Carro chinês: marcas com modelos à venda e as que já fracassaram no Brasil

Ao mesmo tempo que fábricas são anunciadas e vendas explodem, marcas chinesas também têm representantes que fracassaram no Brasil

Fábrica GWM
GWM: operação sólida em nosso país (Foto: GWM | Divulgação)
Por Eduardo Passos
Publicado em 20/07/2025 às 09h00

Nos últimos anos, o Brasil se tornou o principal destino dos carros chineses, segundo dados oficiais. Com os país oriental focado nos carros elétricos — e poucas ofertas do segmento no Brasil —, a China aproveitou: já tem sete montadoras à venda no mercado nacional, com duas fábricas recém-inauguradas.

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A promessa da BYD, por exemplo, é se tornar a 3ª maior montadora do Brasil até 2028. Ao mesmo tempo, gigantes como SAIC e GAC já estudam ampla infraestrutura local, com produção industrial e parceria com universidades.

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Mas nem tudo é sucesso: muitos podem se esquecer da primeira “onda” dos chineses, na década de 2010, marcada por problemas graves de segurança, críticas à qualidade e mero desgosto pelo produto por parte do consumidor.

Mais recente, já houve até marcas chinesas de “segunda onda”, que chegaram, venderam menos de dez carros e saíram. Confira abaixo quem é quem:

Conheça quais montadoras chinesas estão atuando no Brasil atualmente.

BYD

Presente há uma década no país (inicialmente com ônibus elétricos e baterias), a BYD investiu no mercado de automóveis a partir de 2022 com foco exclusivo em veículos eletrificados.

Em 2024, a BYD fechou o ano em décimo lugar no ranking de vendas, com cerca de 76 mil carros vendidos— 300% a mais do que em 2023. Seus modelos compactos Dolphin e Dolphin Mini lideram as vendas de elétricos no país.

A empresa apresentou em junho de 2025, a operação de sua fábrica de automóveis em Camaçari (BA). Toda operação esteve envolta em polêmica, inclusive, com trabalhadores chineses em condições análogas à escravidão.

Mas fábrica da BYD está longe de ficar pronta. O que mostrou, na verdade, foram carros montados com peças todas  importadas da China e colocados lá no final da linha, simulando terem sido fabricados no Brasil. A própria BYD confirma que a fabricação ainda vai demorar, pois disse que não tem sequer alvará de funcionamento.

A promessa é de capacidade para 150 mil veículos/ano, com possibilidade de expansão para 300 mil até 2027, servindo também de base exportadora para a América Latina.

Além de nacionalizar futuros modelos (como o SUV híbrido Song Pro, previsto para a linha local até o final de 2025), a BYD planeja introduzir no Brasil suas submarcas de luxo e alta tecnologia, Denza e Yangwang, ampliando a oferta no segmento premium (o superesportivo elétrico Yangwang U9, por exemplo, deve ultrapassar R$ 1 milhão).

Com essa estratégia, a BYD mira a meta anunciada em 2023 de alcançar 300 mil carros/ano até 2028 no Brasil, tornando-se uma das três maiores montadoras do país em volume.

Great Wall Motors (GWM)

A GWM desembarcou oficialmente no Brasil no fim de 2021 e, já em 2022, adquiriu a fábrica desativada da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para implantar sua base industrial.

Em 2024, a empresa emplacou 29.219 veículos e alcançou a 13ª posição no ranking anual de vendas, impulsionada pelo sucesso do Haval H6. Seu portfólio conta também com o compacto elétrico ORA 03 (concorrente do Dolphin) e o jipe Tank 300 (SUV híbrido off-road).

A partir desse, a GWM promete iniciar a produção local, com o Haval H6 HEV, a picape média Poer e o SUV Haval H9. A fábrica estreia com capacidade instalada de 50 mil unidades/ano, podendo dobrar para 100 mil/ano em fases posteriores.

A empresa também confirmou um investimento adicional de R$ 6 bilhões até 2032, visando transformar o Brasil em um polo de pesquisa e engenharia do grupo.

GAC Motor

GAC Aion ES branco frente

A Guangzhou Automobile Group (GAC), importante montadora estatal chinesa, anunciou oficialmente sua entrada no Brasil a partir de 2025. A confirmação veio durante visitas diplomáticas de alto nível – incluindo a comitiva presidencial brasileira à China.

O grupo pretende aportar cerca de US$ 1 bilhão na implantação de operações locais. A estratégia da GAC não se restringe a elétricos e, desde já, inclui modelos híbridos como o GS4. São cinco produtos ao todo, com outros vindo em breve. A rede de concessionárias conta com 33 lojas e 50 estandes de shopping.

A montadora já sinalizou que apostará em tecnologias nacionais, inclusive desenvolvendo um conjunto com motor híbrido flex em parceria com universidades brasileiras. A instalação de uma fábrica própria no país também está nos planos, visando atingir volumes elevados, embora a localização exata ainda não tenha sido divulgada.

Caoa Chery

Caoa Chery Tiggo 5X Pro 2026 branco frente parado

A joint venture entre o Grupo CAOA e a chinesa Chery consolidou operações nacionais desde 2018, hoje com foco em modelos a combustão e híbridos.

Embora os planos para a marca de luxo Exeed tenham atrasado, a CAOA manifestou interesse em trazer essa linha premium e também a marca Jetour nos próximos anos – especialmente após a matriz chinesa lançar as divisões Omoda/Jaecoo independentemente (veja adiante).

JAC Motors

JAC Hunter 4Work 2026 branca frente

Pioneira da “primeira onda” chinesa no Brasil, a JAC atua desde 2011 sob comando do empresário Sergio Habib. Após um início com vendas expressivas de carros populares, a marca enfrentou queda de mercado e, nos últimos anos, passou por forte reposicionamento.

Entre 2020 e 2023, a JAC focou quase exclusivamente em veículos elétricos, como o subcompacto e-JS1 e o SUV e-JS4, além de utilitários comerciais. Em alguns momentos, chegou a liderar o segmento no país.

A empresa, contudo, recuou da estratégia de vender somente elétricos e decidiu retornar ao portfólio a combustão: a picape média a diesel T8 Hunter, lançada no início do ano.

Operando em regime de importação independente e com rede reduzida, a JAC mantém presença em segmentos específicos, como o de utilitários elétricos.

A combinação de veículos sustentáveis e opções mais tradicionais faz parte da estratégia de sobrevivência da JAC no Brasil, que aposta em sua flexibilidade de importadora para atender demandas pontuais do mercado local.

Omoda & Jaecoo

Omoda 5 HEV branco frente festival interlagos

São as novas marcas globais criadas pela Chery para atuarem separadamente da CAOA no Brasil. A Omoda foca em veículos de estilo jovem e tecnológico, enquanto a Jaecoo mira SUVs de proposta mais robusta e refinada.

Ambas foram desenvolvidas pelos chineses para atender mercados internacionais. Inicialmente importados da China, os carros marcarão a volta da fabricação Chery em Jacareí (SP), já que a O&J arrendou a antiga planta da CAOA Chery para futura produção local.

A empresa confirma planos de nacionalizar produtos em até dois anos, com perspectiva de montar 8 a 10 modelos até 2026, abrangendo elétricos, híbridos e até flex fuel.

Com estrutura própria de importação e distribuição, a Omoda/Jaecoo acelera a expansão da rede de concessionárias e aposta em estratégias digitais para divulgar as novas marcas junto ao público mais jovem.

Geely

Geely EX5 prata frente parado
Geely EX5 já está à venda no Brasil (Foto: Geely | Divulgação)

Dona de marcas globais como Volvo e Lotus, a Geely teve uma passagem breve no Brasil entre 2014 e 2016, quando foi importada pelo grupo Gandini sem sucesso. Agora, em parceria com a Renault, já tem rede de concessionária e lançou o SUV EX5 com preços promocionais abaixo de R$ 200 mil. Também terá seus carros feitos por aqui.

Mas existe a perspectiva de  planos maiores, com outras marcas do grupo. Uma delas é a Polestar, marca de carros elétricos esportivos da Volvo, que chega ainda nesse ano com operação própria.

Zeekr

A Zeekr já chegou, oferecendo o X — variante mais luxuosa do Volvo EX30 —, a perua Zeekr 001 e, agora, o SUV Zeekr 7X.  Além disso, a marca prepara a chegada de uma versão de altíssimo desempenho do 001, com 1.265 cv, com preço previsto acima de R$ 1,5 milhão.

Mas com a pretensão de disputar no segmento premium dominado pelas marcas alemãs, como Porsche, Audi, BMW e Mercedes-Benz, além de uma rede de concessionárias exígua e concentrada na região Sudeste, os números de venda não estão animadores.

Riddara

Outra novidade esperada é a a picape elétrica Radar RD6, renomeada Riddara no Brasil. Com porte semelhante a uma Fiat Toro e até 428 cv nas versões topo, a RD6 visa inaugurar o segmento de picapes elétricas de médio porte aqui.

Lynk & Co

Por fim, espera-se que a Lynk & Co desembarque até 2026 com modelos híbridos plug-in e um sistema de assinatura (aluguel de longo prazo) ao invés da venda tradicional.

Marcas chinesas com estreia próxima

Estas são as montadoras chinesas que já estão confirmadas para começar a vender seus carros em breve no Brasil

Leapmotor

A startup tornou-se conhecida globalmente ao fechar, em 2023, uma parceria estratégica com a Stellantis. É uma aliança que visa aproveitar a liderança tecnológica da China em EVs junto à infraestrutura e rede da Stellantis nos mercados ocidentais.

No Brasil, seu primeiro modelo confirmado é o SUV compacto elétrico C10, com lançamento agendado para 2025 e uma rede inicial de 34 concessionárias sendo estruturada para atendê-lo.

Originalmente, a Leapmotor havia cogitado lançar o T03 —rival do Dolphin Mini — aqui, mas esse plano foi abortado. Logo, após o C10, o próximo da fila será o crossover B10, seguido do sedã médio B01.

A Stellantis inclusive considera produzir modelos Leapmotor em fábricas locais, segundo o site Autos Segredos. Isso, porém, não deve ocorrer antes de 2027, dependendo do crescimento do mercado EV nacional.

MG Motor (SAIC)

Marca tradicional britânica adquirida pela SAIC Motors, a MG voltará ao Brasil ainda em 2025, promete.

O retorno segue uma breve experiência de importação independente entre 2012 e 2015. Agora, com o respaldo da maior montadora da China, a MG chegará com carros chineses elétricos e híbridos “mais acessíveis”, que serão importados.

Montadoras chinesas que deixaram o Brasil

Estas montadoras chinesas tiveram operação no Brasil, mas algumas emplacaram poucos carros por aqui.

Seres

Startup de SUVs elétricos, a Seres iniciou vendas no Brasil em julho de 2023, importada independentemente por um grupo local. Chegou a oferecer os modelos 3 e 5, porém enfrentou dificuldades desde o início: preços pouco competitivos, falta de concessionárias e uma operação muito incipiente.

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Seres no Brasil: fracasso! (Foto: Seres | Divulgação)

O resultado foi desastroso: a Seres emplacou apenas oito carros carros chineses no país antes de interromper as vendas há um ano. Seus responsáveis alegaram falta de experiência e recursos, afirmando que pretendem “tentar de novo” no futuro com apoio da gigante Dongfeng (uma das acionistas da Seres).

Até o momento, contudo, a Seres permanece fora do mercado brasileiro.

Neta Auto

Anunciada em novembro de 2023, a Neta prometia três carros chineses elétricos acessíveis (entre eles o hatch Aya e o SUV U) e planos ambiciosos no Brasil, mas as coisas aconteceram de modo diferente.

Problemas financeiros graves na matriz chinesa atrasaram o início das operações e apenas 46 unidades da marca haviam sido emplacadas até abril de 2025.

MARCA CHINESA NETA
Neta: menos de 50 unidades emplacadas e falência na China (Foto: Neta | Divulgação)

Na China, a controladora Hozon entrou em processo judicial de falência em 2025, embora negue ter decretado quebra – a empresa alega estar tentando renegociar dívidas e buscar investidores para se reestruturar.

Oficialmente, a Neta Auto afirma que não desistiu do Brasil e que manterá planos de expansão quando a situação estabilizar. Na prática, entretanto, a operação brasileira está praticamente zerada.

Lifan

Uma das primeiras marcas de carro chinês a se estabelecer no país, a Lifan chegou em 2010 e obteve resultados discretos nos anos seguintes. O problema mesmo foi a falência da matriz chinesa da Lifan, em 2020, que levou a filial brasileira a um fim pouco depois.

Changan (Chana)

Originalmente vendida sob o nome Chana, a marca foi rebatizada como Changan e atuou no Brasil entre 2006 e 2016 com minivans e caminhões sob importação independente.

A marca permaneceu ausente do país desde então, mas está preparando um retorno ao mercado nacional com sua gama de SUVs elétricos.

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