Compre um carro ‘resto de rico’ e seja feliz!
Se, para você, carro vai além de ser apenas um meio de transporte, já pensou em comprar um carro importado completo e potente no lugar de um 'peladão'?
Se, para você, carro vai além de ser apenas um meio de transporte, já pensou em comprar um carro importado completo e potente no lugar de um 'peladão'?
Se você não é apaixonado por automóveis e só precisa de carro para ser conduzido do ponto A ao B, sem maiores interesses, vou sugerir que compre um Corolla e não dê muita bola para esse texto.
Ao contrário disso, caso seja um gearhead assumido… é com você que vou conversar hoje, relatando a minha experiência na compra de um “resto de rico” e o porquê que defendo esse segmento do mercado de usados. É um exemplo só. Claro que há inúmeros casos em que a aquisição dá errado. Se você seguir alguns passos, no entanto, acho que pode dar certo. Há riscos. Mas os benefícios…
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Minha esposa tem um SUV. Ela adora. Mas eu não gosto. Mais do que não gosto, aliás. Durante a pandemia, nós resolvemos ter um carro só, já que mal saíamos de casa. Quando coincidia de os dois terem algum compromisso, eu usava meu scooter.
Quando a fase crítica da pandemia cessou, sobrou uma grana e resolvi, depois de quase 20 anos inclusive usando carros designados pelas montadoras onde trabalhei, comprar o meu próprio carro. Isso foi em meados de 2022.
Tinha R$ 50 mil.
Como eu só andava sozinho, a compra racional seria um hatch compacto com 4 ou 5 anos de uso. Teria dado para adquirir, naquele momento, um VW Gol 1.6 2017. Talvez um pouco mais novo. Carro 1.0 não fazia parte do rol de opções, diga-se. Talvez um Fiat Punto, também 2017. Seria um carro com 60 ou 70 mil km, em média.
Mas o coração batia por um VW Passat B6. Essa geração foi feita entre 2005 e 2010. Melhor ainda se fosse o 3.2 V6. Mas o 2.0T FSI já me parecia empolgante. Mais do que isso: eu sempre fui apaixonado por stations. Quem sabe eu não poderia achar uma Variant? Saí à caça. Para encurtar a história: achei uma preta, com 92 mil km, sem nenhum detalhe. Paguei R$ 43.500, cerca de R$ 1.000 acima da tabela Fipe.
De cara, gastei R$ 5.000 em uma boa revisão. Troquei discos, pastilhas, fiz uns detalhes de transmissão (trizetas) para eliminar uns estalinhos, consertei o captador plástico do filtro de ar, alinhei, balanceei e fiz um bom polimento. E pus pneus novos (mais R$ 3.000).
Fiquei com esse carro por dois anos. Fui trocá-lo em agosto de 2024, com 103 mil km, depois ter desembolsado mais uma boa quantia com manutenção (bomba d’água, radiador, bomba de gasolina etc). No total, desde o início, eu gastei R$ 13 mil com trocas de peças e mão de obra. A despesa total que tive com esse carro foi de R$ 56.500.
Vendi essa Variant por R$ 48 mil, cerca de R$ 3.000 acima da tabela. O segredo foi achar um comprador como eu, que gostava muito de perua/station/camioneta e estava procurando exatamente uma Variant B6. Ele percebeu, ao checar o histórico de manutenção, que o carro não teria nada grave para fazer no curto/médio prazo. Qual foi a dificuldade? Esse cidadão demorou cerca de 4 meses para aparecer, tempo em que fiquei com o carro anunciado nos marketplaces automotivos. Há de se convir que os amantes de camionetas são cada vez mais escassos.
A depreciação do meu capital foi de 15%, considerando a despesa total na compra do carro mais a manutenção (R$ 56,5 mil) versus o valor da venda (R$ 48 mil). Vamos comparar essa mesma operação com o VW Gol 1.6 2017, que era a opção racional da época: ele custava R$ 47 mil em 2022, eu teria gasto possivelmente uns R$ 4.000 de manutenção no período de 24 meses – menos de um terço do que desembolsei com a Variant. A revenda, no ano passado, seria por cerca de R$ 45 mil. Tivesse comprado o Gol, portanto, a perda monetária apontaria para 11,8%.
O Gol era um melhor negócio, certo?
ERRADO, e errado em letras garrafais. Estamos falando de pouco mais de 3% de perda real frente ao capital inicialmente gasto. São R$ 1.500! Divididos por 24 meses de uso, eu me dei de presente um carro que adorava e isso custou pouco mais de R$ 60/mês. Sessenta reais por mês!
Até gastei mais com gasolina e seguro. Ok. Só que me senti feliz todas as vezes em que entrei no carro e tive que guiá-lo, fosse por 10 km ou 800 km! Esse dinheiro, ou mesmo cinco ou seis vezes esse valor, não seria mais relevante do que o meu prazer ao dirigir um carro de 200 cv! Nada contra o Gol. Ou, na comparação com a B6, tudo contra o Gol.
E esse é o ponto crucial dessa coluna. Nunca um carro resto de rico será financeiramente um melhor negócio do que um carro compacto mais novo e de preço similar. Mas você gosta de carros? Então tome alguns cuidados e embarque nessa. Os cuidados:
Eu vi 13 Passat e 4 Variant antes de definir minha compra. Faz toda a diferença para quem encara um RR que o carro esteja em ótimo estado de conservação, não tenha sofrido colisões com danos estruturais e contenha o histórico de manutenção. Quando escolhi essa VW, o que me tranquilizou foi que a troca de óleo do câmbio automático já havia sido feita uns 12 mil km antes – e era a caixa de 6 marchas, nada de DSG. Fica a dica: você deve rodar muito e ver inúmeras opções antes de fechar negócio.
Pesquise bastante sobre o carro que você quer comprar. Descubra os problemas crônicos que ele costuma apresentar. Resto de rico sempre vai dar dor de cabeça. Mas dá para evitar aqueles que são as enxaquecas crônicas. Claro que sempre haverá o imponderável: a Variant teve o radiador trincado, por exemplo. Tive de trocar. Mas os vícios, ou seja, os defeitos comuns relatados por clientes, devem ser evitados.
Carro importado de luxo ou esportivo com mais de 10 anos de uso já despencou de preço nas cotações de usados. Mas as peças continuam custando igual ao zero km. Este é mais um motivo para estudar detalhadamente o histórico recente de manutenção.
Qualquer modelo de carro acima de 100 mil km, nacional ou importado, costuma requerer a troca da bomba de alta pressão e do fluido da transmissão automática, para citar dois exemplos de manutenção que serão necessárias. Só nessa brincadeira você já deixa R$ 5 mil ou R$ 6 mil na oficina com o seu RR. Olho no histórico!
Invista sem dó na manutenção preventiva, seguindo as recomendações do manual do proprietário. Sem concessões.
Só encare um exemplar desses se você conhecer um mecânico experiente, preferencialmente aqueles “tiozinhos” da velha guarda, que são mecânicos de verdade, não somente trocadores de peças.
Tenha consciência de que, dependendo do carro, você levará muito tempo para revendê-lo. Lembro de uma loja na zona oeste de SP que recentemente estava com um VW Touareg V6 com 165 mil km e uma Volvo V40 T4, com apenas 95 mil km. Eles eram oferecidos por R$ 39 mil e R$ 82 mil, respectivamente. E lá ficaram durante quase um ano.
Não se iluda com preços muito convidativos. Eles tanto podem refletir uma dificuldade comercial na revenda, como nos casos mencionados acima, o que justificaria a “bagatela”, como uma encrenca gigantesca (e bem cara) de manutenção a ser realizada. Imagine comprar um Land Rover e ter que trocar as bolsas da suspensão pneumática?
Não deixe de cotar, antes da compra, os valores de seguro. Boa parte das seguradoras já rejeita modelos acima de 15 anos de uso. E, quando topa, o preço é impagável. Pesquise isso antes.
Se você chegou até aqui e continua se sentindo empolgado em adquirir seu Audi, BMW, Mercedes, Porsche, Volvo ou Land Rover mais usadinho, e estiver disposto a seguir as regrinhas acima… vá em frente. A excitação de conduzir um carro desses por valores de compra abaixo de R$ 100 mil é inigualável.
Troquei a Variant por outro carro resto de rico, ano/modelo 2016 e com 47 mil km. Se essa coluna der aderência, eu retorno ao assunto e falo dele. Mas me conte nos comentários: você é dono de algum importado de luxo? Está de olho em algum? Acrescentaria alguma dica importante antes de abraçar uma compra dessas?
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Esse artigo veio como uma flecha, estou pensando em adquirir um RR (Dodge Durango 2015)
Aquele ronco do v6 pentastar, o acabamento primoroso, o porte absurdamente imponente… Moro no interior do RJ, não preciso me preocupar com vaga e quando vou a capital me locomovo de taxi e uber, fora que nem senti tanta diferença do preço de peças da durango para meu carro anterior (fiat linea 1.8).
Posso estar iludido, mas a maior diferença que vi foram justamente os pneus, o que já era se de esperar…
Boa sorte! A vida é curta!
Esse. Artigo veio de encontro comigo, sou proprietário de um gol e fui esse cara que Anda do ponto A Para B que visa eficiência e economia, mas devido a maturidade estou pesquisando um ” resto de rico” , adorei o texto
Sei lá, na minha humilde opinião o RR só é bacana para uma pessoa solteira, independente financeiramente e sem grandes compromissos financeiros, tipo família ou filhos pra sustentar, etc. Uma compra totalmente emocional. Pra mim é como comprar um clássico, para fazer uso em pequenos passeios de final de semana, lazer, além disso, precisa ter uma boa reserva de grana para enfrentar imprevistos na manutenção, alguma batida.
Desculpe, porém não entendi porque fazer todo esse investimento é correr esse risco para rodar somente 11.000 kms durante 2 anos, ou seja menos de 500 km por mês e menos de 16 km por dia, em um carro que lhe dá prazer de dirigir.
Eu trabalho em home office. Meus deslocamentos são menos frequentes hoje em dia, portanto. E é exatamente por isso que eu entendia que tinha que me dar esse presente. Trabalho com carros há 35 anos. Nada mais justo do que mandar a racionalidade às favas e curtir bons momentos com carros que eu realmente gosto, apesar do risco
Para o dia-a-dia na cidade, e pegar estrada com tranquilidade, o melhor mesmo é o ótimo “arroz-com-feijão do assalariado”:
Aquele carro prático e robusto, confortável mas sem luxo, sem aqueles mimos eletrônicos que só encarecem o carro e encrencam a manutenção.
Carro para quem curte dirigir e pegar estrada!
Pior sou eu, fudido e mal pago!
Comprei um resto de pobre, um Citroen C3 1.6 automático 2011, e sequer consigo tirar o carro da porta de casa!
Só pega quando quer; ar não funciona; câmbio dá pau depois de 10min ligado, fica sem freio do nada, mesmo com fluido normal e pastilha boa… Enfim, bomba é pouco!
Sobre a dificuldade de partida e problema no freio, pode ser entrada falsa de ar no coletor de admissão, precisa dar uma revisada nas mangueiras de vácuo. Sobre o câmbio automático, se for o AL4 deve ser problema nas eletroválvulas, além da troca do fluído hidráulico.
Troca o Cilindro mestre do freio antes que te mate…
É um segmento parecido com o dos aficionados por carros antigos
Exige muita pesquisa e paciencia, disposição em arcar com despesas extras, e bons contatos técnicos.
Para qerm gosta de dor de cabeça e torrar dinheiro à toa é a receita ideal para ser feliz.
Compre um carro ‘resto de rico’ e seja feliz! … e pobre …
Concordo e sou adepto do conceito Resto de Rico, mas ressalto que o cidadão realmente deve ser apaixonado por carros e tem que estar preparado para assumir alguns riscos e alguns custos. A matéria é bem clara quanto a isso. Portanto quem não se importa tanto com carro e, sobretudo, não quer se incomodar com carros, não deve se atirar nisso.
Atualmente tenho um BMW série 5, seis cilindros, 2015 com 100 mil km que uso todos os dias, para tudo, e sem dó nenhuma. Comprei ela após pesquisar sobre o carro, e escolher um com procedência e com histórico de manutenções. Paguei o valor FIPE dela que era o mesmo de um Corolla básico 2024. Ou seja, posso andar num carro de 640 mil (quando novo) gastando aproximadamente 1/4 desse valor.
Também concordo com a necessidade de ter uma oficina expert e de confiança na marca, para as necessárias manutenções que não devem ser ignoradas como via de regra o Brasileiro prefere fazer. Deixar esse tipo de carro sem as manutenções preventivas é receita certa para o desastre, e cada parada na oficina custa caro. O seguro também é mais caro do que o do Corolla (embora não exorbitante).
Isso dito, qual é melhor ? Uma BMW véia ou um Corolla novo ?
Como carro, a BMW “Resto de Rico” coloca o Corolla novo no chinelo – são 306 cv contra uns poucos pangarés do Vovorolla, sem contar a dirigibilidade, conforto e acabamento. O maior prazer ao dirigir é incontestável. O design da BMW, mesmo com 10 anos de idade, também é infinitamente superior ao “sonolento” Corolla. È um carro que chama a atenção mesmo não sendo da última geração.
Mas, como “condução” para simplesmente te levar de um ponto a outro, e como “ativo” para revenda, o Corolla ganha fácil da BMW tenho que admitir. É mais prático e bebe menos. Custo de manutenção e o valor do seguro são bem menores, raramente quebra, e tem mais liquidez na revenda. É um carro que não vai te incomodar nem vai te esvaziar o bolso.
Então porque andar de BMW véia ao invés de Vovorolla novo ? Muito simples: paixão por carros. Basicamente isso porque pensando de forma racional e sem emoção, não faz sentido. Enfim, é cada um gastando o que tem com aquilo que gosta.
Paixão por carros. É isso.
Estou “namorando” um Audi A4 2.8 30v – Aut. 1997 – 110 mil km
Devo continuar.a procura?
Carro com praticamente 30 anos amigo, se isso não bastasse é importado.
Já teve uns 376 donos e o primeiro só fazia revisão (troca de óleo e filtro) em css para manter a garantia, e assim que ela acabou vendeu.
Aí é que está a questão: único dono, roda no DF, “super conservado”.
Estou tentado a terminar o “namoro” e propor o “casamennto”. Rs
Antes que outro interessado descubra.
Se é para comprar um R.R, da década de 90 eu iria de Mercedes, pois dos alemães era a mais confiável nessa época, além do melhor perfil de dono. Evite aquelas que tem chicote elétrico biodegradável (exceto se comprovadamente já tenham substituído o chicote). Melhor também as MBs de 4 ou 6 cilindros em linha, e evitar as V6 do final dos anos 90.
O problema é que esses carros MB da década de 90 ficaram caros. Antes dava para comprar uma 300E boa por 30K ou 40K hoje estão pedindo absurdo. Quanto a Audis, antigos, bom ai acho você vai entrar num mundo bem mais arriscado. É como comprar uma Cayenne antiga.
Não faça isso. Existem modelos mais interessantes e mais novos. Esse carro já está muito velho e nunca virará um clássico. Existem aos montes abandonados nos grandes centros. Eu já tive um A6 98, que vendi em 2012. Ele já era velho naquela época. Imagina hoje. Não lhe recomendo.
Não vou duvidar de sua palavra, mas mesmo sendo único dono ainda é um carro com 30 anos e dúvido ter todas as manutenções preventivas e corretivas em css.
Enfim, desejo boa sorte!
“Compre um carro ‘resto de rico’ e seja feliz!”
Seja feliz até a hora que quebrar o câmbio, a bomba de alta, o turbo compressor ou algum módulo eletrônico, aí vende por quilo no ferro velho e torça para a financiadora não bloquear seu CPF e conta bancária tua e da sua esposa, porque em 100% dos compradores desse tipo de carro faz no”fiado”
Disse a maís pura verdade, o cara mais rico que conheci até hoje só andava de carro 1.0 Zero Km, Sandero, Uno, Mobi, kwid e afins.
O cara tem três andares de aluguel na Avenida Paulista , mora na Alameda Santos e casa na praia e quem olhava dizia que era professor de rede pública.
Aí vem o pobre que não consegue ficar em pé sozinho faz isso..🤣🤣🤣