O cenário do mercado eletrificado tem gerado incertezas e fábricas de baterias reduziram o ritmo de contratações de mão de obra
Trata-se de panorama previsto, quando se inicia um ciclo de mudanças nos meios de propulsão dos veículos. Mas esta transição, além de lenta, está sujeita ao pior dos cenários: os dolorosos cortes de empregos tanto na indústria de autopeças quanto nos fabricantes de veículos e que agora se somam ao hesitante mercado de modelos elétricos nos EUA e na Europa.
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Uma das afetadas é a gigante produtora de baterias CATL, instalada na Hungria. Embora o projeto deva criar de 8.000 a 9.000 empregos, por enquanto só foram contratados 800 funcionários, cerca de 10% do previsto. E ainda enfrenta resistências dos moradores de Debrecen, local da fábrica, sobre potenciais impactos das emissões tóxicas e alto consumo de água em uma região cada vez mais árida.
As notícias se sucedem, principalmente na Alemanha: Ford cortou 1.000 empregos; VW e Audi interromperam produção e cortarão empregos; Porsche, uma das mais afetadas pela queda de vendas, informou que seu futuro SUV, acima do Cayenne, terá também versões com motores de combustão e híbridos; Bosch, maior fabricante mundial de autopeças anunciou 13.000 empregos a menos até 2030, seguida por anúncios semelhantes de Continental, Schaeffler e ZF (7.600 cortes); Fram e Trico, igualmente do ramo de autopeças, pediram proteção contra falência.
E até na China, segundo a CNN, a guerra de preços entre fabricantes de veículos elétricos provocará falências. O cenário é resumido por He Xiaopeng, fundador da Xpeng: “A fase eliminatória na indústria automobilística da China continuará por mais cinco anos. Provavelmente restarão somente cinco marcas principais.”
Pode acreditar: notícia publicada no prestigioso site Automotive News Europe (ANE), em 30 de setembro. Mas, claro, há uma série de condicionantes porque o governo resolveu entregar um enorme subsídio de quase 600 milhões de euros (R$ 3,7 bilhões), entre outubro deste ano e junho de 2026, para tentar aumentar o interesse por automóveis elétricos na Itália. Apenas 5,2% dos carros novos vendidos naquele país são elétricos, enquanto a média na Europa sobe para 15,8%.
As exigências do programa italiano são grandes. Objetiva retirar veículos de circulação com 10 ou mais anos de uso que se enquadram em leis de emissões Euro 5 de 2011 ou menos (hoje o padrão é Euro 8) e entregá-los para desmanche. Aplica-se a famílias com renda mensal inferior a 2.500 euros (R$ 15.600) e que morem em áreas urbanas com mais de 50.000 habitantes. O bônus é tentador: 11.000 euros (R$ 68.640).
Leapmotor, associada à Stellantis, e Dacia, do grupo Renault, importam da China os hatches subcompactos T03 e Spring, respectivamente. E por conta própria deram desconto adicional de 3.000 euros (R$ 18.700). Assim, ambas as marcas baixaram os preços ainda mais: 4.900 euros (R$ 30.500), uma pechincha no bloco europeu. Leapmotor ainda provocou: “Este preço é menor do que vocês pagam por uma bicicleta premium”. Demais fabricantes descartaram essa estratégia.
Os 597 milhões de euros alocados podem não ser totalmente utilizados, quando o programa terminar em junho de 2026, devido ao limite de baixa renda e à cobertura geográfica restrita”, disse um executivo de um fabricante não chinês sob condição de anonimato. Em outras palavras, o programa de incentivos apresenta tantas limitações que podem resultar em fracasso parcial.
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