Airbag da Takata: mais uma morte que poderia ser evitada

Assistente social de 38 anos morreu após colisão e reacende o alerta sobre o não cumprimento das campanhas de recall dos airbags da Takata

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Mais de 100 milhões de carros foram envolvidos no recall da Takata (Foto: Shutterstock)
Por Marcelo Jabulas
Publicado em 04/10/2024 às 08h30
Atualizado em 04/10/2024 às 10h09

Foi sepultada nesta quinta-feira (3) a assistente social Marcela Gonçalves Feitosa, 38, que dirigia um Toyota Etios 2015 que colidiu contra a traseira de outro carro em Brasília (DF), na segunda-feira (30). Uma das possíveis causas da morte, segundo a Polícia Civil, foi o agravamento dos ferimentos causados por fragmentos do invólucro do airbag. O caso engrossa a lista de episódios fatais envolvendo os airbags da Takata.

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O carro de Marcela fazia parte da lista de mais de 2,5 milhões de automóveis que ainda não foram levados às concessionárias para substituição gratuita dos airbags da Takata. Segundo a Toyota, a unidade envolvida no acidente estava com recall aberto desde 2019.

Talvez Marcela não tivesse conhecimento sobre a necessidade da substituição das bolsas infláveis. Mas fato é que essa tragédia poderia ter sido evitada caso seu carro tivesse sido levado para troca dos airbags.

Histórico recente

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Em 2022 um policial civil morreu após fragmentos do airbag de seu Civic terem perfurado seu peito (Foto: Reprodução | TV Globo)

Há dois anos um policial civil também morreu após uma colisão devido aos estilhaços dos airbags defeituosos da Takata, em Belo Horizonte. Na época, a Honda, fabricante do Civic que o servidor público dirigia, tinha alertado que mais de 1 milhão de proprietários de seus carros ainda não tinham levado seus carros para a troca das bolsas.

Estes dois episódios mostram que há problemas sérios no tratamento das campanhas de recall. Há uma vista grossa por parte das autoridades, assim como uma imensa negligência dos motoristas. Apesar de a Lei Federal 14.071, de 2021, determinar que o licenciamento do automóvel só seja feito caso não haja pendências de recalls, milhões de carros ainda rodam com as bolsas defeituosas.

Airbags da Takata

O caso dos airbags da Takata desencadeou a maior campanha de recalls da história. Em todo o mundo mais de 100 milhões de carros foram impactados. Ao todo, mais de 40 pessoas morreram devido ao agravamento dos ferimentos provocados por estilhaços do recipiente que abriga as bolsas.

Mas qual é o problema desses airbags? O defeito nos airbags está em um componente chamado deflagrador. A peça é um recipiente de metal que contém um químico gerador de gás.

O deflagrador é responsável pela expansão imediata da bolsa de ar que amortece o impacto contra os ocupantes em acidentes.

A falha ocorre apenas em caso de colisão, quando o airbag da Takata é ativado.

Então, o deflagrador defeituoso explode, rompendo a bolsa de tecido e lançando estilhaços de metal, em alta velocidade, contra os ocupantes do carro.

Origem do defeito

O mau funcionamento das bolsas da Takata se deve ao gás utilizado para inflar os airbags, a base de nitrato de amônio, uma substância sólida e explosiva.

É necessário o uso de um propelente no sistema, pois o deflagrador deve ser capaz de inflar a bolsa em microssegundos para proteger os ocupantes do impacto. Ela atua de forma semelhante à pólvora numa bala de revólver, que se expande para impulsionar o projétil.

O químico, no entanto, deve ter uma ação controlada e não destrutiva. O problema é que o nitrato de amônio é considerado um material instável.

De acordo com as investigações realizadas pela National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), órgão norte-americano responsável pela segurança no trânsito, a substância sofreu uma deterioração que alterou suas propriedades, tornando-a excessivamente explosiva.

Segundo os resultados divulgados pela organização, o que levou à alteração foram altas taxas de umidade e/ou grandes variações de temperatura.

Ou seja, rodar com essas bolsas defeituosas é um perigo imenso para motoristas, passageiros e para a sociedade. Quantas outras Marcelas precisarão morrer para que donos de automóveis se atentem para a necessidade do cumprimento das campanhas de recall? Quantos outros motoristas terão que perder a vida para as autoridades engrossarem a fiscalização e punição de quem atenta contra sua própria segurança? Até quando?

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