Alemanha eliminada: além da copa, germânicos também passaram vergonha
A Alemanha foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo do Catar, mas na indústria do automóvel, ela também tropeçou várias vezes
A Alemanha foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo do Catar, mas na indústria do automóvel, ela também tropeçou várias vezes
Quem diria! A toda poderosa Alemanha foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo do Catar. Mas não é apenas no futebol que os alemães tropeçaram. Famosos por sua engenharia precisa e extremamente sofisticada, os carros alemães são referência em qualidade.
Mas até na indústria do automóvel, a Alemanha também deu suas derrapadas. A gente até poderia deixar passar batido, mas como nunca vamos nos esquecer do 7 a 1, resolvemos listar as vezes que eles pisaram no chucrute.
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Nos anos 1990, a BMW, introduziu uma nova geração de motores V8. Eles tinham bloco confeccionado em alumínio, enquanto os antecessores utilizavam o tradicional ferro fundido. Por causa dessa mudança, as paredes dos cilindros passaram a ser revestidas em uma liga de níquel e silício, batizada de Nikasil.
Foi aí que surgiram os problemas: a tal liga não apresentava falhas na Europa, mas mostrou-se inapropriada para a gasolina utilizada na América, que tinha alto teor de enxofre. Esse elemento químico atacava o Nikasil, causando forte corrosão. O defeito manifestou-se em milhares de veículos, em especial no sedã Série 5, em diferentes países, entre os quais Brasil e Estados Unidos.
Diante do problema, a BMW trocou vários motores em garantia e acabou desenvolvendo rapidamente outra liga: Alusil, à base de alumínio e silício. As ações imediatas acabaram preservando a imagem dos carros alemães do fabricante.
Talvez você nunca tenha ouvido falar na NSU. Pois saiba que essa fabricante, cujas iniciais significam Neckarsulm Strickmaschinen Union (algo como Fábrica de Máquinas de Costura de Neckarsulm, uma vez que a empresa iniciou as atividades produzindo equipamentos têxteis), é uma das mais antigas da indústria germânica.
Em 1967, a NSU lançava o Ro 80, o mais sofisticado e avançado de seus carros até então, para concorrer com os sedãs alemães da época. Considerado muito à frente de seu tempo, ganhou o título de Carro Europeu do Ano em 1968. Uma das inovações tecnológicas, porém, acabou sendo o calcanhar-de-Aquiles do modelo: o motor do tipo Wankel.
Nesse tipo bastante incomum de motor, não há cilindros nem pistões, e sim rotores. O problema é que a unidade que equipava o NSU Ro 80 apresentou baixa durabilidade, devido a problemas de vedação. Alguns veículos precisaram de retífica antes dos 50 mil quilômetros.
Os custos com reparos em garantia e, principalmente, os danos comerciais causados pelo problema foram graves demais para a NSU. Em 1969, a empresa foi incorporada ao Grupo Volkswagen. A partir de 1970, as falhas de vedação foram enfim resolvidas, mas as vendas do sedã já estavam em ruínas. O Ro 80 saiu de linha em 1977 e foi o último produto da marca.
Quem viveu a década de 1990 deve se lembrar do problema de estabilidade envolvendo o Mercedes-Benz Classe A. O compacto causou uma revolução na gama do fabricante, devido ao projeto incomum. A carroceria elevada, característica marcante do modelo, devia-se, entre outros motivos, a uma estrutura de deformação programada sob o assoalho. Mas, ironicamente, a altura trouxe um problema de segurança.
Ainda recém-lançado no mercado mundial, o Classe A deu vexame no chamado teste do alce. O veículo simplesmente tombou durante a manobra, que consiste em um desvio rápido de trajetória. O péssimo resultado na prova, realizada pela publicação sueca Teknikens Värld, rodou o mundo.
O fabricante agiu rápido e providenciou aperfeiçoamentos, que incluíam alterações nas suspensões e nas rodas, além da adoção de controle de estabilidade de série. Isso permitiu que a trajetória do Classe A continuasse até os dias de hoje, após a chegada de novas gerações. Vale lembrar que os alemães da Mercedes produziram esses carros em Juiz de Fora (MG) entre 1999 e 2005, já com as devidas correções.
O Dieselgate é um dos maiores escândalos da indústria automobilística. A protagonista é a Volkswagen, mas outros fabricantes de carros, inclusive outras da Alemanha, como Mercedes-Benz, Porsche, Opel e Audi também participaram da fraude. O caso veio à tona em 2015, quando a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) descobriu altos índices de emissões de poluentes.
Um software instalado em motores 2.0 a diesel identificava quando eles estavam passando por testes de emissões. Nessas situações, o equipamento fazia com que as exigências legais fossem cumpridas. Contudo, em situações comuns, os gases expelidos, em especial os óxidos de nitrogênio (NOx), ultrapassavam o limite legal em até 40 vezes.
A descoberta do problema desencadeou recalls e até prisões de executivos. Um dos veículos envolvidos no escândalo do Dieselgate é bem conhecido dos consumidores brasileiros: a picape Volkswagen Amarok 2.0 turbodiesel.
Tudo bem: esse defeito só aconteceu com carros produzidos no Brasil, mas a Volkswagen é uma marca com todos os vínculos alemães. Além do mais, o projeto da Kombi foi, inicialmente, desenvolvido no país de origem. Logo, não há como abonar as falhas da equipe local de engenharia.
A versão a diesel da Kombi foi lançada em 1981 para as configurações picape (com carroceria de cabine simples ou dupla) e furgão. O motor foi criado a partir do do 1.6 de refrigeração a líquido que equipava, na época, o Passat.
Um erro de desenvolvimento, porém, deixou o sistema de arrefecimento subdimensionado, fazendo com que a temperatura de funcionamento permanecesse constantemente acima da faixa ideal. Consequentemente, logo começaram a surgir casos de motores fundidos com baixa quilometragem.
A Volkswagen custeava os reparos apenas quando o problema ocorria no período de garantia. Após esse prazo, cabia ao proprietário arcar com a retífica. A Kombi a diesel acabou saindo de linha 1986 sem que a falha fosse solucionada. A maioria das unidades fabricadas recebeu diversas adaptações: a mais comum era a troca do motor pelo tradicional Boxer, de refrigeração a ar, a gasolina.
E lá vai a Alemanha de novo!
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A versão a diesel da Kombi foi lançada em 1981.
Naquele ano, adquiri um Fusca 1300 movido a álcool problemático. Fundiu o motor um mês depois de findar a garantia.
Adivinhem quem arcou com o prejuízo?
Eu. Simplesmente eu.