Honda Hornet: história de um dos maiores sucessos do Brasil
Com estilo naked, motor de quatro cilindros em linha propositalmente a mostra e ronco sedutor, a CB 600F foi motivo de cobiça e apaixonados seguidores
Com estilo naked, motor de quatro cilindros em linha propositalmente a mostra e ronco sedutor, a CB 600F foi motivo de cobiça e apaixonados seguidores
Com uma história de fieis admiradores, a Honda CB 600F, ou simplesmente Hornet (Vespa em inglês), saiu de linha em 2014 em função das complexas modificações no motor que teriam que ser feitas para atender as exigentes normas ambientais de emissões. Alterações que afetariam o desempenho e o ronco afinado do poderoso quatro cilindros em linha, seu maior cartão de visitas. Ainda hoje, os modelos em uso da Honda Hornet, são bastante procurados e valorizados, transformando a naked em uma espécie de troféu.
A trajetória começa em 1998 do outro lado do oceano Atlântico, desenvolvida pela filial Honda italiana e sua badalada escola de design, com a benção da matriz japonesa para atender o mercado europeu. Entretanto, com o sucesso lá, também desembarcou cá, montada em Manaus (AM), a partir de 2004, com valor (na época) de R$ 34 mil.
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O motor, ainda alimentado com os jurássicos carburadores, foi herdado da superesportiva CBR 600RR do ano anterior, devidamente ajustado para rodar também nas ruas. Equipado com arrefecimento líquido, duplo comando no cabeçote e quatro válvulas por cilindro, rendia 96,5 cv a 12 mil rpm.
No visual da Hornet, o motor ficava propositalmente exposto, além dos escapes com saída alta, junto ao banco, exatamente como as esportivas italianas Ducati, seguindo a tendência da época.
No mercado, era uma tentativa da Honda em diversificar a linha e reduzir a dependência da produção maciça de praticamente um só modelo, CG, além de tentar consolar a legião de viúvos das mitológicas CB Four e também ocupar parte do espaço das nakeds de alta performance.
Porém, aí começa uma longa e incômoda distorção e defasagem. Na Europa, as modernizações do modelo ganham seguidas atualizações técnicas e de estilo, enquanto no Brasil, permanece ancorada na primeira geração. A segunda geração europeia chega já em 2005, com importantes alterações.
A suspensão dianteira passa a ser invertida (upside down) semelhante a que equipa a superesportiva CBR 600RR, com bengalas de 41 mm de diâmetro, pintadas em dourado, com sete níveis de regulagens, aposentando a suspensão telescópica convencional anterior sem regulagens.
O painel igualmente foi renovado substituindo os dois “canecos” como relógios, por um bloco, com tela digital e minicarenagem, além de sistema antifurto na chave. O banco também ganhou nova textura. Em 2006, lá fora, a Hornet substitui o farol redondo, por um formato assimétrico com mini carenagem.
Em 2007, mudanças radicais com salto de quase uma década. O motor foi atualizado e passa a ser o mesmo da CBR 600 RR, ano 2007 (mais compacto e 8% mais leve), agora equipado com injeção eletrônica de combustível, eliminando os quatro carburadores. A potência sobe para 102 cv a 12 mil rpm (5,5 cv a mais que a versão anterior) e o torque chega a 6,35 kgfm a 10.500 rpm.
O peso também foi reduzido de 178 kg para 173 kg, com economia de 5 kg, melhorando a relação entre peso e potência. A Hornet também mudou o escape, com nova saída baixa, pela direita, adotando uma tendência mundial de concentrar e rebaixar as massas e o centro de gravidade com reflexos na dirigibilidade.
O abafador, estilo torpedo, entretanto, teve de ser deslocado para o outro lado, por absoluta falta de espaço. O novo quadro, agora é em alumínio fundido assim como a balança da suspensão traseira 39,1 mm mais longa, com sistema mono regulável e 128 mm de curso.
A suspensão dianteira é invertida com tubos de 41 mm e 120 mm de curso. Os ajustes alongaram o entre eixos em 15 mm. Os freios são a disco com opcionais ABS e CBS, de frenagem combinada montados em novas rodas em liga leve com aros de 17 polegadas. O tanque tem 19 litros, o câmbio seis marchas e a chave, passa a ter o sistema antifurto.
Nesta altura, em 2007, a Hornet atingia 4.262 unidades produzidas, representando 0,3% do mercado e a liderança absoluta do segmento, segundo a Abraciclo, Associação dos Fabricantes. O modelo 2008 conservou as mesmas características técnicas renovadas em 2007, alterando somente a palheta de cores.
Este mesmo modelo finalmente iria desembarcar no mercado brasileiro, corrigindo um inexplicável retardo para a montadora que tem o Brasil como um importante e estratégico mercado. Enfim, a Hornet nacional estaria emparelhada com a última geração, corrigindo o incomodo e estranho atraso de quase uma década, consumindo modelos ainda da primeira geração.
A Hornet 2008 chega modernizada em duas versões. Com sistema de freios combinados, CBS, que distribui a pressão de frenagem entre as rodas e com sistema ABS antitravamento, com preço sugerido (na época) de R$ 36 mil. A Hornet 2008, também foi considerada a primeira motocicleta Honda do Brasil equipada com injeção eletrônica de combustível.
No visual, o farolzão redondo, deu lugar a um de superfície assimétrica e bicuda, com duas lâmpadas, encaixado em uma mini carenagem, que proporcionam ótima iluminação. O painel agora tem um só relógio (conta-giros), enquanto na tela digital fica o velocímetro, relógio de horas, temperatura do motor, hodômetros e marcador de nível de combustível, com indicador em barras
Na traseira, a lanterna tem iluminação com LEDs, além de alças de apoio para o passageiro. A capa da suspensão dianteira, assim como as pinças de freio são douradas, fazendo interessante conjunto com a pintura da “carroceria”.
Em 2009, a produção salta para 7.271 unidades e registra um recorde. O Brasil tornou-se simplesmente o maior mercado mundial do modelo, superando todos os demais países onde é comercializada. A preferência da freguesia nacional foi também acompanhada na mesma velocidade do apreço pelos amigos do alheio, fazendo disparar o preço do seguro e a insegurança do fiel consumidor.
Nada disso espantou, por exemplo, o empresário de Belo Horizonte Sérgio Varella, que adquiriu a sua Hornet 2009 zero. Hoje com apenas 55 mil km rodados, é utilizada em passeios e viagens. Sérgio já teve outros modelos, porém, o que o atraiu na Hornet 600, foi exatamente o design, a beleza, o ronco dos quatro cilindros e o desempenho.
Nunca teve problemas com a moto, mas, por via das dúvidas, toma suas precauções. Além disso, sem substituta, “não vende e não empresta”.
No vácuo do prestígio e interesse despertado pela CB 600F Hornet, a Honda lança ainda em 2009 a pequena monociclíndrica CB 300R (desenvolvida pela engenharia nacional), com desenho nitidamente inspirado na Hornet, motivando o apelido de Baby Hornet.
Em fins de 2010, durante o Salão de Millão, na Itália, é apresentada outra modernização da Hornet, que só chegaria ao Brasil em 2012. A naked ganha novo conjunto óptico dianteiro triangular, mais afilado e integrado a uma microcarenagem, novo painel, agora totalmente digital em peça única e dotado de computador de bordo e conta giros em escala de barras, novo banco e nova rabeta, mais fina e ligeiramente direcionada para cima, com alças e farolete integrados, além de suporte de placa destacado.
No motor, nenhuma alteração. Quatro cilindros em linha, com 102 cv a 12 mil rpm, porém, o torque tem ligeiro aumento e passa para 6,5 kgfm a 10.500 rpm. Diferentemente do modelo europeu, a “nossa” Hornet não tem regulagem na suspensão dianteira.
A nova CB 600F Hornet 2012 passa a contar com versão equipada com sistema de freios C-ABS, que além de impedir o travamento, interliga as duas rodas, distribuindo a carga de frenagem automaticamente. Na dianteira duplo disco de 296 mm de diâmetro e na traseira, disco simples de 240 mm. Entretanto, acrescenta 5 kg ao peso final.
Nesta altura, a concorrência também mostrava suas cartas, combinado com um volume decrescente na procura (produção de 4.437 unidades), em função do elevado nível de roubos e furtos, faz a marca operar um verdadeiro milagre.
Negociou com as seguradoras a redução no preço dos seguros e estabeleceu uma cesta de peças com preços incentivados, para desestimular o comércio no mercado negro, e, principalmente, reduziu o preço do modelo 0 km em cerca de 10% ou cerca de R$ 3.000. A nova política de preços oxigena as vendas. A freguesia está lá, embora, com medo.
Em 2013, a produção é de 4.256 unidades, segundo a Abraciclo, se mantendo praticamente estável, porém, em 2014, despenca para 1.804 motocicletas. É o prenúncio do fim.
Em 2015, a Hornet é substituída pelas CB 650F, também equipada com motor de quatro cilindros em linha (com 50 cm3 a mais) e os severos requisitos ambientais exigidos. Contudo, a potência baixou de 102 cv, para 87 cv a 12 mil rpm, embora, o torque tenha curva mais plana com 6,4 kgfm a 8.000 rpm.
O quadro que era de alumínio passa a ser de aço, tipo diamond, a suspensão dianteira deixa de ser invertida e o peso sobe 18 kg. Um adeus, com requintes de nostalgia.
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Aí e e motao
Quero os prêmio folhas escrita de evolução e melhoria e nomearmento
Tive uma dorada 2009. Foi a melhor moto que tive. Potente e confortável deixou saudades.
Porque aqui é Hornet rapaiz!!!!
Hornet 2014 a mais linda de todas as notas nunca deveria deixar de ser fábricada
Belo artigo, tenho uma 2014 vermelha (ABS) com apenas 14.000 km e nunca foi no chão. Toda hora aparece alguém perguntando se vendo e respondo sempre o mesmo.
“É minha filhota, ne. Pensar!
Carro tem que ser elétrico combustão chega de aumento isso nunca para aumenta aumenta aumenta eu vejo desde 1970 só sacanagem
Meu sonho ano que vem ponha a minha na garagem