Anfavea e Procon-SP não endossam autoridade do Latin NCAP
Para associação de fabricantes e órgão de defesa do consumidor, veículos brasileiros atendem legislação estabelecida pelo governo
Para associação de fabricantes e órgão de defesa do consumidor, veículos brasileiros atendem legislação estabelecida pelo governo
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (8), Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (associação das fábricas de veículos), declarou não concordar com as avaliações de segurança veicular realizados pela entidade uruguaia Latin NCAP.
“Claro que somos a favor da segurança veicular e de se exigir níveis cada mais elevados de proteção aos passageiros”- disse Moraes – “mas não aprovamos os critérios adotados por esta entidade, que não tem transparência nem dá condições aos fabricantes de se adequarem à introdução de novas exigências”.
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Ele respondia à questão levantada pelo AutoPapo sobre os testes de impacto realizados recentemente com o Renault Duster, meses depois de a entidade uruguaia ter estabelecido novas exigências em suas avaliações.
O SUV da marca francesa tinha sido aprovado em 2019 pelo mesmo Latin NCAP, com quatro das cinco estrelas possíveis. Em 2020, “subiu a régua” das exigências. Em 2021, uma nova avaliação zerou as estrelas do carro.
“Não podemos concordar com os métodos aplicados pelo Latin NCAP e estamos avaliando o que a Anfavea pode fazer no sentido de se modificar essa situação que prejudica nossas fábricas. E mais confunde que ajuda o consumidor. Mas não podemos impedir que venham ao Brasil e comprem um carro para ser submetido a testes de impacto”, disse Moraes.
O presidente da Anfavea acrescentou que todos os veículos comercializados no Brasil são testados e certificados pelo Denatran, órgão regulador da segurança veicular no país e que estabelece dezenas de exigências a serem cumpridos pelas fábricas locais.
Lembrou que dois modelos já foram desativados no Brasil em função dessas exigências: Kombi e o Uno Mille.
Dias depois de publicada a avaliação do Renault Duster, o Procon-SP notificou a fábrica francesa, exigindo explicações para o baixo nível de segurança de seu modelo. E que poderia aplicar multas de até R$ 11 milhões.
Questionamos o Procon-SP, um órgão governamental vinculado ao Estado de São Paulo, sobre o critério estabelecido por sua diretoria de fiscalização para notificar e autuar a Renault. A partir do resultado de testes realizados por uma entidade estrangeira não credenciada, homologada ou certificada pelo governo brasileiro. E que não segue os padrões de exigências estabelecidos pelo órgão regulador brasileiro, o Denatran.
O Procon-SP informou que bastaria a Renault provar que segue as exigências da nossa legislação (já esclarecido pela empresa) para se arquivar o processo.
Entrevistamos também diversos responsáveis pela segurança de automóveis nas fábricas – que pediram para não serem identificados – e a opinião é sempre a mesma: as práticas do LatinNCAP seguem critérios inaceitáveis.
Avisam, por exemplo, aos fabricantes que estão sendo estabelecidos novos parâmetros a serem cumpridos nos testes dentro de três anos. Muito antes, durante o desenvolvimento do projeto de um novo carro que se enquadre nos novos padrões, a entidade altera parâmetros.
Outra distorção na divulgação de avaliações da entidade uruguaia é testarem carros comercializados em outros países da América do Sul, com legislação diferente – e menos exigente – que a brasileira. São reprovados, mas os resultados informados à imprensa brasileira, confundindo o mercado.
A Ford Ranger foi testada e reprovada na Colômbia, onde não são exigidos os dois airbags. O Kia Picanto vendido lá também foi penalizado. E os resultados divulgados no Brasil.
Falo mais sobre esse assunto no vídeo abaixo; confira:
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A Anfavea compactuou com o Inovar Auto, compactua com a Substituição de Importações, compactua com 28% de etanol no combustível, paramos por aqui.
Latin ncap está certa.mais segurança para todos. É óbvio que anfavea não concorda… São extremamente corporativos e só fazem algo por obrigação legal
A Latin NCAP acompanha os padrões internacionais de avaliação, e estes vão se tornando mais rigorosos com o tempo, visando proteger os usuários. Se não houver estes testes e os inevitáveis constrangimentos para as montadoras mais relapsas e tóxicas, teremos carros inseguros permanentemente.
Boa consideração, quero ver o carro do presidente desta Instituição, se não é um veículo importado testado por algum Ncap.
É, como a notícia é ruim, querem matar o pobre do mensageiro. Poderíamos nos orgulhar de termos os carros mais seguros da America Latina, mas ao invés, estamos a tentar denegrir a imagem da entidade testadora. É lamentável…
Não se trata disso Ivan. É que os países da América do Sul tem legislações diferentes. O caso da Ford Ranger é emblemático: Testaram a versão colombiana da pick up (cabine dupla) que não tinha airbags por que a legislação não exigia. Informaram o resultado do teste desse veículo no Brasil, mas sem observar que esta versão não era comercializada no nosso país. Por aqui, naquela época, ela era comercializada com sete airbags na versão mais básica (pena que hoje são apenas três). Nesse caso, é a mensagem saindo de maneira distorcida da origem.
Diego, sinto muito mas não concordo com você. Não se trata de legislação e sim de segurança veicular. Infelizmente nossa legislação sobre o assunto é “terceiromundista” ao extremo, cedendo facilmente ao lobby das montadoras. Não consigo aceitar que a segurança dos carros vendidos aqui possa ser inferior a dos similares americanos e europeus, nossos corpos não são menos frágeis do que os deles!
Exatamente. Se depender de anfavea não teria airbag e ABS. Apoio o mensageiro.
Anfavea fica em berço esplêndido, a Lei diz que não precisa de proteção, basta segui-la.
As fabricantes se limitam a fabricar veículos em nosso país, atendendo apenas a nossa legislação que é totalmente “manipulada”, visando a redução de custos com o consequente aumento dos lucros; enquanto na Europa e EUA o lucro das fabricantes gira em torno de 3% a 5%, por aqui ultrapassa os 14 %.
Levem em consideração, que o custo dos pontos de solda aplicados na fabricação de cada veículo, incluindo-se a energia elétrica, gira em torno de 20%. Nenhuma empresa abriria mão reduzir custos e aumentar seus lucros, visando atender somente a nossa legislação.
Acredito que apenas carros importados da Europa e EUA possuam notas máximas, os nacionais não passam de puro marketing.
parabéns mais uma vez ao Boris, que sempre muito esclarecedor, foi o primeiro “a levantar a lebre” sobre essa Latin NCAP. Até o PROCON-SP deu uma escorregada quando disse que poderia multar a fábrica em até R$ 11 mi, depois de questionado pelo auto papo, até onde sei, voltou atrás dizendo que se a resposta fosse que atende a exigências nacional, o processo seria arquivado. Parafraseando o Boris “picaretagem” do órgão em antecipar essa publicação.
A LatinNcap trata-se de uma entidade privada, cuja “única fonte de faturamento” são as próprias fabricantes de automóveis; “algumas” montadoras preparam os veículos especialmente para os testes, utilizando-se de aços especiais, pontos de solda exigíveis no projeto e reforços estruturais. Pagam milhões para conseguirem as tão almejadas “CINCO ESTRELAS”. E nada melhor do que pagar muito, para que um veículo concorrente seja submetido ao teste sem nenhuma preparação. Quando vemos uma fabricante envolvida em uma fraude mundial, utilizar facão de suspensão e eixo que quebram, economizar até em acabamentos plásticos, falta de alça de apoio, qualidade de faróis e lanternas sofríveis, etc., é melhor acreditar em Papail Noel do que nas estrelas desta entidade, cuja finalidade é vender “MARKETING DE SEGURANÇA AUTOMOTIVA”. Caso a escolha do veículo fosse aleatória, e acompanhada por um órgão fiscalizador, o céu de brigadeiro com muitas estrelas de determinadas fabricantes, ficaria totalmente nublado.
Deve seguir a eurocap. Quanto mais seguro melhor. Anfavea é um cartel, ou estou enganado?
Até onde sabemos, os carros são comprados em concessionárias, escolhidos aleatoriamente, para não distorcer a avaliação da segurança dos modelos avaliados.
Na minha opinião o Latin NCAP para ser Latin deveria ser composto por membros te todos os países da América Latina, se não for não é Latin, mas sim Uruguai NCAP.
O nome desse “entidade” deveria ser LatrinanCap porque só fazem *erda.