Carro elétrico: como se livrar de seus ‘fantasmas’?

Até nos Estados Unidos, onde é forte a presença desse tipo de veículo, já tem motorista voltando para o carro a gasolina

Os carros elétricos registraram recorde de vendas no início de 2022
Carro elétrico sendo recarregado (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 08/05/2021 às 07h00
Atualizado em 08/05/2021 às 09h03

O problema do carro elétrico é a quantidade de “fantasmas” que ainda o acompanham:

  • “pane seca” ;
  •  tempo descomunal (comparado com o abastecimento do carro convencional) para recarregar baterias;
  • necessidade de pontos específicos de recarga;
  • encontrar finalmente um deles, mas se deparar com uma fila aguardando a vez;
  • ou sem fila pois a tomada (especial) está inoperante…
  • custo para trocar um jogo de pneus, desenvolvidos especialmente para os elétricos e muuuito mais caros para suportar as arrancadas (com seu elevado torque), o peso muito superior e o composto especial para reduzir atrito (poupar energia é fundamental em função da autonomia limitada);
  • custo para trocar a bateria, que está se reduzindo mas ainda beira 50% do valor do carro.

Com ou sem fantasmas, o carro elétrico é inevitável, mas o caminho ainda é longo e ainda mais distante no Brasil, pela falta de incentivos para serem importados ou produzidos. Se são caros em outros países, aqui são inacessíveis para a maioria dos motoristas.

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Tempo de recarga é o vilão

Mesmo nos EUA, onde ele é subsidiado e já marca forte presença, ainda não é unanimidade. Pelo contrário, a Universidade da Califórnia fez uma pesquisa com ex-donos de elétricos que desistiram e voltaram para os carros a gasolina. Um percentual nada modesto de 20%, ou seja, 1 em cada 5 motoristas se desencantaram com a novidade. Num estado (California) que é a meca dos elétricos, onde está a Tesla e com muitos pontos de recarga.

A explicação de quase todos é a demora na recarga. Alegam que são poucos minutos para reabastecer um carro a gasolina, enquanto o elétrico pede pelo menos uma hora no caso da recarga completa da bateria num supercharger (supercarregador). E de oito a nove horas para recarregar à noite em casa.

supercharger carregando tesla
Um dos supercarregadores da Tesla (Foto: Shutterstock)

Um deles deu como exemplo a diferença entre os dois Mustangs, o convencional e o Mach-E, elétrico. Encher o tanque do primeiro demora 3 minutos e pode rodar 480 km. O mesmo tempo numa tomada doméstica (110 V) permitiria rodar apenas 5 km.

O tempo de recarga de qualquer carro elétrico depende da voltagem disponível.  E do tipo de estação. A doméstica em geral é de 110 volts e a mais demorada. Em alguns poucos locais se encontra a de 220 V (ou até 240 V), que acelera um pouco o processo. Mas, a ideal, de 480 volts, apenas nos supercarregadores.

Então, mesmo nos EUA, o usuário comum só tem, em casa e no trabalho, carregadores de 110 (ou 127) volts. O que torna quase inviável o uso do elétrico caso tenha de ser utilizado para grandes trechos ou viagens frequentes.

Com novas tecnologias e componentes da bateria, a recarga está se tornando cada dia mais rápida. Mas ainda muito mais demorada que a do combustível na bomba.

Carro elétrico sem ‘fantasmas’

É possível um carro rodar eletricamente sem baterias?

Sim, usando a célula a combustível (Fuel Cell) que gera no próprio carro a energia elétrica necessária para movimentar seus motores. Entretanto, o tanque deve ser abastecido com hidrogênio, de difícil obtenção, distribuição e armazenamento.

Uma outra possibilidade se encaixa como uma luva no Brasil. É o elétrico com Fuel Cell que obtém o hidrogênio a partir de etanol. Ou seja, poderia ser abastecido em qualquer posto do país. A Nissan está desenvolvendo esta tecnologia no Brasil em parceria com as universidades de São Paulo e Campinas.

Falo mais sobre esse conceito aqui:

Hidrogênio como combustível

A Toyota, que já comercializa há alguns anos (além da Honda e Hyundai) experimentalmente o carro com Fuel Cell (Mirai), desenvolveu agora uma nova tecnologia de um motor a combustão que queima diretamente o hidrogênio, com emissões zero.

Não é exatamente uma novidade pois a BMW já produziu – há cerca de 15 anos – alguns modelos (série 7) bicombustíveis que podiam rodar com gasolina ou hidrogênio, mas abandonou a ideia pela baixa densidade energética do H2 que resultava num consumo quase três vezes superior ao da gasolina.

A Toyota, ao contrário, projetou um motor específico para o hidrogênio e vem obtendo eficiência até superior à da gasolina.

São muitas as possibilidades de movimentar veículos sem queimar combustíveis fósseis. Atualmente já está praticamente definido o carro elétrico como melhor alternativa, mas ainda podem ser viabilizadas outras opções.

No Brasil, por exemplo, seria ideal uma tecnologia que privilegiasse o etanol. Uma solução energética limpa para a atmosfera, com infraestrutura já existente e que privilegiaria também os (muitos, como eu) irracionalmente apaixonados pelo motor a combustão…

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8 Comentários
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Felipe Felipe 26 de novembro de 2021

Tiburtino Lacerda, qual seria este impacto? Ondas de rádio não são ionizantes para ser algo prejudicial a saúde humana. Por favor, você poderia explicar o seu ponto de vista?

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Santiago 8 de maio de 2021

Outros “fantasmas” são: A dificuldade futura em se contar com eletricidade disponível para abastecer milhões de veículos elétricos “puros”; Além das questões referentes ao custo, manejo, e posterior reciclagem das baterias de lítio.
Também sou a favor de que a transição seja feita por etapas. E a produção em maior escala de veículos hibrido-elétricos seria um excelente início de transição, inclusive porque estes podem ser abastecidos com o nosso etanol (não-fóssil) – propiciando um consumo-potencia mais inteligente, além de baixíssimos índices de poluição.

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Abalen Abirached 8 de maio de 2021

Para as condições brasileiras o melhor carro seria o híbrido associando álcool no motor a combustão com o motor elétrico que seria carregado pelo motor a álcool. Assim não seriam necessários postos de recarga para baterias. O maior consumo é nas cidades e o motor elétrico entra em ação, nas estradas entra em ação o motor a combustão que recarrega as baterias… Se as baterias descarregarem na cidade entra em ação o motor a álcool até que as baterias fiquem recarregadas. O consumo do álcool cai muito e passa a valer a pena…

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Divaldo Oliveira 8 de maio de 2021

Boris, e pq não o carro movido a Radiofrequencia com a tecnologia Daun, desenvolvido pelo brilhante brasileiro Pedro Daun?
Vc pode ve-lo rodar na página dele: https://www.facebook.com/pedroadn

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Tiburtino Lacerda 21 de setembro de 2021

Divaldo, qual seria o impacto para a saúde humana, se vivêssemos em um mundo, atravessado por ondas de RF, capazes de movimentar motores de milhares de carros?

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Thiago Preto 8 de maio de 2021

Muito legal …. O fiel Cell acredito ser o mais coerente entre as opções no momento (a eficiência é da casa de 80%). É bem provável que, mais cedo ou mais tarde, será possível obter o hidrogenio a partir da gasolina tb, o que reduziria substancialmente o consumo e a emissão de gases do efeito estufa.

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Roberto Fernandes 8 de maio de 2021

As baterias são o calcanhar de Aquiles do carro elétrico. Já se fala em bateria para mais de 1 milhão de quilômetros e abastecimentos mais rápidos, resta saber quando???

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bruno vasconcelos 8 de maio de 2021

Belo Texto! Mas carro a combustão não é irracional.. e sim MUITO MAIS BARATO! As baterias ainda são muito caras e provavelmente sempre vão ser! Acaba que o custo de carro eletrico sempre será 50% superior ao de um a combustão. e no mundo o que importa é preço…

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