BYD inaugura fábrica comprada da Ford na Bahia, mas não pode produzir

Chinesa quer produzir 300 mil carros eletrificados, mas por hora montará kits completos importados da China, mas ainda depende de licenças ambientais

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BYD Dolphin Mini se tornará o primeiro carro 100% elétrico montado em larga escala no Brasil, mas por hora é só pose para foto (Fotos: Eduardo Rodrigues | AutoPapo)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 01/07/2025 às 13h02
Atualizado em 01/07/2025 às 15h38

Após vários adiamentos, a BYD inaugurou (em tese) sua fábrica em Camaçari (BA). A unidade que foi construída pela Ford começará as atividades sob as mãos chinesas para produzir os modelos Dolphin Mini, King (flex) e Song Pro. Mas por hora, é tudo figuração, pois o início da produção ainda depende da liberação de licenças que ainda estão pendentes.

O (quase) início das atividades veio em momento oportuno. As alíquotas de importação para carros eletrificados subiram com o início de julho: foi de 18 para 25% nos elétricos, de 20 para 28% nos híbridos plug-in e de 25 para 30% nos híbridos plenos.

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Já os carros produzidos em regime CKD possuem alíquota de 16%, enquanto os feitos em SKD são tributados em 18%. Foi isso que tornou vantajoso para a BYD produzir nacionalmente. A marca pleiteou uma redução na tributação para esses tipos de processos fabris, mas não foi atendida pelo governo.

O vice-presidente da BYD, Alexandre Baldy, confirmou que a produção será nacionalizada no decorrer de 2026. Segundo o executivo, a marca chinesa irá tramsicionar do SKD diretamente para a produção nacional. Estão em processo homologação de fornecedores, o primeiro confirmado é a Continental pneus.

Obras na fábrica da BYD foram alvo de investigações

Em dezembro de 2024 o Ministério Público do Trabalho (MPT) encontrou 220 trabalhadores chineses em regime análogo a escravidão e vítimas de tráfico internacional. Eles participavam das reformas na fábrica de Camaçari.

As obras eram feitas pelas empreiteiras China JinJiang Construction Brazil Ltda. e Tonghe Equipamentos Inteligentes do Brasil Co. (atual Tecmonta Equipamentos Inteligentes Brasil Co. Ltda.), que foram contratadas pela BYD.

O MPT encontrou condições degradantes na obra, com falta de higiene nos alojamentos e na cozinha. Também encontraram riscos de acidentes nos locais de trabalho.

Em maio de 2025 o MPT entrou com um processo contra a BYD por esses motivos. A ação foi protocolada na 5ª Vara do Trabalho de Camaçari, após a negativa das empresas em firmar termo de ajuste de conduta.

Salários propostos também foram alvo de polêmicas

Segundo o portal Repórter Brasil, a BYD ofereceu o mesmo piso salarial de R$ 1.950 para todas as vagas em sua fábrica. Isso gerou criticas vindas do sindicato dos metalúrgicos de Camaçari.

A associação alega que esse salário padronizado é oferecido em cargos com diferentes graus de especialização. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Camaçari diz que as negociações com a marca chinesa são difíceis.

FABRICA BYD CAMAÇARI EDUARDO RODRIGUES (1)
Marca afirma que o regime SKD faz parte do primeiro estágio de seu projeto, mas que pretende nacionalizar toda produção

Segundo a BYD, a planta opera com 1.000 colaboradores, mas deverá ampliar para 3 mil funcionários até o fim de 2025. A capacidade atual é de 150 mil unidades anuais, mas a marca quer escalar para até 300 mil unidades nos próximos anos.

Inauguração para foto

A data marca apenas a inauguração da fábrica em Camaçari, a linha de produção só funciona em testes. A BYD ainda precisa cumprir licenças ambientes e outras formalidades para que possa iniciar a produção de fato. A previsão é de que isso ocorra ainda em julho, mas não cravaram um prazo.

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1 Comentário
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Santiago 1 de julho de 2025

A conferir:
Se no prazo combinado não começar a entrar peças e componentes nacionais nos veiculos…Então suba-se a régua e taxe-se esses veiculos como importados plenos!!!

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