Moto híbrida: a ‘nova’ aposta do mercado de duas rodas

O setor que começou direto nas elétricas parece ter acordado para os modelos misto e começa a lançar novidades com motores médios e baterias

Kawasaki Ninja 7 Hybrid
A Kawasaki Ninja 7 Hybrid foi a primeira moto do tipo em produção (Foto: Kawasaki | Divulgação)
Por Lucas Silvério
Publicado em 09/09/2024 às 08h00

O mercado de carros entrou de cabeça na eletrificação e cada vez mais marcas, até as de pesados, apostaram nos 100% elétricos. Mudança essa que muitos esperavam ver no setor de motos, mas mesmo após uma entrada mais brusca nas elétricas, o mercado de duas rodas se mantém firmemente nas clássicas a combustível. Porém nos últimos tempos parece que a preocupação com modelos eletrificados é uma realidade e a moto híbrida, atropelada pela elétrica no início desta mudança de combustível, está finalmente “surgindo”.

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Yamaha Fazzio
Yamaha Fazzio (Foto: Yamaha | Divulgação)

A última que deu indícios da sua participação no mercado de motos híbridas foi a indiana Hero MotoCorp, que por meio de seu CEO afirmou a busca por um combustível alternativo e que a longo prazo estão desenvolvendo tecnologias híbridas.

Além da indiana, duas japonesas já se apresentaram nesta categoria, a Yamaha com a Fazzio, uma scooter lançada em 2022. E a Kawasaki, com a Ninja 7 Hybrid, primeira moto com a tecnologia produzida em série.

Com a investida destas três grandes montadoras nos dois últimos anos seria muita tolice não imaginar que outras gigantes do mercado também não estariam trabalhando em tecnologias semelhantes – ou ao menos estudando essas possibilidades – que, pelo que parece, prometem ser muito mais eficientes do que a das motos 100% elétricas.

A tecnologia pode ser mais vantajosa no cenário atual

Ainda comparando com o mercado de carros, este processo se fez contrário no setor de duas rodas. Os automóveis entraram primeiro nos híbridos e depois começaram a apostar mais nos elétricos. Já as motos elétricas surgiram primeiro e um fator que certamente influenciou muito para isso foi peso, dimensão e tamanho das baterias.

Uma moto elétrica precisa de uma bateria muito menor do que um carro. Na maioria dos modelos encontrados hoje no mercado brasileiro, uma ou duas baterias removíveis com cerca de 15 kg cada é o suficiente para uma autonomia entre 90 km e 180 km, dependendo da quantidade de “pilhas” e do toque do condutor. Isso não é muita autonomia se comparado a um modelo a combustão ou até mesmo a um carro elétrico, mas cumpre com a proposta de muitos motociclistas, além de poderem ser recarregadas muito mais rápido do que os automóveis. Em até 5 horas, em uma tomada comum residencial, uma bateria de moto elétrica pode sair do 0 ao 100%.

Mas mesmo com estas vantagens o mercado de moto também enfrenta muita limitação no quesito bateria. Criar baterias com muita autonomia sem aumentar muito o tamanho e peso delas é a grande luta que o setor de veículos enfrenta. E é aí que as motos híbridas começam a fazer sentido.

Kawasaki Ninja 7 Hybrid
Kawasaki Ninja 7 Hybrid (Foto: Kawasaki | Divulgação)

Primeira moto híbrida feita em série

Quem chegou estreando essa categoria foi a Kawasaki. No Eicma de 2023, a japonesa apresentou sua Ninja 7 Hybrid, modelo que utiliza um motor a combustão acompanhado de uma bateria.

A Kawasaki Ninja 7 Hybrid conta com um inédito motor a combustão de 451cm³, com dois cilindros paralelos e equipado com refrigeração líquida. Ele acompanha um elétrico de 9kW que é alimentado por uma bateria de íon lítio de 48V. Este conjunto que permite o funcionamento separado ou misto ainda conta com tecnologia start/stop, vários modos de condução e até um sistemas de marchas também “híbrido”, que podem ser trocadas com ou sem ajuda do manete de embreagem.

Em questão de potência os dois propulsores chegam a equivalentes 59,1 cv, que pode ser aumentada para 69,5 cv com aplicação da função e-boost, que amplifica a potência do motor elétrico.

A Ninja híbrida não precisa ir na tomada e sua bateria se regenera assim como a dos carros híbridos leves, com o acúmulo de energia da frenagem e outras partes cinéticas.

As vantagens da moto híbrida

Mas é claro que toda essa nova tecnologia, investimento e tudo mais tem seus porquês. Além de driblar o empecilho da relação tamanho/potência das baterias, assim como os carros híbridos, as motos de motorizações híbridas entregam uma correlação de potência e economia que podem ser ajustadas com a preferência do condutor.

Naturalmente as baterias têm muito mais potência que os motores a combustão, porém sua autonomia é menor. Combinando isso em um único modelo, contudo pode ter uma moto que, assim como a Ninja híbrida, arranca como uma 1.000, tem desempenho de uma 700 e consome como uma 250, claro que variando com o toque de cada piloto.

Expectativas sobre o setor

Como dito, seria uma tolice pensar que outras marcas não estão trabalhando nesta tecnologia, porém isso ainda é segredo da maioria delas e teremos que esperar para saber das novidades. Mas é inegável que a tecnologia chegou ao setor de duas rodas também. Piloto automático, cada vez mais interação com centrais multimídias, GPS e agora a entrada brusca nos câmbios automatizados são a prova de que mais novidades virão por aí.

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