Os carros chineses mudaram muito nos últimos 20 anos, hoje até grandes montadoras vendem esses veículos apenas trocando os emblemas
O mundo automotivo hoje é muito mais confuso que era no passado. As marcas possuem parcerias com fabricantes de todo o mundo e os carros são uma salada de componentes com as mais variadas origens. A bola da vez são é a China: toda montadora quer garantir seu espaço nesse país.
Para adentrar nesse mercado é preciso ter uma parceria com algum fabricante local e compartilhar tecnologia. O mais comum é alguma marca chinesa usar isso para lançar um modelo baseado em plataforma de alguma montadora “consagrada”, mas, agora, é comum o caminho inverso: as marcas tradicionais aproveitarem a engenharia da China.
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A Stellantis prepara o lançamento da Peugeot Landtrek para 2023 e parece que junto virá uma versão Fiat dessa caminhonete. O modelo é fruto de uma parceria entre a Changan e o grupo PSA, sendo pensado desde o começo para ser vendido pela Kaicene e pela marca do leão.
A identidade da Peugeot é forte na caminhonete, principalmente no interior: as formas do painel, botões e manoplas seguem a atual identidade visual da marca francesa. Até o conta-giros que corre no sentido anti-horário está lá. A origem chinesa se revela na mecânica, motores da Isuzu, Mitsubishi e o chinês Kunming Yunnei são usados.
Segundo o Autos Segredos, a Landtrek vendida no Brasil será equipada com o motor 2.0 turbodiesel BlueHDI feito pela PSA. Pelo menos aqui a origem chinesa estará mais bem disfarçada pelo estilo e mecânica francesa. A bagunça ficará com a versão Fiat.
A Landtrek não é a primeira caminhonete chinesa vendida com os emblemas da Peugeot. Partes do continente africano recebe a Peugeot Pick-Up, que nada mais é que uma Dongfeng Rich com o leão na grade e produzida na Tunísia.
As caminhonetes Rich a Dongfeng nasceram de uma joint-venture da chinesa com a Nissan, portanto a Peugeot vende uma Frontier antiga na África.
O segmento de SUVs médios é um dos mais quentes no mercado brasileiro. A Ford possui no exterior o Escape (também conhecido como Kuga), mas esse modelo é fabricado apenas em países sem acordos comerciais com o Brasil e chegaria muito caro. A solução da marca foi trazer o Territory da China.
Apesar dos emblemas, esse SUV tem nada de Ford. Ele é na verdade o Yusheng S330, feito pela JMC. O motor 1.5 turbo leva o nome EcoBoost da Ford, mas sua origem é de um propulsor Mitsubishi dos anos 70 bastante popular na China.
Por dentro a origem chinesa é demonstrada pelo generoso espaço para os passageiros no banco traseiro em detrimento do porta-malas. A central multimídia, chamada aqui de Sync Touch, é diferente de tudo usado pela Ford. Detalhes como os botões do painel e a iluminação em LED colorido reforçam a origem.
A brasileiríssima Chevrolet Montana foi exportada para o México com o nome Tornado, pois lá o nome Montana era usado por uma minivan da Pontiac. Com o fim da picapinha os mexicanos reaproveitaram o nome Tornado em uma van chinesa, feita pela Wuling.
A Wuling Hongguang V é vendida também em outros países da América Latina como Chevrolet N400. Ela é uma van compacta de motor dianteiro e tração traseira, com capacidade de carga entre a de um Fiat Fiorino e um Fiat Scudo.
A marca chinesa é uma das que possuem joint-ventura com a GM, mas o projeto da Hongguang V é praticamente independente. O que é compartilhado é o motor 1.5, que é o S-Tec da Daewoo.
O Dodge Jourey foi um crossover longevo. Quando saiu de linha em 2020 não deixou um sucessor, com a marca focando em muscle cars e os SUV sendo relegados a gama da Jeep. Para cobrir o buraco deixado no México a Dodge passou ai importar o Trumpchi GS5 II fantasiado como Dodge.
Assim como ocorre com o Ford Territory, o Dodge chinês compartilha nada mecanicamente ou em estilo com o resto da linha. A única coisa que liga o Journey feito pela Trumpchi com a Dodge é o desenho da grade.
Muitos dos carros vendidos pela Chevrolet no México são modelos chineses. A caminhonete S10 Max chama a atenção por ser um tipo de produto que a General Motors tem em seu leque e, teoricamente, não precisaria importar o modelo.
A S10 Max é uma das variações da chinesa Maxus T70, lançada em 2019. Ela é vendida na Inglaterra e na Austrália com emblemas da LDV (tradicional fabricante britânico de veículos comerciais), em partes da Ásia como MG Extender e em outros países pela própria Maxus.
No México a S10 Max é vendida apenas em versão mais simples voltada para o trabalho, sucedendo a S10 brasileira que era vendida por lá. Quem procura uma picape média mais equipada pode levar Colorado. O motor usado no por lá é o 2.0 turbo MGE da General Motors, com 213 cv e aliado a um câmbio manual de seis marchas.
A nova geração do Chevrolet Onix marcou uma ruptura na General Motors do Brasil por trocar os projetos desenvolvidos localmente e baseado em plataformas globais do grupo por um carro projetado na China. Ao contrário dos outros carros da lista, o compacto foi criado por uma filial da matriz.
A origem chinesa do Onix pode ser notada apenas em detalhes que dizem mais sobre o gosto do mercado que em peças. O espaço no banco traseiro e o balanço dianteiro grande são comuns em carros chineses. A primeira geração do Onix, desenvolvida no Brasil por uma equipe acostumada com projetos europeus, possui balanços curtos como em outros compactos do velho continente.
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