Especialista aponta que a manutenção correta é necessária após o diagnóstico e que tentativas forçadas de economia podem gerar retrabalho futuro
Quem tem uma moto mais antiga e/ou muito rodada sabe que uma hora ela vai pedir “socorro” e o inveditável acontecerá: a retifica do motor. Não adianta insistir, é algo que vem com o tempo e uso. Porém o condutor deve ficar esperto e sabe o mínimo deste serviço, evitando ser enganado por falsos especialistas.
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Em entrevista ao AutoPapo, o especialista em preparação de motos, calibração de motores, instrutor e fundador da BH Motoracing, Sérgio Naves Melo, esclareceu quais são os procedimentos e o que é ajustado em uma retífica de motor de moto.
Em alguns casos, o desempenho começa a cair, o consumo de óleo aumenta, ou aquele leve ruído metálico se torna um alerta de que algo não vai bem. É aí que surge a dúvida.”
Antes de tudo, o especialista alertou que para os desconfiados, um dos principais sintomas é o aumento do consumo de óleo lubrificante, item fundamental para o funcionamento do motor.
Se o lubrificante está baixando significa que existe um vazamento, que ocasionaria em uma manutenção corretiva, ou uma queima excessiva do componente. Este segundo caso indica que as folgas dos componentes motores aumentaram com o desgaste e aí a retífica pode se fazer necessária.
Sérgio alerta ainda que é fundamental um diagnóstico técnico antes de tomadas de decisões precipitadas, evitando transtornos e gastos desnecessários.
É necessário medir folgas, verificar compressão, pressão de óleo e histórico de manutenção. Só assim é possível determinar se o problema está restrito à parte superior — cabeçote, cilindros e pistões — ou se o desgaste já afetou a parte inferior, envolvendo virabrequim, bronzinas, bomba de óleo e outros componentes.”
O mecânico explicou que a pressão do óleo é crucial para determinar o tanto que será ajustado no motor.
Nos casos em que os problemas se restringem aos cilindros e pistões, mantendo a pressão do óleo nos conformes, apenas o cabeçote é retificado.
Nesta manutenção parcial, são revisados o cabeçote e o conjunto térmico — substituem-se anéis, pistões, guias e retentores de válvulas, e o cilindro é retificado para voltar às medidas originais.
Essa intervenção vai devolver o bom desempenho com investimento menor e excelente resultado, desde que o restante do motor esteja saudável.”
Porém, se a pressão do óleo estiver baixa, o mesmo lubrificante mostrar resíduos de limalha metálica, e ruídos provenientes do virabrequim estiverem sendo ouvidos, uma retífica completa no motor da moto é praticamente certa.
Nessa situação todo o conjunto é desmontado, limpo, medido e recondicionado. São substituídas bronzinas, rolamentos, anéis de vedação e muitas vezes a bomba de óleo. Embora o custo seja maior, essa é a forma mais segura de garantir que o motor volte a funcionar com confiabilidade e durabilidade de fábrica.”
Sérgio alerta que um erro comum dos proprietários é fazer só a parte de cima do motor, quando há necessidade de realizar manutenção mais completa.
Esse serviço tem muitas chances de gerar uma nova manutenção rapidamente, ou seja, praticamente “rasgar dinheiro”.
Após pegar a moto pronta, o especialista ainda fala da importância do segundo amaciamento* do motor, afinal ele está novo
Rodar com cuidado nas primeiras centenas de quilômetros e trocar o óleo com intervalos curtos evita desgastes prematuros e garante a vida longa do motor reconstruído.”
Não existe resposta única quando o assunto é retífica. A decisão entre uma parcial e uma completa deve sempre vir de uma avaliação técnica responsável.
Feita da maneira correta, com peças de qualidade e atenção aos detalhes, a retífica não é um remendo e sim uma reconstrução mecânica capaz de devolver potência e confiabilidade ao motor.
* Período inicial de uso de um veículo novo, onde é recomendada uma condução cuidadosa para que as peças internas do motor se ajustem e se assentem corretamente, reduzindo atritos e prevenindo o desgaste prematuro
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