Taxa de mortes cresce em 12,5% e vai em contramão das curvas de óbitos envolvendo tripulantes de outros veículos
Neste domingo, dia 27 de julho, é celebrado o Dia do Motociclista no Brasil. Essa data é dedicada com muito carinho a todos que fazem parte dessa família de duas rodas – seja como meio de transporte, lazer ou ferramenta de trabalho. A data marca também o dia da morte do mecânico e piloto Marcus Bernardi, e serve para nunca esquecermos os riscos do trânsito.
Diante destas memórias, estatísticas atuais do mais recente Atlas da Violência 2025 apontam que acidentes com motocicletas têm crescido no Brasil, e com eles, o número de vidas perdidas.
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Segundo o levantamento divulgado pela Agência Brasil com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a taxa de mortes causadas por acidentes com motos chegou a 6,3 óbitos por 100 mil habitantes em 2023, um aumento de 12,5% em relação a 2022, quando a taxa era de 5,6. É o maior índice desde 2020 e rompe com uma tendência de estabilidade que vinha sendo observada.
O estudo, coordenado por Daniel Cerqueira (Ipea) e Samira Bueno (FBSP), mostra que, em 2023, cerca de 13,5 mil pessoas morreram em acidentes com motocicletas, representando 38,6% de todas as mortes no trânsito. Em 2014, pico da série histórica, esse número era menor: 12,6 mil.
Os dados, divulgados dias antes da celebração nacional do Dia do Motociclista, revelam um retrato preocupante da segurança dos motociclistas no Brasil. Embora o total de mortes no trânsito tenha recuado 23,6% entre 2013 e 2023 (de 21,2 para 16,2 por 100 mil habitantes), o número de óbitos com motos aumentou 5% no mesmo período (de 6 para 6,3), evidenciando que o problema se concentra cada vez mais nas duas rodas.
Os estados com maiores taxas de mortes em acidentes com motocicletas são, em sua maioria, das regiões Norte e Nordeste. O Piauí lidera, com 21 mortes por 100 mil habitantes, seguido por Tocantins (16,9) e Mato Grosso (14,7). Já os menores índices estão em Amapá (2,3), Rio de Janeiro (2,4) e Distrito Federal (2,4).
A desigualdade regional também aparece na proporção de mortes envolvendo motos em relação ao total de acidentes fatais no trânsito. No Piauí, por exemplo, 69,4% das mortes no trânsito envolvem motocicletas. No Maranhão, são 52,2%. Em contraste, no Rio de Janeiro, essa proporção é de 21,4%.
De acordo com o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Carvalho, o aumento das mortes está diretamente ligado ao crescimento da frota de motos, especialmente nas regiões mais pobres.
A frota de moto vem aumentando muito, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, nos estados mais pobres, já que é um veículo mais acessível, de custo operacional baixo”, explicou à Agência Brasil.
Além de homenagens no Dia do Motociclista, os pilotos devem sempre refletir sobre segurança e responsabilidade no trânsito. O uso crescente das motos como meio de transporte e trabalho — sobretudo por entregadores e em regiões com transporte público precário — exige não só mais políticas públicas de prevenção, mas também conscientização dos próprios condutores.
Carvalho alerta que o uso da moto no transporte de passageiros, como vem sendo debatido em cidades como São Paulo, deve ser cuidadosamente avaliado.
Não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando há algum tipo de sinistro ou queda, a probabilidade de ocorrer algo grave ou óbito é muito grande”, afirmou.
Em 2000, apenas 15% das mortes no trânsito no Brasil envolviam motociclistas. Em 2010, esse número saltou para quase 35%. Em 2023, mais de um terço de todas as vítimas fatais eram motociclistas .
Neste Dia do Motociclista, é fundamental que a celebração venha acompanhada de ações de conscientização e incentivo à condução segura. Uso de capacete adequado, respeito à sinalização, manutenção preventiva e prudência são medidas simples que salvam vidas. Se beber não pilote!
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