BYD: como a marca foi de cópias do Corolla para elétricos de luxo
Hoje a marca é um gigante, sendo a maior produtora de baterias recarregáveis para celulares e carros elétricos
Hoje a marca é um gigante, sendo a maior produtora de baterias recarregáveis para celulares e carros elétricos
A BYD chegou de forma discreta ao Brasil. Primeiro instalou uma fábrica de chassis de ônibus elétricos em Campinas (SP) e vendeu vans para frotas. Sua entrada no mercado de carros de passeio também foi discreta, iniciando com os luxuosos Han e Tan.
Agora em 2023 ela chegou com os dois pés na porta, lançando o compacto elétrico Dolphin com preços agressivos e realizando o anuncio oficial do novo complexo industrial em Camaçari (BA). Mas você conhece a história da BYD?
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Estamos acostumados com montadoras que possuem década de história, algumas até já fizeram centenário. No caso da BYD é um pouco diferente, essa montadora foi fundada em 2003 como filial do conglomerado homônimo estabelecido em fevereiro de 1995.
A empresa foi criada por Wang Chuanfu, um químico chinês que trabalhou como pesquisador do governo antes de ir para o setor privado. Ele tinha apenas 29 anos quando fundou a BYD, hoje ele é o 14ª pessoa mais rica da China.
Ele começou com a produção de baterias de celulares, capturando metade desse mercado globalmente em apenas 10 anos. Em 2010 a BYD já liderava a lista da 100 empresas de tecnologia que mais crescem, feita pela Bloomberg.
Hoje a empresa atua com automóveis, ônibus, caminhões, painéis solares, bicicletas elétricas, empilhadeiras e baterias recarregáveis. Ela também produz trens de metrô e monotrilhos, como o da linha 17 de São Paulo (SP) e o que está em construção para Salvador (BA).
A BYD não possui intervenção estatal, é uma empresa de capital privado. Ela goza de alguns incentivos do governo chinês, algo que ocorre em quase todo o planeta.
O nome original da empresa era Yadi Electronics, em alusão à rua onde ela era instalada em sua origem. Wang Chuanfu adicionou a letra “B” ao início do nome para aparecer antes na ordem alfabética nos eventos de negócios.
A sigla BYD veio da fala fonética do nome da empresa Biyadi. Mais tarde, nos anos 2000, foi criado o slogan Build Your Dreams, que virou o novo significado da sigla e hoje vem estampado na traseira dos carros.
Apesar de ser comum a pronúncia de siglas no Brasil ser adaptada, a BYD usa oficialmente a pronúncia em inglês em todos os mercados. Ou seja, o correto é falar “bi-uai-dee”. Isso ainda gera confusões, com pessoas chamando os carros de “Bid” ou “bê-ipsilon-dê”.
Assim como várias outras montadoras chinesas, a BYD iniciou sua produção fazendo cópias de carros das marcas tradicionais. Ela teve sua cota de polêmicas, recebendo processos.
O primeiro modelo da marca foi o Flyer, projeto herdado da estatal Xian Qinchuan Automobile e baseado no Suzuki Alto. Já o primeiro modelo criado pela BYD foi o F3, um sedã médio que era cópia do Toyota Corolla.
As mudanças na dianteira e traseira eram o suficiente para desvencilhar dos processos, porém o interior era idêntico ao do Corolla. Curiosamente, um dos motores oferecidos era o Orion, da Mitsubishi.
O BYD F3 foi produzido até 2021, com vários face-lifts que disfarçaram a origem Toyota, mas se olhar de perfil é possível ver a silhueta do Corolla. Esse sedã teve a primazia de ser o primeiro híbrido plug-in do mundo em 2008.
Ele unia um motor 1.0 de 3 cilindros a dois elétricos. A autonomia combinada era de 480 km, só usando eletricidade caía para 60 km. O teto era coberto por painéis solares, cuja energia captada ia para ligar os acessórios, como o rádio e o ar-condicionado.
Os modelos seguintes da marca também eram cópias: o F0 era do Toyota Aygo, o F6 era do Honda Accord, o S7 era do Lexus RX, o M6 era do Toyota Estima e o esportivo S8 era uma mistura de Renault Megane CC com Mercedes-Benz CLK.
A atual linha da BYD, que é também a mesma que vêm sendo lançada no Brasil, traz desenhos novos e sem inspiração em outros carros. O chefe de design da marca desde 2017 é Wolfgang Egger, designer da Alfa Romeo 8C Competizione, ex-chefe da marca italiana, da Lancia, da Seat e da Audi.
A linha “Dynasty”, traz carros com nomes das antigas dinastias chinesas e desenho inspirado em dragões, como o Han e o Tan. O BYD Dolphin, que acaba de chegar ao Brasil, faz parte da linha “Ocean”, com inspirações marítimas. O painel em forma de onda é um exemplo disso.
No início de 2023 a marca lançou a divisão Yangwang, que fará carros de alto luxo. Ela irá estrear com um SUV híbrido plug-in e um superesportivo elétrico.
Hoje a marca é a maior produtora de baterias recarregáveis e fornecedora da Tesla. Ela utiliza células de lítio ferro-fosfato, e não as de íons de lítio tão comuns para esse uso.
Esse tipo de bateria possui menor densidade energética que o tipo tradicional. Em compensação, ela é mais segura contra incêndios, tem durabilidade maior e não utiliza metais raros como níquel e cobalto.
É com essa tecnologia que a BYD promete produzir carros e veículos pesados no Brasil. As baterias são feitas em Manaus (AM) e os veículos serão produzidos em Camaçari (BA).
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