Cara de um, emblema do outro: 5 carros que tiveram várias marcas
Nem tudo é sagrado no universo automotivo, as vezes os fabricantes vendem carros de outras marcas apenas trocando o emblema
Nem tudo é sagrado no universo automotivo, as vezes os fabricantes vendem carros de outras marcas apenas trocando o emblema
A fusão da FCA com a PSA resultou na criação da Stellantis. Mas esses grupos já haviam uma parceria anterior na Europa para a produção de vans e furgões. Essa sociedade é chamada de Sevel (sem relações com a Sevel argentina) e os brasileiros até conhece seus frutos, como o trio Fiat Ducato, Citroën Jumper e Peugeot Boxer que mudam apenas o emblema da marca.
Esse tipo de relação em que o mesmo carro é vendido com diferente emblemas é chamado de badge engineering, que em bom português seria “engenharia de emblema”. Em veículos comerciais esse tipo de atitude é mais comum, principalmente pelo consumidor escolher o produto por motivos racionais.
VEJA TAMBÉM:
Mas as trocas de emblema também chegam a carros de passeio. As motivações costumam ser relacionadas com o fabricante tentar atingir um nicho novo sem ter que investir muito. Um exemplo famoso no Brasil foi com o Fiat Freemont, o primeiro SUV vendido pela marca aqui e que na verdade era um Dodge Journey com outra grade.
O Kadett sempre foi importante para a Opel, era o seu compacto de grande volume. Sua terceira geração nasceu com a ambição de ser vendido em vários mercados fora da Europa e, com isso, recebeu diversas marcas. Ele inclusive foi lançado no Brasil antes de estrear na Europa, batizado como Chevrolet Chevette.
O nome Chevette também foi usado na Inglaterra, pela Vauxhall. O Kadett de terceira geração foi fabricado no Japão como Isuzu Gemini, de lá era exportado para os EUA como Buick Opel. Na Austrália se chamou Holden Gemini, na Coréia do Sul era Daewoo Maepsy, mais tarde Saehan Maepsy, na Argentina foi Opel K-180 e GMC Chevette.
No final dos anos 70 a Chevrolet dos EUA passou a fabricar o Chevette por lá com algumas mudanças. Na mesma época a Isuzu exportou o seu Gemini para os EUA com o nome I-Mark e concorria diretamente com o Chevette para aumentar a confusão.
A quarta geração do Kadett foi o primeiro carro da Opel com tração dianteira e acabou sendo vendido apenas na Europa. A geração seguinte ganhou o mundo, sendo vendido pela Chevrolet no Brasil. Na Inglaterra a Vauhxall adotou o nome Astra para o hatch, Belmont para o sedã e Astramax para o furgão.
Na Inglaterra a versão furgão também foi vendida pela Bedford, marca de veículos comerciais tradicional no país. A coreana Daewoo produziu o Kadett com vários nomes: Racer, LeMans, Cielo e Nexia. Os dois últimos foram usados em reestilizações que foram mais tarde produzidas no Uzbequistão até 2016.
O Daewoo LeMans foi importado nos EUA pela Pontiac. No Canadá ele foi vendido pela Passport, uma divisão nova que durou pouco tempo. Outra divisão similar feita para o Canadá e que vendeu o Kadett foi a Asüna, com o GT.
O Fiat 124 em si teve uma vida relativamente curta, foi feito entre 1966 e 1974. Mas seu legado foi enorme, estendendo até 2012. O 124 foi produzido sob licença na Espanha pela Seat, na Turquia pela Tofaş, na Coreia do Sul pela Kia e na Índia pela Premier.
O Fiat 124 também foi base para a criação da Lada, o primeiro modelo foi o 2101 e parecia idêntico ao modelo italiano. Porém ele usava chapas mais grossas na lataria, motor diferente e trazia alterações mecânicas para lidar com as condições severas da União Soviética.
O Lada foi feito em várias fábricas na Rússia, outros países da União Soviética e no Egito. Suas últimas unidades foram produzidas em 2012.
Sir Alec Issigonis revolucionou a indústria automotiva quando criou o Mini original. O compacto media apenas 3,05 m e conseguia levar quatro ocupantes, o segredo era o motor dianteiro transversal. Esse layout compacto virou o padrão em carros pequenos, por permitir um melhor aproveitamento da cabine.
Seu projeto revolucionário foi produzido pela British Motor Corporation, grupo que controlava as marcas Austin, MG, Morris, Riley, Wolseley, Austin-Healey, Princess, Riley, Vanden Plas e Wolseley. As únicas dessas marcas que não venderam o Mini foram a Austin-Healey, Princess, MG e Vanden Plas.
Isso foi até o governo britânico juntar a BMC com outras empresas e criar a British Leyland. Após o fim da Leyland a Rover ficou com os direitos de produção do Mini e criou uma divisão com o nome do carro, como conhecemos hoje.
Essa complicação com emblemas foi apenas na Inglaterra, agora vamos para os Mini feitos fora: na Itália foi pela Innocenti e na Austrália foi pela Leyland. Oficialmente foram essas marcas que venderam o Mini, o carrinho ainda serviu como base para vários fora-de-série, mas ficaríamos a semana toda só para listar esses carros.
Você talvez tenha andado em um Suzuki Carry e não sabia. Esse é um minicaminhão que também tem carroceria van, ambos bastante tradicionais no mercado japonês. Suas medidas o enquadra na categoria de kei car, que possui taxação diferenciada e o dono não precisa ter uma vaga de garagem para poder registrar o veículo.
Esses minicaminhões, chamados de kei truck, também fazem sucesso em outros países asiáticos e já chegaram até na Europa e no Brasil. O Suzuki Carry foi o mais prolífico em emblemas. A geração atual é vendida no Japão pela Nissan, Mitsubishi e Mazda.
Gerações antigas ainda estão em produção na China, por marcas como a Changan, Dongfeng, Changhe, Hafei e Hanjiang. Na Índia é feito pela Maruti-Suzuki.
Em outros mercados o Carry foi vendido pelas marcas Ford, Chevrolet, Holden, Daewoo, Bedford, ZAP e Norkis. sabe a famigerada van Chana que foi vendida no Brasil? É um Suzuki Carry.
Os furgões da Sevel geralmente são vendidos pelas três marcas da parceria e agora tem a adição da Toyota. Porém a van europeia que recebeu a maior quantidade de emblemas foi o médio Trafic, da Renault. A Nissan europeia teve sua versão e a parceria fora a Aliança Renault-Nissan é com a General Motors, ou seja, Opel e Vauxhall entram na conta.
O Trafic também foi vendida pela Fiat e só parou agora com o lançamento do Scudo. A Mitsubishi da Austrália passou a importar o furgão francês após tirar o seu L300 de produção. Voltando um pouco no tempo, a Chevrolet vendeu a primeiro geração do Trafic no Brasil, a Tata fez o modelo na Índia e a Inokom na Malásia.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
Esqueceram do Chevrolet Celta que era exportado para a Argentina com emblemas da Suzuki
Uma salada !!! Tive um Opel Olympia 68 que era como um chevette brasileiro de fraque. Carro muito bom por sinal.