Aumento da gasolina para 35% de etanol: veja como isso afeta seu veículo

Aprovado pela Câmara dos deputados, o Projeto de Lei 528/2020 prevê que haja uma maior mistura dos combustíveis até 2030

bomba de combustível - aumento gasolina
O percentual vai sair de 27% para 35% (Foto: Shutterstock )
Por Lucas Silvério
Publicado em 22/03/2024 às 09h02

O combustível do futuro tem surgido com alegria na boca da bancada ruralista, mas com fortes preocupações para a frota rodoviária brasileira. Além do aumento constante que o óleo diesel tem sofrido com a crescente exponencial do biodiesel na mistura, quem agora pode ser afetado é o condutor comum, que utiliza carros e motos a gasolina para se locomover.

Aprovado pela Câmara dos Deputados, o PL 528/2020 prevê o aumento da gasolina, mas não nos preços e sim na mistura do etanol nela. Na proposta a gasolina deixa de ser até 27% de etanol e teria um teto de 35%. Além de tudo, o diesel não foi esquecido e passará de 14% de biodiesel para 20%. Esta medida que tem um caráter ecológico já diminui a vida útil dos motores dos pesados e agora também preocupa os cidadãos que têm medo de ter seus veículos de passeio ou do dia a dia danificados, além do seu bolso ainda mais furado.

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A medida parlamentar leva os proprietários a duas preocupações principais: maior consumo e os problemas que o aumento da gasolina 35% podem gerar ao motor do automóvel.

Aumento do consumo

Para onde mais dói imediatamente é inegável que o consumo dos veículos que utilizarem a nova gasolina irá crescer, isso pelo simples fato de que o etanol queima mais rápido que a gasolina. Dessa forma, tendo mais etanol na mistura, a queima será mais rápida. E como se não bastasse, também não há nenhuma garantia que haverá redução de preços deste combustível, o que seria a medida mais justa.

Aumento da gasolina para 35% de etanol: problemas no motor

Já no segundo problema que assombra os brasileiros existe uma diferença que varia de modelo para modelo. Os carros flex vão sofrer apenas com o problema do maior consumo, uma vez que eles são preparados para receber gasolina e etanol independente da mistura que pode ser como o condutor preferir. Os motores flex são preparados para isso.

Mas e como ficam os motores feitos apenas para a gasolina?

Segundo o Professor doutor de tecnologia da mobilidade, mestre em engenharia da energia, engenheiro mecânico, e coordenador do curso de engenharia do Ibmec, Hélder Giostri, estes carros deverão passar por ajustes eletrônicos para poder suportar a nova gasolina.

Os veículos que são puramente a gasolina, os veículos que não são flex, a gente tem que ter uma atenção especial. Eles já estavam homologados e preparados para rodar com uma determinada porcentagem de etanol dentro da gasolina, que é uma realidade do combustível brasileiro. Mas quando se aumenta essa mistura de etanol no combustível é preciso que a gente tenha um ajuste no veículo para este novo tipo de combustível que tem uma octanagem, uma energia diferente da que havia no mercado. Isso é fácil de resolver? Sim, é possível resolver esses veículos à base de gasolina através da eletrônica, por meio da central eletrônica que pode ser atualizada para reconhecer essa nova mistura de combustível”, afirma o especialista.

  • Aqui é importante pontuar que estes ajustes eletrônicos devem ser feitos pelas fábricas, ou seja, modelos já em circulação podem receber o ajuste, mas as fábricas já não têm essa responsabilidade.

Os veículos, se eles não estão calibrados para um determinado combustível, ele polui mais. Isso porque o motor não entende essa mistura de gasolina com etanol que tem uma propriedade diferente, uma octanagem diferente e na hora que ocorre a queima desse combustível ela não é completa. Isso faz com que haja mais poluentes sendo jogados na atmosfera. Essa queima incompleta pode ser acusada pelos “tiros” no cano de descarga, pois eles queimam lá, depois do ponto de queima correto que é o motor”, diz o especialista.

Desta forma, a medida do aumento na gasolina, que é sustentável, perde seu propósito e apenas pesa no bolso dos brasileiros.

O professor também aponta que os modelos nacionais que são produzidos atualmente, podendo se estender até modelos feitos na última década ou um pouco mais antigos, não precisam de nenhuma mudança mecânica

A estrutura dos veículos, seus componentes, já são preparadas para receber diferentes percentuais de combustíveis. Quando eles são fabricados e projetados já existe um coeficiente de segurança, então esses veículos conseguiriam assim receber essa nova gasolina. Nessa nova formulação então não precisaria, a princípio, de nenhuma mudança estrutural, apenas uma uma regulagem eletrônica”, continua Giostri.

Em contrapartida, os carros importados, que muitas vezes não contam com a mesma estrutura que os feitos aqui no Brasil, podem ser afetados com o aumento da gasolina para 35% de etanol.

Em relação aos veículos importados, veículos importados a gasolina, aí a gente tem um ponto de atenção, porque veículos importados não costumam ter adição de etanol no combustível. A gente fala que eles rodam com a gasolina mais pura. Estes sim podem vir a sofrer e ter problemas problemas técnicos de motor, de borras, de bico injetor. Então os veículos importados vão ter que se limitar à procura de gasolinas mais puras, que seriam as gasolinas premium”, completa o engenheiro.

  • O nosso querido Boris Feldman já vem nos alertando deste mesmo problema que o alto teor do biodiesel causa nos pesados.

Aumento da gasolina para 35% de etanol: pensamento sustentável

Toda essa conversa de “combustível do futuro” vem sendo apresentada como uma medida sustentável para o mercado. Estas novas misturas são sim mais ecológicas para o meio ambiente.

Essas mudanças que ocorrem, elas têm uma bandeira muito forte que a sustentabilidade, dos combustíveis mais limpos e é de notório saber que o etanol polui menos do que a gasolina. Se a gente pega o análise do ciclo de vida do etanol – analisando o etanol desde a sua produção, do seu plantio até a reciclagem que no caso dos motores é quando eles acabam virando poluentes – a gente vê que de maneira global que ele polui menos se comparado à gasolina, que gasta muita energia para extrair, refinar e utilizar,” reforça o professor.

Entretanto não se pode esquecer que estes combustíveis são fabricados por produtores rurais, tanto o biodiesel quanto o etanol. O interesse político certamente tem um apelo grande pela bancada ruralista que tem uma parcela forte dos representantes políticos do país.

Tal peso nas decisões está ofuscando as necessidades dos motoristas que já afirmam os prejuízos que isso pode causar ao bolso do cidadão e também a seus modelos, que não possuem adequação eletrônica ou mecânica para receber este aumento na gasolina.

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2 Comentários
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Brenda 22 de março de 2024

A ideia é boa e visa atender ao Interesse Público (IP), porém, há aqueles que buscam o Interesse Próprio, “IP”.
Apesar das iniciais serem as mesmas, “IP”, como o utilizado na internet, os significados são completamente distintos e pior ainda são os resultados!!

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Tobias 22 de março de 2024

Lobby, lobby.,lobby.

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