Bateria de carro elétrico vicia? Cada vez mais, parece que não

Novas pesquisas indicam que baterias de carros elétricos podem durar até 40% mais do que estimado, reduzindo temores sobre degradação e revenda

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Bateria do carro elétrico é um componente caro, mas será que enfraquece como um celular? (Foto: GM | Divulgação)
Por Eduardo Passos
Publicado em 29/03/2025 às 17h00

Entre as maiores preocupações de quem cogita comprar um carro elétrico, está a preocupação com a degradação das baterias à medida que os anos passam. O risco da bateria do carro “viciar” como a de um telefone causa temor e, inclusive, contribui para a desvalorização desses veículos. Mas será que isso é verdade?

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A resposta é “aparentemente não”. Isso porque, primeiramente, os carros elétricos são uma novidade e, para ver como o tempo afeta esse tipo de tecnologia, é necessário que, antes de tudo, o tempo passe. Entretanto, a análise dos primeiros carros elétricos vendidos já dão uma ideia.

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Depois de 10 anos, bateria do Tesla Model S perdeu apenas 20% de capacidade (Foto: Tesla | Divulgação)

Uma das pesquisas mais completas foi feita pela Geotab, uma empresa especializada em gestão de frotas que analisou dois Tesla Model S e Nissan Leaf de 2015. São dois carros que trazem tecnologia de dez anos atrás, muito menos avançada do que há disponível nos EVs zero-km de hoje.

Mesmo assim, os estudos mostraram que não houve mais do que 20% de perda na capacidade energética: isso significa que se alguém comprou um Model S há uma década ainda teria 360 km de alcance com a bateria cheia.

Bateria de carro elétrico não vicia

O vício de baterias mais comum ocorre principalmente em eletrônicos domésticos e corresponde ao chamado efeito memória. Esse fenômeno químico é típico das células de níquel-cádmio (NiCd), que não são usadas na indústria automotiva e, acreditam os cientistas, tendem a modificar suas estruturas químicas com o crescer do uso.

PILHA DE BATERIAS DE CELULAR SHUTTERSTOCK
Baterias dos automóveis são diferentes das utilizadas em celulares e pequenos eletrônicos (Foto: Shutterstock)

Os EVs, porém, usam principalmente as células de íons de lítio. Entre os motivos que causam a diminuição na capacidade desse tipo bateria, aponta a Geotab, não há efeito memória, mas, em menor escala, há o uso em ambientes muito quentes e recarga frequente em carregadores rápidos (de corrente contínua). Por outro lado, o estudo não viu diferenças em usar ou não o carro por longas horas seguidas ou impedir que a carga chegue perto de 0%.

Em relação ao calor, os últimos anos foram marcados por novidades importantes na indústria: Porsche e Audi, por exemplo, lançaram a nova plataforma PPE, que “divide” a bateria em dois fluxos de energia paralelos para reduzir o desgaste térmico, controlado também por um novo software que dosa a velocidade da recarga.

A BYD, por sua vez, acaba de lançar uma nova versão da bateria Blade, com alterações microscópicas que diminuem a resistência elétrica e, consequentemente, o calor gerado na recarga.

Vida longa pela frente

O fato de marcas como a própria BYD oferecerem cerca de oito anos de garantia para o sistema elétrico traz a impressão de que, após esse período, a bateria simplesmente morrerá. Em dezembro de 2024, pesquisadores da Universidade de Stanford perceberam o contrário e avisaram: as atuais baterias vão durar muito mais do que imaginamos.

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Ensaios laboratoriais buscam acelerar o processo de carga e descarga para estimar a durabilidade das baterias mostra que ela não vicia fácil (Foto: Shuttertock)

Para “viajar” no tempo, os cientistas realizaram milhões de ciclos de carga e descarga para simular anos de uso. Foram nada menos que 92 tipos diferentes de baterias testados ao longo de 24 meses de ensaios.

Para nossa surpresa, a direção no mundo real, com acelerações frequentes e frenagens que recarregam o carro um pouco, ajuda a bateria a durar mais tempo do que pensávamos com base nos testes padronizados da indústria”, disse a pesquisadora Simona Onori.

Desse modo, acreditam, os resultados podem ser até 40% do que as marcas estimam de vida de útil para seus carros elétricos. No caso da BYD, que é uma das líderes globais da tecnologia, o resultado pode ser impressionante: de acordo com a fabricante, suas baterias Blade atuais levarão 25 anos para atingir os 20% de perda de capacidade.

A tendência é que, no futuro próximo, os lançamentos sejam ainda menos vulneráveis a esse problema, já que as marcas apostam em novas “receitas” para o armazenamento de energia. Tais novidades incluem baterias de sódio, baterias de estado sólido e construção simplificada, que permite trocar as pilhas defeituosas por peças novas, restaurando as características originais do conjunto.

Ainda há motivos para que um comprador tema adquirir um carro elétrico. O medo de que, na hora da venda, tenha um veículo sem “fôlego” para vender, entretanto, parece cada vez mais irracional.

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1 Comentário
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Carlos Alberto Ranieri 31 de março de 2025

ótima notícia! … carro elétrico é tudo de bom

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