7 carros de homologação para corrida modernos

Algumas categorias ainda exigem um certo parentesco entre os carros de corrida e os de rua, gerando alguns modelos esportivos bem legais

bmw 320si de rua e de competição frente
Esse nem é um M3, é um 320i! (Foto: BMW | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 21/09/2025 às 09h00

O regulamento das competições de turismo exigem que os carros sejam derivados dos modelos de rua. Isso criou os modelos de homologação, que eram versões especiais vendidas para o público geral apenas para poder ter um modelo melhor nas pistas.

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Durante os anos 90 os regulamentos começaram a ficar menos exigentes quanto as semelhanças com os carros de rua, já que os modelos de competição estavam cada vez mais extremos. Porém os carros de homologação não sumiram, apenas ficaram menos frequentes.

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Os anos 2000 renderam alguns carros especiais de homologação que são pouco conhecidos. Listamos eles aqui, junto de outros que são mais famoso e também merecem atenção.

1. BMW 320si

O BMW M3 é o modelo esportivo do Série 3 que nasceu para homologar o carro para competições. Na geração E90, feita entre 2004 e 2013, ele corria em categorias de topo, como a GT2 e a DTM.

Em competições de turismo mais baixas, como o WTCC e o BTCC, quem competia era o 320i. O regulamento exigia motores aspirados de 2 litros ou turbinados de 1,6 litro, bem diferentes do V8 usado pelo M3.

A BMW poderia usar o 320i comum, mas resolveu fazer algo mais especial para conseguir melhores resultados. Foi assim que o 320si nasceu, em 2006, limitado a 2.600 unidades para cumprir os critérios de homologação.

No lugar do motor N46, que possuía comando variável, o 320si usava como ponto de partida o 1.6 N45, do 316i. A BMW ampliou o diâmetro e o curso dos pistões para chegar a 1.997 cm³ e ter um comportamento mais girador.

A ausência do comando de válvulas variável e essas medidas internas permitiram o comportamento desejado, de atingir rotações maiores. O 320si rendia 172 cv a 7 mil rpm, 24 a mais que o 320i. Radiador, freios e suspensão vieram das versões de seis cilindros, para complementar o desempenho. O câmbio era sempre manual.

Ele estava longe de ser um M3, no papel seu desempenho era inferior ao do 325i. Mas cumpriu o seu propósito, a BMW foi a campeã das temporadas de 2006 e 2007 do WTCC. E o brasileiro Augusto Farfus pilotou esse modelo.

2. Chevrolet Celta 1.4

Se você acha que a gama dos fabricantes é confusa hoje, com a profusão de SUVs compactos em faixas de preços similares, é por não lembrar como era o mercado de compactos nos anos 2000. O Celta era o modelo de baixo custo da Chevrolet e dividia as concessionárias com o Corsa de terceira geração e o Classic, que era o Corsa de segunda geração.

Em 2003 o Celta ganhou a opção do motor 1.4, como alternativa para quem desejava mais desempenho e abria mão de itens de conforto. Apesar de ser um carro bem esperto, ele não foi um sucesso como o modelo 1.0.

Quando veio a reestilização do Celta, em 2007, o motor 1.4 voltou para a linha com um outro propósito: homologar o carro para o campeonato brasileiro de rali. O 1.0 já era flex, enquanto esse motor mais forte seguia movido apenas a gasolina só e não ganhou novidades.

O motor 1.4 Família 1 a gasolina rendia 85 cv e 11,8 cv, ele não contava com a taxa de compressão elevada do 1.0 VHC. Na configuração de rua ele pesava apenas 870 kg.

A versão de rali recebia preparação aspirada no motor e o interior era todo aliviado. A competição era contra o Fiat Palio 1.6 16v, o Peugeot 206 1.6 16v e o Volkswagen Gol 1.6.

3. Maserati MC12

maserati mc12 de corrida e de rua
Foram feitos apenas 62 carros, sendo 12 para as pistas e 50 para as ruas (Foto: Maserati | Divulgação)

Um tipo de carro de homologação que ficou menos comum é o supercarro das categorias mais altas. Após a virada do milênio a principal categoria das corridas de longa duração viraram protótipos.

A categoria GT1, série mais alta do FIA GT, era composta por carros derivados dos superesportivos de produção. A Maserati, que já atuava em categorias inferiores, quis entrar nessa, mas não tinha um carro.

Para solucionar esse problema ela usou o que havia disponível na Ferrari. O MC12 foi feito a partir da Enzo, que cedeu o chassi e a mecânica.

A carroceria, assinada pelo genial Frank Stephenson, era mais longa e focava em oferecer um arrasto menor que o da Enzo. A Maserati produziu apenas 62 unidades do MC12, sendo 50 de rua para homologação e 12 carros de corrida.

Esses carros participaram de 94 corridas no total, com 40 vitórias. Além da GT1, o MC12 chegou a correr na Super GT japonesa e na American Le Mans Series.

4. Porsche 911 GT3

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O GT3 usava um motor mais robusto que o resto da linha (Foto: Porsche | Divulgação)

O Porsche 911 Carrera RS, em suas diferentes formas, foi um carro de homologação para as pistas. O GT3, apresentado em 1999 para as novas regras da categoria de mesmo nome.

Essa versão começou na polêmica geração 996, a primeira com motor refrigerado a água e a única a não usar faróis circulares. O 911 GT3 era uma versão mais leve e de aspiração natural, mais focada em pistas que o grand tourer 911 Turbo.

A versão GT3 usava um motor boxer 3.6 desenvolvido por Hans Mezger, que era derivado do refrigerado a ar da geração anterior. Ele é conhecido por ser bastante robusto e rendia 360 cv.

O primeiro Porsche 911 GT3 podia receber um pacote de opcionais que incluía uma gaiola de proteção, bancos semi-concha com regulagem manual, extintor de incêndios, volante do motor mais leve e cinto de seguranças com seis pontos.

No face-lift da geração 996 veio uma atualização do 911 GT3, que subiu a potência do motor para 381 cv e passou a usar os para-lamas mais largos do Carrera 4. Ele também recebeu a versão RS, com painéis da carroceria em fibra de carbono, vidros mais leves e suspensão mais firme.

As gerações seguintes do 911 GT3 seguiram essa fórmula, de ter tração traseira e motor aspirado de alta potência específica. O que mudou foi a chegada do câmbio PDK de dupla embreagem na geração 991, mas o manual segue como opção. E sempre há um equivalente de corrida.

5. Toyota GR Yaris

toyota gr yaris frente e traseira na neve
A Toyota não precisava fazer o GR Yaris tão legal quanto ele é, o WRC exigia apenas a carroceria para homologação (Foto: Toyota | Divulgação)

As competições de rali renderam os carros de homologação mais extremos que conhecemos: Lancia Stratos, Ford RS200, Audi Sport Quattro, Mitsubishi Lancer Evolution e outros. Nas últimas décadas essa exigência de ter um modelo de produção seriada foi bem relaxada.

A Toyota, que corre com o Yaris no Campeonato Mundial de Rali (WRC), queria usar uma carroceria de duas porta e mais esportiva na competição. O GR Yaris nasceu daí, mas não precisava existir da forma que conhecemos.

O CEO da marca, Akio Toyoda, é piloto nas horas vagas e sempre está pleiteando por mais esportivos na gama da Toyota. O GR Yaris foi fruto dessa paixão e da vontade de ter um esportivo sem precisar de ajudas externas — como tiveram com a Subaru para o 86 a BMW para o Supra.

O GR Yaris é um Frankenstein de componentes da Toyota para fazer o hatch compacto virar um carro de rali: uniram a seção dianteira do Yaris com a traseira do Corolla, para aproveitar a suspensão traseira multilink.

A carroceria de duas portas é mais baixa e possui teto em fibra de carbono e capô, portas e porta-malas em alumínio. O sistema de tração foi desenvolvido pela Toyota, podendo mandar até 70% da força para o eixo traseiro, e o câmbio é manual de seis marchas.

O motor também foi criado especialmente para o GR Yaris. Trata-se de um 1.6 turbo de três cilindro com 272 cv, que já possui versões de até 305 cv. Todo o projeto foi supervisionado por Tommi Mäkinen, que fez história pilotando o Mitsubishi Lancer Evolution, mas desde 2016 é chefe da equipe Toyota no WRC.

Esses esforço foi feito para atender a homologação da FIA que exige 2.500 unidades vendidas por um período de 12 meses para poder usar a carroceria no WRC. A Toyota não precisava fazer um carro com tração integral ou motor forte, apenas a carroceria de 2 portas e a mecânica de um Yaris convencional já atendia. Mas ela fez.

6. Ford GT (2017)

ford gt 2016 azul frente
O último Ford GT nasceu como carro de corrida e depois foi adaptado para as ruas (Foto: Ford | Divulgação)

A história de como a Ford criou o GT40 para desbancar a Ferrari em LeMans é uma das mais famosas do automobilismo e já virou um (excelente) filme. Esse carro foi homenageado em 2005 por um supercarro retrô, feito para celebrar o centenário da marca.

O primeiro Ford GT moderno foi apenas um carro de rua. Ele ganhou versões de pista feitas por empresa independentes do fabricante, que aproveitaram o projeto bem feito para várias categorias.

A segunda geração do Ford GT foi criada com uma proposta similar a do GT40: a marca queria entrar no campeonato mundial de endurance. A categoria dessa vez era a LM GTE, sucessora da GT2.

Por isso, o Ford GT foi projetado primeiro como carro de corrida e depois pensaram em homologar para as ruas. No lugar do desenho retrô entra um visual moderno e bem agressivo, com um vão livre na lateral.

O motor era o V6 3.5 EcoBoost, o mesmo que equipava o Taurus SHO e a F-150. Mas foi bastante modificado, para entregar 656 cv com confiabilidade no modelo de rua e aguentar as corridas de 24 horas.

A versão de rua existiu apenas para homologação e tinha poucas concessões ao conforto. A Ford vendeu o carro para clientes selecionados e proibiu a revenda no primeiro ano, para evitar a especulação e incentivar os donos a usar o esportivo.

O Ford GT saiu de linha em 2022 com o dever cumprido. Nas pistas ele foi substituído pelo Mustang GT3. Nas ruas foi pelo Mustang GTD, que é baseado no carro de pista, mas não foi um carro de homologação. Apenas um pedido de Jim Farley, CEO da marca, que queria fazer do muscle car um supercarro.

7. BMW M3 GTR

A geração E90 não foi a única a ter motor V8 no BMW M3, o E46 que teve essa primazia. Mas foi em apenas 10 carros de rua, para homologar o modelo GTR que correu na American Le Mans Series (ALMS).

A regra exigia produção de 10 carros e que eles fossem disponibilizados para venda durante 12 meses em dois continentes diferentes. A BMW fez exatamente isso, produziu apenas 10 unidades do M3 GTR Straßenversion.

O carro usava o mesmo V8 4.0 P60B40 desenvolvido exclusivamente para corridas, com cárter seco, virabrequim plano e taxa de compressão elevada. Nessa especificação a potência era reduzida para 385 cv, nos carros de corrida ficava em 505 cv com restritores e podia atingir 710 cv sem eles.

O M3 GTR de rua possuía o interior das versões comuns e se diferenciava do modelo de pista por usar câmbio manual no lugar da caixa sequencial. Externamente ele se diferenciava pelos para-lamas mais largos, para-choques mais avançados e pelo aerofólio.

A BMW produziu as 10 unidades do M3 GTR Straßenversion e anunciou o preço de € 250 mil, mas não vendeu o carro para o público. Manteve três unidades em seu acervo e destruiu as outras sete.

O motivo de ter feito isso nunca foi explicado. A teoria mais comum é que o motor de competição daria trabalho para manter e que o preço exorbitante foi de propósito.

No ano seguinte, em 2002, as regras de homologação mudaram. A ALMS passou a exigir pelo menos 100 carros de rua e 1.000 unidades do motor produzidas. Isso seria inviável para a BMW, já que o P60B40 era caríssimo de fazer.

Nas pistas, o BMW M3 GTR atrapalhou o reinado do 911 GT3 e fez carros da Ferrari, Aston Martin e Panoz comerem poeira. Ele saiu da ALMS em 2002 por causa das novas regras, mas foi usado em competições europeias e nas 24 Horas de Bathurst, na Austrália.

E já sabemos no que você está pensando, o BMW M3 GTR foi o carro que estrelou em Need For Speed Most Wanted. Mas o carro do jogo é a versão de pista, a de rua era um bonus na Black Edition.

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