Estudo, Abramet e especialista apontam que ao menos durante a gestação circular de motocicleta é contraindicado
O número de motoristas e motociclistas que trabalham por aplicativo cresceu em 170% nos últimos 10 anos, afirmou o Banco Central em 2025. Relacionada a essa estatística, a Uber afirma que mais de 20 milhões de brasileiros já se locomoveram utilizando o modal de moto pelo menos uma vez desde que o programa da plataforma foi iniciado, em 2020. Juntas, as estatísticas apontam que: atualmente quase 10% da população já circula utilizando motocicleta e, boa parte, são usuários recentes que cresce cada vez mais.
A falta de expertise e/ou condições motoras se tornam cada vez mais preocupantes, como apontou o técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erivelton Guedes, quando avaliou que “A disseminação dos serviços de transporte de passageiros por motociclistas de aplicativos é uma tragédia anunciada em um trânsito já marcado pela alta mortalidade em colisões e quedas de motocicletas”.
Dentre quem mais pode sofrer com as consequências dos acidentes decorrentes do modal estão as gestantes, que além de carregarem outra vida e expô-las, apresentam condições ainda mais sensíveis e arriscadas se andarem de moto.
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Segundo a Diretriz Médica de segurança no Trânsito Durante a Gravides e Puerpério, publicado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet): “as gestantes devem ser incentivadas a utilizar um meio de transporte mais estável” do que a motocicleta.
A ausência de equipamentos de proteção, uma vez que é um veículo que deixa o tripulante exposto, não apenas tornam os sinistros de trânsito mais frequentes, como também resultam em lesões mais graves para mãe e filho.
O estudo: O impacto dos acidentes de motocicleta na população obstétrica em Calabar, referência às conclusões da Abramet, quantificou ainda que, dentre pacientes de emergência obstétrica do Hospital Escola da Universidade de Calabar (UCTH) acompanhados durante dois anos, 7,1% decorreram de acidentes de motocicletas.
Destas, 7,6% tiveram partos prematuros, o mesmo percentual sofreu com rotura prematura de membrana e 3,8% teve descolamento prematuro da placenta.
O número mais impactante aponta que 33% dos bebês que nasceram após traumas envolvendo motocicletas tiveram complicações. Do total, 5,5% faleceram.
A médica do tráfego, ginecologista e obstetra e membro da comissão científica da Abramet e da Câmara Técnica de Medicina do Tráfego do Paraná, Dra. Lilian Kondo, apontou que a posição da Abramet na contraindicação de gestantes andarem de moto tem relação direta com a capacidade de proteção do veículo.
Quando estamos dentro de um carro, a gente tem uma proteção. A barreira física de proteção [cabine], o airbag. Na moto a única proteção que a gestante tem é o capacete. Não convém a gestante colocar a vida do bebê em risco. Pequenos traumas da gravides podem gerar consequências muito graves”
Uma batida, colisão na barriga, acidente de trânsito, todos estes podem gerar sequelas irreversíveis. A Dra. afirma que no atual cenário brasileiro, 6% a 8% das gravidezes sofrem algum tipo de trauma durante a gestação.
- O segundo trimestre da gravidez é mais arriscado para a gestante.”
O estudo de Calabar afirma também que, das vítimas que estavam no terceiro trimestre da gestação durante a pesquisa, 23,0% estavam em trabalho de parto no momento do acidente.
No segundo trimestre em diante também haverá alteração no centro de gravidade, porque a barriga vai crescer.”
A Dra. Kondo aponta que essa mudança física pode ser muito perigosa, pois com a alteração do centro de gravidade, o ponto de equilíbrio também muda. Essa novidade pode ser de difícil adaptação e comprometer a estabilidade da mãe em cima da moto.
Para as gestantes que conduzem, seja motos, carros ou outros veículos, o artigo 252 do Código de Trânsito Brasiliro (CTB) pode ser um impedimento, além de um alerta à segurança.
Segundo o inciso III do artigo, dirigir o veículo “com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito” é passível de infração média com penalidade de 5 pontos na carteira e multa de R$ 130,16.
No começo da gravidez a mãe pode ter muitos vômitos, que é a Hiperêmese Gravídica. Então ela terá uma incapacidade temporária.”
A especialista ainda esclarece em outro exemplo que uma diabética em situação semelhante pode ter ainda mais riscos de uma hipoglicemia. A diabetes somada à Hiperêmese Gravídica pode aumentar ainda mais o risco ao aumento da glicemia, gerando desmaios e até um acidente de trânsito.
Na situação de uma gestante acidentada os procedimentos são os mesmos para qualquer cidadão e ela deve ir imediatamente a um Hospital. A diferença é que para uma gestante, impactos mínimos podem ser ainda bem mais graves.
A Dra. Lilian Kondo finaliza deixando um recado para todas as futuras mães, para que tudo continue bem com ela e o bebê.
Sempre tenha cuidado com a vida.”
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