Motos elétricas são a resposta para o futuro da mobilidade?

Em meio a altas emissões de carbono e aumento da frota mundial de veículos, as motos elétricas também estão aparecendo

Watts moto
As motocicletas estão entrando na briga dos elétricos (Foto; Watts | Divulgação)
Por Lucas Silvério
Publicado em 27/11/2023 às 09h02

A grande promessa do mercado de automóveis são os elétricos. Para os carros, praticamente todas as montadoras com fábricas no Brasil já contam com seus eletrificados, sejam eles híbridos ou 100% elétricos. Embora essa proposta seja uma solução para a redução da emissão de carbono – quando a eletricidade é gerada de forma sustentável e não por usinas de carvão como em alguns países -, o problema da mobilidade no trânsito urbano ainda permanece.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a frota nacional de veículos já ultrapassa os 115 milhões, de acordo com dados de 2022. Estes números representam um aumento contínuo, já que no primeiro registro do órgão, em 2006, havia 45.029.257 de veículos no país. Em 2010 já tinha 64.817.974 e 2020 totalizava 107.948.371. Essa alta no número de automóveis tem como consequência o aumento do fluxo de trânsito, principalmente nos grandes centros urbanos.

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Assim como os carros elétricos, uma solução para a emissão – mas desta vez também a mobilidade – está nas motos elétricas. Veículos de fácil deslocamento que, no Brasil, vêm sendo produzidos a fim de sanar este problema de mobilidade.

Entramos em contato com algumas empresas especializadas neste segmento e conseguimos uma entrevista exclusiva com a Watts Mobilidade, que explicou como os veículos elétricos, motos, patinetes, bicicletas e outros, prometem também ser o futuro.

A Watts nasceu em Londrina (PR), em 2018. Na época  a arca comercializava patinetes e scooters e também era a responsável por montar, testar, desenvolver e adequar os veículos às necessidades dos brasileiros. Em outubro de 2021 ela lançou sua primeira de moto elétrica, a W125, pensado para motociclistas urbanos. Estava nos planos poder produzir a moto elétrica no Brasil em larga escala e a partir da aquisição do Grupo Multi, em março do ano passado, o processo foi acelerado. Após isso a marca lançou sua scooter WS120 e a moto W160S, unido a maior autonomia e potência do mercado de elétricos.

Na entrevista, o fundador e executivo, Rodrigo Gomes, explicou sobre os veículos elétricos e a mobilidade no Brasil.

Lançamos primeiro a W 125, que é uma motocicleta que foi desenvolvida para a cidade. É uma moto extremamente leve, muito simples e fácil de conduzir, até mesmo mais fácil que as scooters a combustão. Entregam uma velocidade de 90 km/h e autonomia de até 150 km, na teoria, mas na prática chegam fácil a até 120 km com duas baterias”, explica o executivo sobre um de seus principais veículos.

Ele aponta que esse modelo e as outras motos da marca são focadas para quem tem necessidade de deslocamento principalmente dentro das cidades. Um público que se encaixa nessa característica é o dos entregadores.

A gente sabe da necessidade e que ela não atende todos os públicos. A gente sabe que 70% dos entregadores andam cerca de 150 km por dia, então esse produto atende esse público, e focamos nele.”

Para os pilotos que se encaixam nesse perfil de deslocamento, Rodrigo ainda fala  quais são as vantagens das motos elétricas.

Com uma 160, que atenderia esse público dos 150 km por dia, o entregador que trabalha com uma moto tradicional vai gastar com combustível e manutenções, que são vários itens, entre R$ 900 a R$ 1000 por mês. Se a gente puxar isso para a W 160S, ele vai gastar apenas com freio e pneu, então se a gente tirar todas essa despesas de manutenção e com combustível, de R$ 1000 ele passa a gastar cerca de R$ 300 por mês, isso considerando que R$ 80 dessas parcelas são referente ao custo da bateria que tem vida útil de 5 anos.”

Ele ainda reforça que essa diferença de custos pode aliviar o motociclista para adquirir seu próprio modelo.

A grande questão é que com essa diferença o piloto pode pagar o financiamento de sua elétrica com o valor que ele gastaria de manutenção e combustível.”

  • Um dos pontos abordados pelos pilotos e entusiastas da área é a diferença de autonomia entre motos elétricas e a combustão.

Enquanto um modelo 160 a combustão é capaz de fazer mais de 600 km de autonomia, como dito, as elétricas têm de ser carregadas a cada 120 km. Segundo o líder do grupo esse ponto já é de conhecimento do mercado de elétricas.

Não adianta falar ‘agora lançamos uma que faz 300 km de autonomia, vai custar 60 mil’. Quem vai comprar serão os ricos. O entregador não vai comprar. Ter uma moto com mais autonomia, sem problemas, nós provavelmente nós vamos chegar lá. Mas não é isso que vai mudar o índice de motocicletas que a gente vê rodando no Brasil. Mas sem dúvida a autonomia vai melhorar!”

  • É importante ressaltar que, diferente dos carros que levam horas para carregar, as moto elétricas podem ser carregadas em qualquer tomada em até 5h.
  • Outra preocupação é a respeito do mercado de revenda e de peças de reposição.

Hoje nós já temos mais de 40 concessionárias, e para 2024 vamos abrir novas lojas. Todos os nossos produtos, comercialmente falando, são iguais aos modelos a combustão. Todos eles estão na Tabela FIPE. Então tem valor de referência de revenda. Estamos nos portais de comércio. Então apesar de ser tudo muito novo a agente já tem tudo o que uma outra motocicleta oferece. Nosso modelo de negócio também conta com oficinas dentro das concessionárias, então tem peças de reposição.”

As motos elétricas apresentam vantagens sobre as tradicionais por terem menor manutenção e custo com abastecimento, em contrapartida, os modelos a combustão ainda tem um mercado muito maior do que estes modelos. Mesmo ainda sendo um mercado pequeno, em comparação, Rodrigo tem um olhar positivo sobre o futuro da mobilidade.

Sem sombra de dúvidas o futuro dos veículos de duas rodas será elétrico. Amsterdã, por exemplo, é uma referência. Lá existem mais bicicletas do que habitantes. Isso demonstra que essa estratégia de mobilidade funciona. Copenhage também tem uma alta taxa de moradores com bicicletas. Então as taxas não mentem. Trazendo para a nossa realidade, eu acredito que isso vai funcionar pois, primeiro a gente não precisa de uma estrutura de carregamento como a dos carros, uma simples tomada residencial pode carregar os veículos. Outro ponto é que as baterias são portáteis e aí dá para levar a bateria para carregar em qualquer lugar. Tudo isso vai simplificar e agilizar a eletrificação das duas rodas.”

A marca ainda fala que há perspectivas para o futuro e afirmou em primeira mão que planeja o lançamento de um modelo totalmente novo para o primeiro semestre de 2024.

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