Gestantes no transporte por aplicativo: os riscos que mulher e bebê correm sobre a moto

Estudo, Abramet e especialista apontam que ao menos durante a gestação circular de motocicleta é contraindicado

gravida e moto
Em pesquisa, 5,5% das gestantes que acidentaram com moto perderam o bebê (Foto: Shutterstock )
Por Lucas Silvério
Publicado em 10/11/2025 às 21h00

O número de motoristas e motociclistas que trabalham por aplicativo cresceu em 170% nos últimos 10 anos, afirmou o Banco Central em 2025. Relacionada a essa estatística, a Uber afirma que mais de 20 milhões de brasileiros já se locomoveram utilizando o modal de moto pelo menos uma vez desde que o programa da plataforma foi iniciado, em 2020. Juntas, as estatísticas apontam que: atualmente quase 10% da população já circula utilizando motocicleta e, boa parte, são usuários recentes que cresce cada vez mais.

AutoPapo
NÃO FIQUE DE FORA do que acontece de mais importante no mundo sobre rodas!
Seguir AutoPapo no Google

A falta de expertise e/ou condições motoras se tornam cada vez mais preocupantes, como apontou o técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erivelton Guedes, quando avaliou que “A disseminação dos serviços de transporte de passageiros por motociclistas de aplicativos é uma tragédia anunciada em um trânsito já marcado pela alta mortalidade em colisões e quedas de motocicletas”.

Dentre quem mais pode sofrer com as consequências dos acidentes decorrentes do modal estão as gestantes, que além de carregarem outra vida e expô-las, apresentam condições ainda mais sensíveis e arriscadas se andarem de moto.

VEJA TAMBÉM:

Gestantes não devem andar de moto

Segundo a Diretriz Médica de segurança no Trânsito Durante a Gravides e Puerpério, publicado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet): “as gestantes devem ser incentivadas a utilizar um meio de transporte mais estável” do que a motocicleta.

A ausência de equipamentos de proteção, uma vez que é um veículo que deixa o tripulante exposto, não apenas tornam os sinistros de trânsito mais frequentes, como também resultam em lesões mais graves para mãe e filho.

Estatísticas firmam a indicação

O estudo: O impacto dos acidentes de motocicleta na população obstétrica em Calabar, referência às conclusões da Abramet, quantificou ainda que, dentre pacientes de emergência obstétrica do Hospital Escola da Universidade de Calabar (UCTH) acompanhados durante dois anos, 7,1% decorreram de acidentes de motocicletas.

Destas, 7,6% tiveram partos prematuros, o mesmo percentual sofreu com rotura prematura de membrana e 3,8% teve descolamento prematuro da placenta.

O número mais impactante aponta que 33% dos bebês que nasceram após traumas envolvendo motocicletas tiveram complicações. Do total, 5,5% faleceram.

Especialista explica os principais pontos

A médica do tráfego, ginecologista e obstetra e membro da comissão científica da Abramet e da Câmara Técnica de Medicina do Tráfego do Paraná, Dra. Lilian Kondo, apontou que a posição da Abramet na contraindicação de gestantes andarem de moto tem relação direta com a capacidade de proteção do veículo.

Quando estamos dentro de um carro, a gente tem uma proteção. A barreira física de proteção [cabine], o airbag. Na moto a única proteção que a gestante tem é o capacete. Não convém a gestante colocar a vida do bebê em risco. Pequenos traumas da gravides podem gerar consequências muito graves”

Uma batida, colisão na barriga, acidente de trânsito, todos estes podem gerar sequelas irreversíveis. A Dra. afirma que no atual cenário brasileiro, 6% a 8% das gravidezes sofrem algum tipo de trauma durante a gestação.

  • O segundo trimestre da gravidez é mais arriscado para a gestante.”

O estudo de Calabar afirma também que, das vítimas que estavam no terceiro trimestre da gestação durante a pesquisa, 23,0% estavam em trabalho de parto no momento do acidente.

O centro de gravidade de uma gestante muda

No segundo trimestre em diante também haverá alteração no centro de gravidade, porque a barriga vai crescer.”

A Dra. Kondo aponta que essa mudança física pode ser muito perigosa, pois com a alteração do centro de gravidade, o ponto de equilíbrio também muda. Essa novidade pode ser de difícil adaptação e comprometer a estabilidade da mãe em cima da moto.

Conduzir grávida pode ser até infração de trânsito

Para as gestantes que conduzem, seja motos, carros ou outros veículos, o artigo 252 do Código de Trânsito Brasiliro (CTB) pode ser um impedimento, além de um alerta à segurança.

Segundo o inciso III do artigo, dirigir o veículo “com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito” é passível de infração média com penalidade de 5 pontos na carteira e multa de R$ 130,16.

No começo da gravidez a mãe pode ter muitos vômitos, que é a  Hiperêmese Gravídica. Então ela terá uma incapacidade temporária.”

A especialista ainda esclarece em outro exemplo que uma diabética em situação semelhante pode ter ainda mais riscos de uma hipoglicemia. A diabetes somada à Hiperêmese Gravídica pode aumentar ainda mais o risco ao aumento da glicemia, gerando desmaios e até um acidente de trânsito.

E no caso de um acidente envolvendo uma gestante?

Na situação de uma gestante acidentada os procedimentos são os mesmos para qualquer cidadão e ela deve ir imediatamente a um Hospital. A diferença é que para uma gestante, impactos mínimos podem ser ainda bem mais graves.

Cuide da vida

A Dra. Lilian Kondo finaliza deixando um recado para todas as futuras mães, para que tudo continue bem com ela e o bebê.

Sempre tenha cuidado com a vida.”

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:

Podcast - Ouviu na Rádio Podcast - Ouviu na Rádio AutoPapo Podcast AutoPapo Podcast
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Deixe um comentário