Alfa Romeo Giulia GTAm: aterradoramente rápido, assustadoramente caro
A Alfa deveria ser aplaudida por fazer um carro como esse quando o resto do mundo está vertendo todos os seus recursos no absurdo carro elétrico
A Alfa deveria ser aplaudida por fazer um carro como esse quando o resto do mundo está vertendo todos os seus recursos no absurdo carro elétrico
Numa quinta-feira de manhã, poucas semanas atrás, eu havia levantado cedo para começar a colheita na minha fazenda. Mas quando estava tirando o trator da garage, uma pessoa da Alfa Romeo apareceu inesperadamente com um carro que eu queria dirigir há meses: a “Edição-Limitada” Giulia GTAm
Ela explicou que eu só poderia ficar 24 horas com ele e isso, francamente, me colocou numa sinuca. Eu precisava fazer a colheita, era realmente necessário. Mas eu tinha também que dirigir o carro. Isso também era necessário. Só que começou a chover, o que significava, realisticamente, que eu não poderia fazer nem uma coisa, nem outra.
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O problema é que o Alfa Romeo é dotado de pneus Michelin Cup, que grudam muito em dias quentes e secos, mas quando piso está molhado é como se fossem uma mistura de sabão líquido e mercúrio. Desse modo, querer explorar o potencial do carro, e este é o meu trabalho, é preciso ficar esperto ou entra na primeira curva como fez Valtteri Bottas na Hungria.
Nunca liguei para carro de pouca aderência numa estrada que agarra pouco. Achava divertido ficar escorregando, mas estou com 61 anos agora e, tenho que ser honesto, não acho mais. Me dá medo.
Muita coisa me assusta hoje. Subi numa porteira de cinco travessas semana passada e quando eu estava na instável terra de ninguém com meu traseiro no topo e uma perna freneticamente procurando alcançar o solo, fiquei genuinamente apavorado diante da possibilidade de cair. E de provocar um terremoto.
Precisa me ver saindo do chuveiro. Sempre me preocupou levantar um pé sobre a borda da banheira ,o outro pé escorregar e eu cair, o queixo o primeiro a bater na borda. Tenho a mesma preocupação ao tirar as calças à noite por ser preciso me equilibrar numa perna e ela não dar conta do recado.
Esta é uma preocupação realística. Isso porque quando se tem 61 anos e se pesa tanto quanto uma locomotiva, tem-se plena consciência que os joelhos só servem para nos manter de pé. Não absorvem nenhum tipo de impacto, o que significa não se poder mais pular sobre qualquer coisa. Nem mesmo um pequeno degrau.
Tornei-me um motorista algo tímido, tão tímido que outro dia passei por um radar e ao olhar para o velocímetro eu não estava nem a 40 km/h. Foi a primeira vez que isso me aconteceu.
Sempre achei que 100 km/h fosse um limite burro numa autoestrada e andei muito no dobro disso, mas agora, especialmente quando está chovendo, me contento em ir monotonamente a 80km/h e isso me entristece. Mas estou sempre ciente das árvores nas margens da estrada e sei da urgente necessidade de não bater em nenhuma. É como algo fincado na minha mente de repente tenho noção de que sou vencível.
Talvez haja um porquê disso. Se minhas reações estão tão gastas como meus joelhos, quer dizer que numa emergência, até eu conseguir pisar no freio eu já estaria em uma ambulância.
Claro, eu poderia ter pegado o Alfa e dirigido devagar, mas não num carro como esse. Com nome em homenagem aos carros de corrida que a Alfa pôs na pista nos anos 1960, são duas versões, GTA e GTAm. Este último tem gaiola de segurança em vez de banco traseiro e uma enorme asa traseira.
É um carro fantasticamente lindo, em parte graças à cor — um verde vívido — mas principalmente pelas bitolas mais largas. Parece-se agora com uma carroceria esticada para cobrir as rodas, como se tudo por baixo dela estivesse procurando escapar Lembra-se do Schwarzenegger carregando o tronco de árvore no início de “Comando para Matar”. Igual.
E tem mais. As rodas têm porca única, fixação central, como num carro de Fórmula 1. Os freios são carbocerâmicos. Os itens de aerodinâmica — desenvolvidos no túnel de vento da Sauber — resultam no GTAm ter três vezes a força vertical descendente em relação ao carro no qual é baseado, o Quadrifoglio. Sob o capô, um acerto na unidade de controle do motor aumentou a potência em 30 cv.
É então um Alfa Quadrifoglio — que já é um dos meus carros favoritos — com o som e o brilho um pouco maiores. E é isso que me preocupava. Parecia que seria um monstro feito para as pistas rebaixado e aliviado, um carro nos moldes do meu velho Mercedes CLK Black. E isso, enfaticamente, não é o que você quer aos 61 anos e chovendo.
O visual, contudo, pode ser decepcionante porque enquanto este é um Quadrifoglio rebaixado e mais rígido, ele não é nem mesmo remotamente o que eu estava esperando. Porque ele não é nada duro e exigente em habilidade do motorista. Passa maravilhosamente sobre lombadas e ondulações, e isso logo me deu confiança para acelerar um pouco mais e mais.
Até ficar finalmente relaxado para andar bem rápido. E ainda não estava assustado porque 540 cv é muita coisa, mas o carro não é burro. O diferencial pode ser um pouco preguiçoso às vezes, mas o importante é a potência ser administrável. Potência divertida.
Certo, os pneus não têm tanta aderência quanto eu gostaria, o que ficou provado, em algumas curvas, que os músculos do meu esfíncter ainda funcionam. Mas na maioria das vezes foi como — vou dizer — no Quadrifoglio básico. Ele tinha a mesma direção rápida, o mesmo rosnar de V6 e o mesmo senso de controlabilidade. Nem pareceu muito mais rápido. Provavelmente porque, na reta, não é. Não mesmo.
Certamente parece-se no interior com o carro normal. Sim, você pode escolher os cintos — um de competição 4-pontos ou o normal retrátil inercial — mas não há muitas outras diferenças: o GPS ainda é muito pequeno e difícil de operar, e ainda não se consegue ver os botões no volante à noite.
Há, todavia, uma grande mudança. O preço. Custa 155 mil libras (R$ 1 milhão) no Reino Unido. Significa que não é apenas mais caro do que seu único rival de verdade — o insano Project 8 da Jaguar — mas também que um Porsche GT3. Pode-se comprar um Quadrifoglio por menos da metade do preço, é o que eu faria.
Sim, o GTAm é um carro notável e a Alfa deveria ser aplaudida por fazer tal coisa quando o resto do mundo está vertendo todos os seus recursos no absurdo carro elétrico. Mas o que ele mais fez foi lembrar como é bom o carro básico é que eu deveria ter um.
Porquê dessa maneira eu não precisaria escolher entre a colheita e o carro. Poderia fazer um e depois o outro.
Nota da Jeremy |
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4 ★★★★☆ |
Ficha técnica | Alfa Romeo Giulia GTAm |
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Motor | 2.891 cm³, V6, turbo, gasolina |
Potência | 540 cv a 6.500 rpm |
Torque | 61 kgfm a 2.500 rpm |
Aceleração 0-100 km/h | 3,8 s |
Velocidade máxima | 307 km/h |
Consumo | 9,3 km/l |
Peso | 1.580 kg |
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O que tem de erro de português na matéria é uma verdadeira tragédia. Colocaram no Google Tradutor? Jeremy Clarkson arrancaria o restante dos cabelos.
……..o que ficou provado, em algumas curvas, que os músculos do meu esfíncter ainda funcionam. kkkkkkkk
O cara é sensacional. No mais, concordo com o Sir. Alves, que coisa mais linda.
Bela matéria!
Os europeus ainda possuem bom gosto pra carro…. nada desses pseudo suvs com motor mosquito 1litro turbo…