Bateria de carro elétrico vicia? Cada vez mais, parece que não
Novas pesquisas indicam que baterias de carros elétricos podem durar até 40% mais do que estimado, reduzindo temores sobre degradação e revenda
Novas pesquisas indicam que baterias de carros elétricos podem durar até 40% mais do que estimado, reduzindo temores sobre degradação e revenda
Entre as maiores preocupações de quem cogita comprar um carro elétrico, está a preocupação com a degradação das baterias à medida que os anos passam. O risco da bateria do carro “viciar” como a de um telefone causa temor e, inclusive, contribui para a desvalorização desses veículos. Mas será que isso é verdade?
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A resposta é “aparentemente não”. Isso porque, primeiramente, os carros elétricos são uma novidade e, para ver como o tempo afeta esse tipo de tecnologia, é necessário que, antes de tudo, o tempo passe. Entretanto, a análise dos primeiros carros elétricos vendidos já dão uma ideia.
Uma das pesquisas mais completas foi feita pela Geotab, uma empresa especializada em gestão de frotas que analisou dois Tesla Model S e Nissan Leaf de 2015. São dois carros que trazem tecnologia de dez anos atrás, muito menos avançada do que há disponível nos EVs zero-km de hoje.
Mesmo assim, os estudos mostraram que não houve mais do que 20% de perda na capacidade energética: isso significa que se alguém comprou um Model S há uma década ainda teria 360 km de alcance com a bateria cheia.
O vício de baterias mais comum ocorre principalmente em eletrônicos domésticos e corresponde ao chamado efeito memória. Esse fenômeno químico é típico das células de níquel-cádmio (NiCd), que não são usadas na indústria automotiva e, acreditam os cientistas, tendem a modificar suas estruturas químicas com o crescer do uso.
Os EVs, porém, usam principalmente as células de íons de lítio. Entre os motivos que causam a diminuição na capacidade desse tipo bateria, aponta a Geotab, não há efeito memória, mas, em menor escala, há o uso em ambientes muito quentes e recarga frequente em carregadores rápidos (de corrente contínua). Por outro lado, o estudo não viu diferenças em usar ou não o carro por longas horas seguidas ou impedir que a carga chegue perto de 0%.
Em relação ao calor, os últimos anos foram marcados por novidades importantes na indústria: Porsche e Audi, por exemplo, lançaram a nova plataforma PPE, que “divide” a bateria em dois fluxos de energia paralelos para reduzir o desgaste térmico, controlado também por um novo software que dosa a velocidade da recarga.
A BYD, por sua vez, acaba de lançar uma nova versão da bateria Blade, com alterações microscópicas que diminuem a resistência elétrica e, consequentemente, o calor gerado na recarga.
O fato de marcas como a própria BYD oferecerem cerca de oito anos de garantia para o sistema elétrico traz a impressão de que, após esse período, a bateria simplesmente morrerá. Em dezembro de 2024, pesquisadores da Universidade de Stanford perceberam o contrário e avisaram: as atuais baterias vão durar muito mais do que imaginamos.
Para “viajar” no tempo, os cientistas realizaram milhões de ciclos de carga e descarga para simular anos de uso. Foram nada menos que 92 tipos diferentes de baterias testados ao longo de 24 meses de ensaios.
Para nossa surpresa, a direção no mundo real, com acelerações frequentes e frenagens que recarregam o carro um pouco, ajuda a bateria a durar mais tempo do que pensávamos com base nos testes padronizados da indústria”, disse a pesquisadora Simona Onori.
Desse modo, acreditam, os resultados podem ser até 40% do que as marcas estimam de vida de útil para seus carros elétricos. No caso da BYD, que é uma das líderes globais da tecnologia, o resultado pode ser impressionante: de acordo com a fabricante, suas baterias Blade atuais levarão 25 anos para atingir os 20% de perda de capacidade.
A tendência é que, no futuro próximo, os lançamentos sejam ainda menos vulneráveis a esse problema, já que as marcas apostam em novas “receitas” para o armazenamento de energia. Tais novidades incluem baterias de sódio, baterias de estado sólido e construção simplificada, que permite trocar as pilhas defeituosas por peças novas, restaurando as características originais do conjunto.
Ainda há motivos para que um comprador tema adquirir um carro elétrico. O medo de que, na hora da venda, tenha um veículo sem “fôlego” para vender, entretanto, parece cada vez mais irracional.
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ótima notícia! … carro elétrico é tudo de bom