Cargas superdimensionadas: tão gigantescas que até viram carnaval
Transformador que atravessou o estado do Pernambuco se tornou atração pelas cidades por onde passou como se fosse um trio elétrico
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Em um país rodoviário como o Brasil, estamos bem acostumados a ver caminhões para cima e para baixo nas rodovias. Mas alguns podem realmente chamar atenção, e no caso, uma carreta de 113 metros de comprimento, 388 pneus e 600 toneladas, chamou bastante atenção, ao ponto de alguns organizarem até um churrasco para ver a passagem dessa carreta, que no caso estava carregada com um transformador destinado a uma usina de energia eólica.
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Além da curiosidade e os memes, porque estamos no Brasil, a carreta pode também deixar algumas dúvidas sobre o seu funcionamento e porque é tão gigante. E é natural, afinal, transportar volumes tão titânicos demanda uma logística complexa.
As cargas superdimensionadas são basicamente aquelas que ultrapassam os limites legais de peso e tamanho. E para isso, em alguns casos, é preciso uma operação especial para o transporte, e claro, equipamentos especiais também. Para o transporte do transformador que por si só pesa 250 toneladas, foi usado um implemento (ou carreta) que se trata de três composições, sendo duas linhas de eixos e um berço.
Apenas uma linha de eixo, que para esse caso do transformador, contém 21 eixos com 8 pneus em cada eixo. Essas linhas podem ser montadas como um trem de carga, onde é possível adicionar novas seções, que contêm mais eixos, assim como um trem pode receber novos vagões de cargas. Além da quantidade absurda de pneus e eixos, que serve para melhor distribuição de peso e não prejudicar o asfalto, cada eixo contém um sistema de suspensão independente no qual é possível manter todo o equipamento nivelado. Além disso, ele conta com eixos direcionais, para ajudar durante as manobras.
No vídeo a seguir, em uma animação é mostrado todo o sistema como a montagem de um sistema bem semelhante ao usado
Entre as duas linhas de eixo, está o berço, onde é condicionada a carga, no caso o transformador. E dentre as vantagens está um centro de gravidade mais baixo, além de que o peso da carga, um implemento comum não suportaria a massa ou até mesmo poderia causar estragos nas rodovias.
Esse sistema também ajuda na hora de fazer curvas, já que ela tem ponto de articulação em cima de cada linha de eixo. Para puxar todo esse peso, lembrando que nesta operação em especial, o Peso Bruto Total Combinado é de 600 toneladas, é comum usar mais de um caminhão, interligados por um “cambão” ou barra de metal. E todo o processo tem que ser muito bem orquestrado.
Os caminhões usados nessa operação, por mais que se assemelham a um modelo rodoviário comum, eles têm algumas diferenças, entre essas diferenças estão um maior Capacidade Máxima de Tração (CMT) – que em um caminhão rodoviário pode chegar a 90 toneladas.
Mas para uma operação de carga superdimensionada por chegar próximo às 250 toneladas de CMT. A caixa de marchas, eixos e diferencial também são preparados especialmente para esse tipo de operação. E curiosamente, esses caminhões não conseguem andar em grandes velocidades, mesmo quando estão sem carga.
Nesta operação em especial, pelo o que podemos ver nas fotos e vídeos divulgados, estão variando entre 3 a 4 caminhões.
Entre 2013 a 2015, o Brasil teve um aumento no transporte de cargas superdimensionadas, e esse aumento fez com que as montadoras de caminhões trouxessem modelos específicos para essa aplicação. Em 2013, a Volvo levou para a Fenatran o Volvo FH 16 750, caminhão com 750 toneladas, que era o mais potente do mundo naquela época. No ano seguinte, em 2014, ela entregou 12 unidades do modelo a diferentes clientes, e cada unidade naquela época passava de R$ 1 milhão.
A Mercedes-Benz trouxe, importado da Alemanha, um Actros 4160 V8 SLK. Já a Scania apresentou uma versão do R620 V8 8×4 para o transporte de cargas superdimensionadas. Já as fabricantes de implementos apresentaram linhas de eixo, desenvolvidas no Brasil, já que naquela época e mesmo atualmente, muitos desses equipamentos são importados.
Em 2016, em uma operação para transportar um rotor da usina de Belo Monte, foram usados três Volvo FH16 750 ao mesmo tempo, e o trajeto de 600 quilômetros durou 30 dias e o comboio não ultrapassava dos 20 km/h.
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