Afinal, quais aditivos cumprem (ou não) o que prometem?

É espantoso que até a SAE (organização que congrega engenheiros automobilísticos) tenha caído na lorota da aditivação

embalagem oleo motor carro aditivo fluido
Motor é igual a peixe e também pode morrer pela boca (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 29/04/2023 às 09h03

Motorista é alvo fácil dos fabricantes de inutilidades, pois muitos não têm conhecimento técnico do assunto. São bombardeados por propaganda enganosa, pela imprensa que nada entende e – pior – até por engenheiros especialistas. Aditivo, por exemplo, sempre foi prato cheio para fábricas “fundo de quintal” e até de algumas poderosas e renomadas mundialmente.

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Aditivo para gasolina

Aí começa a confusão, pois é importante aditivar a gasolina para evitar a formação de depósitos carboníferos nas cabeças dos pistões, provocada por seu elevado teor de carbono. Não é à toa que, em vários países desenvolvidos mesmo a “gasolina comum” já vem aditivada.

No Brasil, existe a gasolina comum e a aditivada. A gasolina aditivada vale a pena? Não, pois não há uma padronização nem fiscalização da aditivação, segundo a própria ANP. Então, o motorista pode abastecer com uma gasolina corretamente aditivada num posto, mas outra que em nada beneficia o motor. Solução? Melhor do que usar a gasolina aditivada é abastecer com a comum e o próprio motorista aditivá-la com o frasquinho vendido no comércio.

Gasolina aditivada aumenta a potência?

Na verdade, os aditivos recomendados para a gasolina são detergentes e dispersantes, que evitam a formação de resíduos carboníferos na câmara, prejudicando a combustão, reduzindo a potência e aumentando o consumo. A aditivação evita estes dois fenômenos por manter limpo o motor. Ou seja, ele não “ganha” potência, apenas deixa de perder.

Mas empresas reconhecidas mundialmente como a Shell e a Petrobras já anunciaram melhor performance com sua gasolina aditivada. Até o nome criado pela Shell induz ao erro: “V-Power”. Que pode funcionar na Europa, pois lá ela tem algumas octanas extras que poderiam aumentar a potência. Mas não no Brasil.

Por falar em octanagem, até o porta-voz da SAE se enganou ao afirmar que o aditivo resulta em mais octanas, numa entrevista para uma jornalista do setor.

Fuja destes aditivos para a gasolina

Mas, além do aditivo recomendado, existem outros que anunciam vantagens inexistentes, principalmente os do tipo “booster”, que prometem aumento de desempenho. E ainda danificam as velas por utilizar oxido ferroso em sua composição.

Etanol aditivado

O aditivo necessário na gasolina não o é no etanol, pois o percentual de carbono no álcool é muito menor, cerca de 1/3 do da gasolina e não “suja” o motor. Mas Shell e Petrobras oferecem-no em seus postos. Tem propriedades, como a de lubrificação, que podem contribuir. E, mal não faz. Talvez somente para o bolso do motorista.

Aditivo para óleo do motor

Não requer nenhum tipo de aditivação, pois já vem com todos os aditivos necessários, segundo o projeto do fabricante do motor e o do próprio óleo. Mas existem inúmeras marcas que tentam convencer o motorista a despejá-lo no cárter, o que não se recomenda pois pode gerar uma reação química entre algum deles e o aditivo original, prejudicando componentes do motor.

Uma única exceção no caso dos motores chamados de “cansados”. Que já rodaram 100 mil km (ou mais) e que se registra uma queima excessiva do óleo. Existem duas opções para atenuar o problema, antes de mandar o motor para a retífica. A primeira é o óleo com maior viscosidade, que reduz a possibilidade de ele passar pelas folgas (anéis e cilindros, por exemplo) e ser queimado na câmara.

Além da maior viscosidade, alguns destes óleos contém um aditivo específico chamado “seal swell” que atua diretamente (swell = inchar) em retentores e gaxetas que tiveram suas dimensões reduzidas, permitindo uma pequena passagem de óleo. O único óleo para motores “com alta quilometragem” comercializado no Brasil com este aditivo, além da maior viscosidade, é o Lubrax.

Outros

Líquido para o sistema de refrigeração não é mais água pura, mas com etilenoglicol (cerca de 50/50). Então, ele não só é recomendável, como necessário. Aditivos para outros componentes mecânicos do automóvel não são necessários: câmbio, diferencial, direção hidráulica, etc. Mas não falta pi-ca-re-ta tentando levar vantagem…

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25 Comentários
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Marcelo 6 de agosto de 2024

Que matéria bizonha. Aditivo “de frasco” também não possui regulamentação, pode ser só querosene.

O Boris faz propaganda pra esse tipo de aditivo (frasco) e passou a mudar a conversa (sempre defendeu gasolina aditivada).

O aditivo da Shell é global, o da BR é feito pela BASF e o da Ipiranga fabricado pela INNOSPEC que fabrica também o PROD, é esse PROD que o dono da página faz propaganda.

Garanto que é muito mais fácil manter o padrão abastecendo com aditivada em posto de confiança do que colocando comum e aditivando! Fora que é mais caro aditivar por conta.

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SÍLVIO 5 de novembro de 2024

O PROBLEMA ESTÁ AÍ: ONDE ENCONTRAR ESSE POSTO DE CONFIANÇA ???

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Rafael 7 de maio de 2023

Baita ideia errada isso de mudar a viscosidade do óleo. Melhor ir verificando e completando o nível de tempo em tempo até o período da troca completa. No meu velhinho aqui ando sempre com 1 litro de óleo no porta-malas. Não custa verificar o nível a cada 1000-1500 km e completar caso seja necessário.

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Gustavo 6 de maio de 2023

Então use a gasolina comum que geralmente é mais barata e com o dinheiro da diferença coloque os aditivos para gasolina/flex que farão o papel da aditivação da gasolina aditivada. Se você quase não rodar com o carro, o melhor é colocar a aditivada.

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Alberto Souza 5 de maio de 2023

Boris sobre essa conversa de adotivo eu nunca usei,hoje tenho uma Toro flex e procuro sempre abasteço no mesmo posto ok.
Boris dúvida,no motor da Toro é obrigação da loja entrega-lo com a capa de proteção para evitar de caí água no bloco? É possível me esclarecer? Ótimo mês.

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Adinei 6 de maio de 2023

Qual é a frequência de colocação manual de aditivos no tanque com a gasolina comum?

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Luis Carlos 6 de junho de 2024

No fresquinho do aditivo tem a periodicidade para o seu uso.

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sergio ourique 5 de maio de 2023

Qual aditivo pode ser usado na gasolina? e as motos que devem usar PODIUM, tambem nao funciona? grato

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Evaldo Maciel 5 de maio de 2023

Tem um vídeo no YouTube, de um cara que trabalhar com bombas de combustíveis de motos. Segundo ele, a maior parte das motos novas que chegam na oficia, menos de 20 mil km, motos grande, Ducati, BMW, Kawasaki, etc, foram por uso de gasolina atividade, pois muitos postos colocam simplesmente um corante vagabundo na gasolina e vendem como se fosse aditivada. Aí quando param na oficina para verificar a bomba, saí uma bola preta e densa de corante que das bombas de combustível. Concordo com o Boris, manda em encher o tanque de gasolina comum e coloque o aditivo você mesmo.

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Fábio Muniz 28 de maio de 2023

Nesse caso essa pessoa no Youtube que trabalha com bombas de combustíveis de motos dá alguma sugestão de aditivo?

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Daniel F Oliveira 5 de maio de 2023

Do jeito que tem álcool na gasolina hoje (27,5%) mais de 1 quarto de litro, daqui a pouco nem vamos precisa de aditivos. E se o Desgoverno atual mudar porcentagem para 30% (quase 1 terço) como já há projeto para isso, daqui a pouco vamos comprar é alcolina pq vai ter mais álcool que gasolina. (tipo 60 A 40 G), ou seja não será necessário aditivo.

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PAULO RENATO 7 de maio de 2023

EXCELENTE SEU ENFOQUE ! ABRAÇO, DANIEL.

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Luís Carlos 6 de junho de 2024

Boa!

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Gabriel 4 de maio de 2023

Esse tipo de aditivo para o óleo trabalha com um efeito chamado tribofilme. Funciona assim: Quando o filme de óleo entre as peças falha, a pressão e temperatura aumentam naquele ponto de contato, e quaisquer substancias que estejam lá naquele momento acabam reagindo com o metal, formando uma camada diferente na superfície da peça (chamada tribofilme), e essa camada pode ter propriedades diferentes de acordo com a composição dos aditivos do óleo. Foram feitos estudos, principalmente durante a 2ª guerra, e se descobriu que algumas substancias formavam tribofilmes auto-lubrificantes, que persistiam por um certo tempo após a perda da lubrificação convencional, e davam tempo para que as missões fossem concluídas, ou pelo menos canceladas com segurança.
Porém, com o enrijecimento das normas de emissões, o aumento da quantidade de plásticos e borrachas nos motores e a evolução dos motores e dos lubrificantes, a quantidade de aditivos presente nos óleos comuns foi diminuída para não causar problemas, e acabou se tornando suficiente apenas para cobrir certas situações comuns de breve perda de lubrificação, como a partida com a embreagem acionada ou o atrito do trem de válvulas logo após a partida. Quando o motor perde a lubrificação de forma persistente por algum motivo, a quantidade de aditivos do óleo que sobra nas peças acaba não sendo suficiente para formar o tribofilme em todas as peças afetadas, e o motor é danificado.
Então, esses aditivos surgiram para aumentar a quantidade dessas substancias no óleo, para que sejam suficientes para manter o motor funcionando e proteger o motor em caso de perda da lubrificação, mas o preço é o ataque às borrachas e plásticos do motor, além da formação de substancias nocivas durante a queima e o contato com umidade no carter e na câmara de combustão.

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Marcelo 4 de maio de 2023

O marketing é tão forte e manipulador que tem aditivo de óleo recomendado até para carros novos..

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Polvo 2 de maio de 2023

Como a ANP não fiscaliza, eu acho que os próprios fabricantes de aditivos e a imprensa especializada, juntamente com alguma outra entidade de pesquisa (Inmetro, universidades, etc) deveriam promover testes destes aditivos pra ficar mais claro pro consumidor o que realmente funciona e é confiável. Se pudesse focar mais especificamente nos aditivos de combustível, pois são os que geram mais polêmica e dúvidas.

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Paulo 4 de maio de 2023

Uma boa ideia. Diante da falta de fiscalização, o melhor caminho é deixar o consumidor esclarecido. Os aditivos de combustível acabam sendo mesmo os mais visados, até mesmo pela frequência de abastecimentos, muito maior que troca de óleo, por exemplo. Afinal, a maioria dos motoristas abastece uma vez por semana, no mínimo, e quase sempre recebem “recomendações” e ofertas destes aditivos nos postos.

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Celio 5 de março de 2024

Sempre usei a Vpower e meu carro funciona melhor , quando viajo acabo sendo obrigado a colocar em alguns postos a gasolina comum por falta de aditivada , estados como Alagoas , e um exemplo de quartéis que funcionam assim , e quando uzo gazolina comum o consumo aumenta, concluindo , a Vpower no meu caso é bem eficiente !

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Rodolfo 29 de abril de 2023

Fiquei sabendo de um golpe que é a pessoa ao invés de retificar o motor ela põe um óleo mais grosso ou um aditivo para engrossar o óleo e vende o carro assim. Um professor meu caiu nesse golpe, só descobriu que foi passado pra trás quando fez a primeira troca de óleo do carro que ele comprou usado.

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Paulo 4 de maio de 2023

Sim, golpe antigo este. Por isso é preciso fazer uma avaliação bem criteriosa ao comprar um usado. De preferência por um mecânico de sua confiança. E trocar óleo e fluídos antes de começar a rodar com o carro, para ter certeza das trocas e começar a controlar as datas e quilometragens.

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Rodolfo 5 de maio de 2023

Exatamente!

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Tobias 29 de abril de 2023

Eu não uso aditivo de nenhuma espécie. Dinheiro colocado fora uma vez que a ANP não controla e não testa.

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Bob Congrat 29 de abril de 2023

Parabéns, Tobias!

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Elioricardoalvessilva 6 de maio de 2023

Olha amigo de vez em quando até peço ao frentista colocar aditivada mas a desconfiança e grande como saber se de fato e aditivada? não temos a fiscalização e que tinha que comprovar em laboratórios

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Rafael 7 de maio de 2023

Na verdade existem sim bons aditivos e até testes dele na Internet. Uso um para álcool que é excelente.

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