente em trailers. Diferente do estereótipo vendido nas redes sociais, muitos desses moradores não são nômades digitais jovens, mas sim idosos, famílias com filhos pequenos ou pessoas em empregos de baixa remuneração, sem condições de manter uma casa tradicional.
Embora pareça mais barato do que alugar um imóvel, viver em veículos assim pode gerar gastos e virar uma verdadeira “armadilha da pobreza”. Acampamentos federais são gratuitos, mas permitem uma estadia máxima de 14 dias. Já em acampamentos privados, o valor pode chegar a US$ 45 por noite, o equivalente a R$ 243,00. Esse valor, a longo prazo, pode ultrapassar o custo de aluguel em algumas regiões do país.
Além disso, os motorhomes e vans sofrem desgastes constantes. Muitos dos modelos usados se deterioram antes mesmo de os donos terminarem de pagar os empréstimos feitos para comprá-los.
A situação de Kat Tucker (64 anos) é um dos casos que ajudam a ilustrar essa situação. Com uma renda anual de US$ 58.000 (cerca de R$ 314 mil), ela tentou voltar ao aluguel convencional, mas descobriu que os preços haviam disparado. Para sobreviver, fez um empréstimo de US$ 22.500 (cerca de R$ 122 mil) para comprar um motorhomes usado, com parcelas de US$ 350 (cerca de R$ 1.900,50) por mês. Para a idosa, esse se tornou um estilo de vida que gera exclusão habitacional.
O que se popularizou nas redes sociais como um estilo de vida alternativo virou a última saída para milhares de americanos. O fenômeno vem crescendo muito nos EUA e expõe as falhas estruturais no custo de moradias do país, que é conhecido como “país da liberdade”.
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