4 novos negócios que, em breve, farão as montadoras lucrarem muito

Nos próximos anos, as fabricantes de veículos passarão a faturar um bom dinheiro com a oferta de serviços inéditos

divisao cruise da gm espera faturar us 50 bilhoes com seu autonomo origin
A divisão Cruise, da GM, espera faturar US$ 50 bilhões com seu autônomo Origin (foto: GM | Divulgação )
Por Zeca Chaves
Publicado em 11/10/2021 às 19h36

Dentro de poucos anos a venda de veículos será apenas uma entre várias fontes de receita de uma montadora. Essa estratégia já está no radar de quase todas as marcas, mas algumas estão com os planos mais adiantados do que outras.

Estamos falando de novos negócios com potencial de ganhos milionários. Em alguns casos, bilionários. Parece exagero? Pois saiba que na semana passada a GM divulgou aos investidores seu planejamento estratégico para a próxima década, no qual assumiu que seus veículos conectados e novos negócios vão gerar mais de US$ 80 bilhões por ano em 2030.

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Vamos conhecer alguns dos empreendimentos que vão se popularizar em breve entre as principais marcas de veículos e não se surpreenda por não encontrar na lista a modalidade de carro por assinatura, afinal ela já é realidade no Brasil, onde quase uma dezena de marcas oferece essa modalidade.

1. Direção autônoma

As montadoras gostam de dizer que o futuro é elétrico e autônomo. De fato, o desenvolvimento das duas tecnologias anda de mãos dadas. Mas isso não acontece somente para dar aos automóveis vendidos pelos fabricantes a habilidade de serem guiados sem a ajuda do motorista.

Quem dominar o conhecimento da condução autônoma poderá iniciar um novo negócio, talvez até mais lucrativo do que o simples comércio de veículos. Por isso as grandes companhias estão correndo atrás desse sonho.

A GM já disse que pretende faturar US$ 50 bilhões anuais em 2030 com sua empresa Cruise. Começará oferecendo a partir de 2023 um novo recurso para seus carros (poderá vir de fábrica ou ser adquirido após a compra) que vai permitir ao motorista tirar as mãos do volante em 95% das condições de uso em cidade ou estrada – deve, assim, superar o tão aclamado Autopilot, da Tesla.

O próximo passo é entregar em menos de 10 anos até 1 milhão de unidades do veículo Origin, que vai transportar passageiros pelas cidades sem usar motorista. Dessa forma, o custo da viagem cairia dos atuais US$ 5 por milha em carros de aplicativo para US$ 1,50.

ford vai colocar seus carros autonomos para rodar em cidades americanas
Ford vai colocar seus carros autônomos para rodar em cidades americanas

Mas não é só a GM que está nessa. A Ford planeja colocar 1.000 carros autônomos para rodar em várias cidades americanas nos próximos cinco anos em parceria com a Argo AI, a mesma startup que também vai ajudar a Volkswagen a construir seu negócio de autônomos.

Esse é um segmento que envolve investimentos tão gigantescos, riscos tão grandes e uma expertise tão complexa que até empresas que atuam em transporte de passageiros ou compartilhamento de carros estão caindo fora.

No fim do ano passado, a Uber vendeu sua divisão interna de direção autônoma para a startup Aurora, que já fechou parcerias com Toyota e Hyundai. Em abril, foi a vez da Lyft, que repassou o mesmo departamento para uma subsidiária da Toyota por US$ 500 milhões.

Como é andar em um carro autônomo? Assista ao vídeo com Boris Feldman!

2. Softwares e personalizações do veículo 

Se o seu computador precisa da última versão do Windows ou se você busca um aplicativo que transforma seu celular numa câmera fotográfica profissional, basta baixar via internet o programa diretamente da nuvem. Hoje já é possível fazer o mesmo com alguns softwares específicos para veículos.

Não vai demorar muito para esse mercado se tornar uma mina de dinheiro. A Volkswagen inaugurou em setembro seu serviço de atualização à distância para os elétricos ID.3 e ID.4 – modelos que devem ser lançados no Brasil nos próximos anos – e que mais tarde será estendido aos novos modelos da marca.

a volkswagen ja oferece atualizacao pela nuvem para o id 4 e id 3
A Volkswagen já oferece atualização pela nuvem para o ID.4 e ID.3

Além de permitir corrigir automaticamente problemas no carro ou baixar novas versões dos sistemas eletrônicos que gerenciam o veículo, a inovação abre caminho para serviços que serão pagos à parte ou até mesmo em forma assinatura recorrente. Será possível desbloquear recursos pré-instalados e solicitar recursos adicionais, de aquecimento dos bancos a sistemas de navegação.

A marca alemã não esconde que espera que esse serviço se torne um negócio altamente lucrativo dentro de alguns anos, inspirado no trabalho pioneiro da Tesla, que há anos disponibiliza nos seus veículos itens como aumento da autonomia da bateria ou um pacote avançado do Autopilot, um opcional que já custou US$ 8 mil para ser baixado.

Recentemente, a GM divulgou que vai estrear em 2023 sua plataforma de software veicular chamada Ultifi, que atenderá tanto automóveis a combustão quanto elétricos.

A empresa já deixou claro que o Ultifi faz parte de uma estratégia “para aumentar a receita além das vendas de veículos”, já que o motorista poderá assinar serviços de streaming, baixar personalizações do veículo – que poderão ser transferidas de um carro para o outro, como fazemos hoje quando trocamos de celular – e até comprar aplicativos de terceiros, que deixarão uma porcentagem dessa venda no bolso da GM.

3. Seguro sob medida

Quem já embarcou nessa área é a GM com a OnStar Insurance, que promete revolucionar esse setor com um formato inovador. O nome vem de outra divisão da GM, que oferece serviços de conveniência e segurança em seus veículos desde 1996.

A nova seguradora vai possibilitar ao proprietário comprar o seguro diretamente da montadora por valores mais baixos, desde que ele dirija com segurança. O segredo estaria num sistema que analisa à distância o comportamento do motorista para elaborar uma apólice personalizada. Quanto mais prudente ele for ao volante, menor o custo para o cliente.

É verdade que a GM não é a primeira montadora a criar um seguro próprio, afinal a Tesla já fazia isso antes, mas ele é do tipo convencional, disponível só no estado da Califórnia e apenas para seus próprios veículos. A OnStar Insurance vai mais longe, pois oferece seu seguro a veículos de qualquer marca, inclusive caminhões.

4. Postos de recarga

volkswagen tem uma rede de eletropostos nos eua que atende a outras marcas
Volkswagen tem uma rede de eletropostos nos EUA que atende a outras montadoras

Na medida em que mais carros elétricos chegam às ruas, mais pontos de recarga são necessários, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Uma parte dessa infraestrutura está sendo criada pelos governos locais, enquanto a outra está a cargo da iniciativa privada. É aí que entram as montadoras, que já perceberam que esse pode se tornar um novo negócio.

A Tesla é a mais adiantada nessa área. Ela é dona da Supercharger, uma rede que foi criada em 2012 e hoje conta com mais de 25 mil carregadores em mais de 2,7 mil estações próprias espalhadas pelo mundo. No momento, todas são exclusivas para os automóveis da marca, mas isso está para mudar.

A fabricante americana já confirmou que a partir do ano que vem abrirá sua rede a modelos de outras marcas. Com isso, ela ganhará duas vezes: cobrando dos motoristas pela recarga e taxando as outras marcas, que terão de pagar pela permissão de uso.

A Volkswagen também atua nessa área, mas escolheu um modelo um pouco diferente. Como compensação pelo escândalo do Dieselgate, a companhia montou em 2017 a subsidiária Electrify America. É uma rede com cerca de 600 estações e 2,6 mil pontos de recarga que formam uma rota rodoviária que atravessa o país de Leste a Oeste e, ao contrário da Tesla Supercharger, é aberta a veículos de qualquer marca.

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16 Comentários
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Alexandre 15 de outubro de 2021

É senhores, Deus nos deu o livre arbítrio para perdermos para os metacapitalistas. Estamos entrando na era da supervisão e controle tecnológico. Tudo sera visto, tudo que definirem como errado, será impedido pela tecnologia, de ser feito. Nossas vozes ja são tolidas pelos juízes(moderadores) das redes sociais, não é mesmo?!

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Sir.Alves 31 de outubro de 2021

Correto, Estão tentando tirar Deus da sociedade e relativizar tudo… vai tudo de mal a pior mesmo… roubar, matar, destruir é algo natural… para que boa m oral, honestidade e bom caráter? Ops.. vamos parar… senão… alguém pode ser processado por conduta inadequada… vamos falar do NOVO ARGO! Ops… desculpem, Pulse! Isso sim, é carro, tem muito portas copos nas portas, e novíssimo cambo CVT com comando eletrônico.

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Marcelo 14 de outubro de 2021

Boa tarde, boa matéria.
Também estou pensando sobre de onde vem a energia, só luz solar não chega,
E outra, já da para comprar antivírus para o software do veículo, e a licença, vai ser anual, ou única até o veículo morrer.
Marcelo

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Odilson Oliveira De Souza 14 de outubro de 2021

Em vez de se preocupar com o fim da sua profissão, é hora de ver o surgimento de nova oportunidade.

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Sir.Alves 14 de outubro de 2021

Pelo visto o carro das massas será carro compartilhado, ou uma especie de Leasing, Uber, elétricos locáveis nos grandes centros para duas pessoas…e derivados, ou apelar pros velhos coletivos (Buzão, Metrô e etc) … até por que, no Brasil entre outras localidades a mentalidade do carro popular está morrendo.. só vai comprar carro de fato quem precisa de privacidade ou algo específico… isso a médio e longo prazo, claro.

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Jones Augusto 14 de outubro de 2021

Ninguém se preocupa com o desemprego que isso vai causar?
Aliás, já estão tirando os bilheteiros da malha ferroviária!
E depois vocês mesmos vão reclamar da inflação por vários motivos.

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Sir.Alves 14 de outubro de 2021

Infelizmente J. AUGUSTO a tecnologia vai substituindo esses cargos… é o futuro, e vão surgindo novos cargos, como os técnicos desses equipamentos nas prestadoras de serviços terceirizados… e quando a internet das coisas vingar mesmo… a mudança vai ser ainda mais sentida amigo…

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Jones Augusto 14 de outubro de 2021

Concordo com o tema sobre a tecnologia, porém meu comentário foi em relação ao ciclo que essa tecnologia vai causar em curto prazo, com certeza irá afetar as empresas de pequeno e médio porte e em um futuro distante as de grande porte
Sem trabalho meu amigo, sem renda. E sem renda quem mais vai sofrer a curto prazo são essas empresas de pequeno porte.

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Rodrigo 14 de outubro de 2021

bom dia a todos

se alguns no brasil faz gato na rede eléctrica para suas casa,as pessoas nao sabem dirigir,alguns nao tem educação no transito por nao ter uma boa orientação nas escolas convencionais, igual foi mencionado, alguns políticos nao se importa com a população, primeiro o bolso deles e depois eles e assim sucessivamente, mas nessa questao a culpa e quem volta neles e o povo volta quem sao os favoritos ninguém vota neles mas, ai entra o interesse, porque muitos ganha ,uma vaga de emprego para ganhar muito e nao fazer nada, e outras coisas que acontece no meio politico,voltando para os carros eu acho que no brasil ainda nao esta preparado para ter esses carro pelo menos Rio de janeiro e na grande sao paulo, possa ser que algumas cidade do brasil sim mas no Rio de janeiro e na grande sao paulo capital ainda nao

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José Siqueira 17 de outubro de 2021

Concordo contigo plenamente Rodrigo. Brasileiro fica todo encantado com essas novidade, sem colocar na balança os prós e os contras. Essas grandes só querem lucrar e lucrar…Como se ver com a febre dos SUV’s e fim dos carros de entrada. Com toda essa tecnologia e robotizacao, me faz lembrar um pensamento quando éramos crianças.”Queria ser sozinho e tudo ser meu”!

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Santiago 12 de outubro de 2021

Sou dos anos 60.
– Não curto informatização e nem esse atual excesso de eletrônica nos veiculos – com exceção de alguns itens práticos e de segurança.
– Autônomos??? O dia em que existir só essa opção, volto pro busão (eu sei, até lá ele também será autônomo).
– Postos de recarga elétrica. A propósito alguém já sabe dizer de onde virá a quantidade descomunal de eletricidade a ser fornecida???

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Luis Reissler 13 de outubro de 2021

Placas fotovoltaicas. Como esta na foto acima. E em sua casa também.

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Santiago 13 de outubro de 2021

Em escala suficiente para reabastecer milhões e milhões de veiculos à bateria??? Inclusive em países e regiões com meteorologia instável e pouca incidência solar???

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Leandro 14 de outubro de 2021

Fica tranquilo até vc andar em ônibus autônomos no Brasil. Vc já terá morrido pq aqui tudo e demorado meu caro

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Aroldo 12 de outubro de 2021

Muito boa a matéria, esclarecedora mostrando o ponto de atraso que nós no Brasil vivemos, acostumados a ser mos sempre os últimos. Infelizmente. Nossos políticos não se preocupam com essa realidade e sim sempre como tirar proveitos próprios. Ou como sempre usando esses pontos de atraso s para achincalhar seus concorrentes sem preocupar com a população

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jefferson 14 de outubro de 2021

Até sermos escravizados por outra nação com alta tecnologia, essa farra política vai acabar. Temos que saber votar para mudar a legislação.

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