Avião caiu na Índia: Boeing 787 suspenso por falha de qualidade

Avião envolvido em acidente que matou pelo menos 241 pessoas é moderno em comparação a outras aeronaves, mas possui várias polêmicas

Boeing 787 8 da Air India idêntico ao acidentado nessa semana FOTO Divulgação
Dezoito anos depois do primeiro Boeing 787 ser fabricado, o jato de passageiros registrou seu primeiro acidente com vítimas fatais e perda total da fuselagem. (Foto: Divulgação)
Por Eduardo Passos
Publicado em 13/06/2025 às 11h04
Atualizado em 14/06/2025 às 12h54

Nesta quinta-feira (12), um avião da Air Índia com aproximadamente 242 pessoas caiu logo após a decolagem no aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. O vôo 71 seguia para o aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido, e ainda não se sabe a causa do acidente, mas muitas suspeitas recaem sobre a confiabilidade da aeronave em questão, um Boeing 787.

O vôo 71 seguia para o aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido e levava 230 passageiros (169 indianos, 53 britânicos, 7 portugueses e 1 canadense) e 12 tripulantes a bordo. Estima-se que o acidente tenha feito 241 vítimas com apenas um sobrevivente, que segundo a BBC conseguiu escapar ao saltar pela saída de emergência do avião.

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Mas, afinal de contas, o Boeing 787 pode ter sido o responsável pela queda do avião da Air Índia? Atualmente há outras 1.188 unidades desse modelo  que seguem voando em todo o mundo.

Essa é uma pergunta que só os investigadores poderão responder, mas as autoridades não vêem motivos para preocupação. Por enquanto, é possível analisar o histórico do 787, que apresenta algumas polêmicas.

O Boeing 787 é um avião que cai muito?

A resposta é clara: não. Até ontem, nunca havia sido registrado um acidente com morte ou perda total de um Boeing 787.  É um registro ainda mais impressionante considerando que, segundo a Boeing, a frota de 787 já completou mais de 30 milhões de horas voadas, com 5 milhões de pousos e decolagens, aproximadamente.

Latam é a única empresa nacional que opera o 787 FOTO Mike Hoffmann
No Brasil, o Boeing 787 é operado principalmente pela Latam, mas também é utilizado por companhias como Qatar Airways e United Airlines (Foto: Mike Hoffmann | Reprodução).

Mesmo considerando o acidente do Air India, a taxa de fatalidades do 787 ainda segue três vezes menor do que a do 767, seu antecessor. Se comparado a aviões comerciais já aposentados, o 787 mata 28 vezes menos, proporcionalmente.

Por que ele é tão popular e comum?

Para um leigo, o Boeing 787 pode ser idêntico a jatos dos anos 1990 e 1980. Mas o Dreamliner, como é apelidado, revolucionou a indústria e caiu no gosto das companhias aéreas pela imensa economia de combustível que oferece.

Para isso, a Boeing apostou em materiais mais leves na fuselagem, motores mais eficientes e até asas curvadas, cujo desenho já era especulado mas só ganhou traços finais com uso de computadores surgidos no século XXI. Tais escolhas permitiram que o Boeing 787 economizasse 25% de combustível em relação à geração anterior de jatos transcontinentais.

Além do lucro, isso possibilitou voos extremamente longos, como o de Paris à Polinésia Francesa, em que são percorridos 15.715 km em 17h de voo. No caso de rotas mais curtas, é possível levar até 336 passageiros e 57 toneladas de carga.

O avião que caiu na Índia é feito de plástico?

O Boeing 787 foi o primeiro avião comercial cuja fuselagem não era feita principalmente de alumínio, mas de CFRP, sigla em inglês para “polímeros reforçados por fibra de carbono”. Esse tipo de material, chamado de compósito, é um “sanduíche”, sua função principal de resistência cabe à fibra de carbono, mas plásticos como epóxi, náilon e poliéster servem como a “argamassa” que une e distribui as cargas.

Ao todo, são 12 toneladas de plásticos espalhados pelo charuto, asas e outros componentes do 787. Os polímeros empregados têm propriedades especiais e, segundo dados históricos, é até menos propício a falhas em comparação com o alumínio. Não à toa, o Airbus A350 emprega a mesma tecnologia desde seu lançamento, em 2013.

Problemas graves envolvendo o Boeing 787

Em janeiro de 2013, duas unidades do 787 sofreram com incêndios nas baterias que auxiliam os sistemas de voo. Os incidentes não causaram problemas graves, mas a diferença de dias motivou a abertura de uma investigação profunda.

Pela primeira vez em 44 anos, a FAA (autoridade de aviação dos Estados Unidos) ordenou uma parada completa de um avião. O uso do 787 retornou só em abril daquele ano, com exigência de que as baterias estivessem envolvidas em proteção especial.

Nos últimos anos, o modelo também sofreu com escândalos de qualidade e cultura corporativa envolvendo a Boeing. Desde 2021, as entregas do 787 foram suspensas por quase 18 meses no total; motivos incluem de parafusos mal apertados a desconfiança quanto à qualidade de inspeção da empresa.

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1 Comentário
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Santiago 14 de junho de 2025

A aeronave acidentada já voava há catorze anos. Geralmente quando o problema é falha de projeto ou de fabricação, o aviao não chega a operar tanto tempo assim até acontecer uma ocorrência grave.
De qualquer forma, só mesmo as investigações vão revelar o que de fato houve.

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