Buick GNX: conheça o carro que estrela álbum de Kendrick Lamar

O rapper lançou o álbum sem aviso prévio e já está sendo considerado como o melhor do ano, feito similar ao que o carro da capa fez em 1987

Kendrick Lamar com buick GNX
O rapper possui ligação sentimental com o Regal, carro que deu origem ao GNX (Foto: pgLang | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 26/11/2024 às 10h00

O rapper Kendrick Lamar lançou o álbum supressa GNX na última sexta (22). O nome veio do cupê esportivo a Buick feito em tiragem limitada em 1987, que foi o carro mais rápido feito nos EUA na época.

Kendrick Lamar escolheu o Buick GNX para ser homenageado por ser do mesmo ano em que o rapper nasceu. O álbum foi chamado pela revista Rolling Stone como uma carta de amor a cidade de Los Angeles.

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Assim que foi lançado, GNX virou o principal assunto das redes sociais e tomou conta das paradas nos streamings de música. Mas como o AutoPapo é um site de carros, vamos contar a história do Buick GNX.

Quando a Buick usou motor V6 turbo para desbancar os V8

O GNX foi o auge de uma linhagem de versões esportivas do Buick Regal, que resgatou a era dos muscle cars nos anos 80. Logo no início dos anos 70 veio uma crise do petróleo que colocou fim as motores V8 potentes nos EUA e, com isso, matou os esportivos desse país.

Sobraram versões esportivas no mercado, sempre com motores bem menos potentes que os que foram usados até 1971. A Buick começou a fazer experimentos com turbocompressores a partir de 1978 para tentar ganhar performance.

O Regal, que era o carro médio da marca, foi o que estreou essa tecnologia. O motor usado era o V6 3.8 projetado pela própria Buick. Na versão com carburador de corpo duplo ele rendia 152 cv e na de corpo quadruplo eram 167 cv. Parece pouco, mas é bom lembrar que o V6 aspirado rendia 106 cv.

Essa versão esportiva era chamada de Regal Sport Coupe. O motor era apenas turbinado, não usava intercooler. A Buick ofereceu ele também nos modelos maiores das famílias LeSabre e Century. E por dois anos foi opção no Chevrolet Monte Carlo.

Apesar da aceitação não ter sido alta, a Buick insistiu no V6 turbo e foi atualizando ele com o tempo, O cabeçote ganhou válvulas maiores e chegou ao pico de 182 cv na linha 1981.

Em 1982 a Buick lançou o primeiro Grand National, que era uma edição limitada a 100 unidades para comemorar sua vitória na Nascar. Apesar desse apelo das corridas, o motor era um V6 4.1 aspirado, com “poderosos” 126 cv.

Na linha 1983 não teve o Sport Coupe, a Buick lançou a versão T-Type para ser a esportiva e estendeu essa sigla para outros modelos. Ela pelo menos usava o V6 3.8 turbo de 182 cv.

O nome Grand National voltou como versão de produção e acima do T-Type em 1984. Ele veio junto de grandes avanços no motor turbo, como a injeção eletrônica e a ignição controlada por computador, sem o distribuidor. Mesmo sem o intercooler, ele já entregava 202 cv.

Todas as unidades do Buick Grand National tinham pintura preta. Isso virou a marca registrada do modelo, que foi apelidado como “carro do Darth Vader”. O desempenho dele era próximo ao do Chevrolet Corvette, que era o o esportivo mais rápido dos EUA.

Uma particularidade dos Buick com motor turbo era ter câmbio automático de quatro marchas. O Regal usava carroceria montada sobre chassi e eixo rígido na traseira. Mesmo com a suspensão esportiva que vinha junto do motor, o foco dele era a aceleração em provas de arrancada.

O maior avanço no motor V6 turbo da Buick veio na linha 1986: o intercooler. Isso elevou a potência para 238 cv e fez o Grand Natinal superar o Corvette no quarto de milha. Foi nesse ano também que esse motor passou a ser opção para toda a linha do Regal cupê, incluindo a versão cheia de cromados Limited que parecia um carro de vovó.

A GM havia decidido levar seus carros médios para uma plataforma de tração dianteira a partir de 1988. Para se despedir do Grand National e do V6 turbo em grande estilo, a Buick preparou algumas versões para 1987.

O motor foi atualizado mais uma vez e ganhou 10 cv. Uma opção pouco conhecida que teve no Grand National foi o pacote WE4, que usava alumínio nos suportes dos para-choques e no tambor de freio traseiro para reduzir o peso.

Buick GNX, a despedida em grande estilo

1987 Buick Regal GNX Coupe
O GNX era homologado para 280 cv, mas publicações da época diziam que eram mais de 300 cv (Foto: Buick | Divulgação)

O modelo mais especial da família de motor V6 turbo da Buick foi o GNX (Grand National Experimental). Ele foi feito para sair em grande estilo e já com alcunha de clássico.

A produção dessa versão foi feita pela ASC McLaren, empresa que fazia versões conversíveis e especiais de carros norte-americanos. Apesar do nome, não possui relações com a equipe de Fórmula 1 McLaren.

O motor V6 3.8 foi preparado com um turbo Garrett T-3 com rotor de cerâmica, um intercooler de maior capacidade, escapamento menos restritivo, radiador de óleo do câmbio e conversor de torque mais parrudo. Com isso ele passou a render 280 cv e 50 kgfm, mas quem dirigiu um diz que parecem ser mais de 300 cv.

A suspensão ficou mais baixa e recebeu uma barra de controle no eixo traseiro que evita o movimento longitudinal em frenagens e acelerações, ajudando na tração. As rodas eram de 16 polegadas e calçadas com pneus mais largos.

buick gnx 1987 lateral
Ele era mais rápido que uma Ferrari F40 na pista de arrancada, mas a máxima não passava de 200 km/h devido ao diferencial curto (Foto: Buick | Divulgação)

O resultado dessa preparação foi um cupê com 5 metros de comprimento e motor V6 turbinado capaz de acelerar mais rápido que uma Ferrar F40 na pista de arrancada: o quarto de milha era feito em 12,7 segundos. A aceleração de zero a 96 km/h era feita em 4,6 segundos. A velocidade máxima não era prioridade no Buick GNX, ficava em 200 km/h.

A Buick produziu apenas 547 unidades do GNX. Muitos saíram da concessionária e foram para cavaletes em garagens climatizadas. De vez em quando aparece algum à venda por valores astronômicos e menos de 50 km no hodômetro.

Uma dessas 547 unidades do Buick GNX pertence a Kendrick Lamar e também estrela a capa do álbum homônimo. O músico conta que foi levado para casa a bordo de um Regal quando nasceu enquanto seu pai escutava o rapper Big Daddy Kane.

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