Medida do governo de tornar o carro popular mais acessível à população pode impactar o segmento dos usados, que está crescendo no Brasil
Foi anunciado na última segunda-feira (5), que o carro popular terá uma baixa, nos próximos meses, que pode chegar a até R$ 8 mil. Para isso, foram disponibilizados recursos de R$ 500 milhões para subsidiar os descontos no programa de incentivo, que está previsto para se esgotar em um período de poucos meses.
Em contrapartida, o mercado de carros usados teve uma alta no Brasil no mês de maio. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), o mercado cresceu 22,5% em relação ao mês de abril.
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Mas agora, com o carro popular se tornando um pouco mais acessível, como fica o segmento de usados e seminovos no país? Para responder essa questão, o AutoPapo conversou com a própria Fenauto e com Glênio Junior, presidente da Associação das Revendedoras de Carro Usados de Minas Gerais.
O impacto no carro usado vai acontecer, principalmente naqueles que se aproximam mais do 0 km. Com certeza vai ter uma alíquota de redução de IPI, mas não sabemos ao certo o valor desse percentual dessa baixa no seminovo usado. Mas é um efeito cascata, que não vai trazer grandes impactos no mercado de usados”, disse Glênio.
O presidente da Associação das Revendedoras de Carro Usados de Minas Gerais ainda disse que o impacto deve ser sentido apenas no início do programa, visto que a medida atinge um número limitado de carros 0 km.
A desvalorização deve ser imediata, quando o mercado souber o preço oferecido na rede de concessionárias das montadoras. Pelo valor que o governo disponibilizou, de R$ 500 milhões, e pegando o ticket médio de R$ 8 mil de desconto, isso deve se traduzir em algo entre 60 mil e 65 mil carros novos, o que é muito pouco.
O governo deveria ter feito a redução do IPI para impactar o mercado de forma positiva, principalmente para as montadoras, porque com certeza o volume de vendas seria maior.
A Fenauto, por sua vez, tem uma opinião similar à de Glenio, embora acredite que os impactos devem começar a ser sentidos cerca de 1 mês após a aprovação da proposta:
Ainda é um pouco cedo para saber se vai haver mudança significativa. Vai ser possível sentir o verdadeiro impacto mais pra frente, daqui 20 ou 30 dias, porque agora o pessoal deve correr para o carro 0km.
Mas se houver algum impacto, ele deve ser bem pequeno e tem uma data de validade. Em um primeiro instante eles podem se tornar um concorrente do carro usado, mas depois o mercado se estabiliza tranquilamente como sempre faz.”
Segundo Glenio, a proposta do governo também fez com que alguns compradores optassem por esperar para fechar o veículo usado, para saber qual seria a redução de preço no carro popular.
Se eu te falar que não teve [quem escolheu esperar] eu estaria mentindo. Se a pessoa pensa em comprar um carro na faixa de R$ 60 mil ou R$ 70 mil, ainda que ele seja mais completo, ela prefere aguardar, já que o tempo de espera não será tão grande. Então houve sim que aguardou o anuncio da medida do governo.
Mas foi uma decepção geral no mercado, pelo valor disponibilizado para as montadoras [R$ 500 milhões]. O certo, para aquecer o mercado de forma positiva, seria reduzir a alíquota de IPI, e não esse desconto.
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Redução proporcional nos seminovos. Carro acima de 5 anos de idade não devem ser tão afetados.
