Carros de jogos: Do Nissan 280Z ao Porsche 911 GT2
Há quase 50 anos marcas como Nissan, Ferrari e Porsche se uniram à indústria de games para reforçar sua imagem e vender mais jogos
Há quase 50 anos marcas como Nissan, Ferrari e Porsche se uniram à indústria de games para reforçar sua imagem e vender mais jogos
Se o amigo não tem um monte de dinheiro sobrando, a forma mais fácil de guiar um esportivo, como um Porsche 911 é num videogame. E as marcas sabem disso. E não é de hoje que as indústrias do automóvel e games andam de mãos dadas. Se nos games de esportes os clubes se digladiam para colocar suas marcas e atletas nas capas de jogos, no setor automotivo, não basta uma foto é preciso fazer com que o carro seja protagonista.
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Atualmente há uma expectativa para saber qual máquina irá estampar a capa de “Forza Motorsport”, o game de corridas da Microsoft, que estreia no ano que vem. Até agora só foi divulgado um vídeo, com um monte de carros, mas nenhum em destaque.
Em “Forza Horizon 5”, lançado no ano passado, a bola da vez foi o Mercedes Project One. Já no recente “Gran Turismo 7”, a capa ficou com dois modelos conceituais do jogo: um Porsche e outro Mazda.
Nos últimos anos, todo título de corrida tem seu “carro madrinha”. A BMW lançou a atual geração do M5 (F90) em “Need For Speed: Payback”, assim como fez a Volvo com o Polestar 1, em “NFS: Heat”, semanas antes de abrir as vendas do cupê.
Destacar carros nos games tem sido uma estratégia de marketing eficaz. A Porsche revelou o 911 (991) GT2 RS na apresentação “Forza 7”. Já Ford revelou o Mustang atual numa das edições de “Forza Horizon” e incluiu o novo Bronco em “Horizon 5”. A GM incluiu a sétima geração do Corvette em “Gran Turismo 6” (2013), antes mesmo de o carro ser lançado, com direito a uma versão camuflada do Vette.
Experimentar o carro num videogame não significa que o moleque vai pilotar um Porsche e mandar o pai comprá-lo. Não funciona como na propaganda do “Compre Batom!”, mas tem seu propósito.
Trata-se de uma estratégia de projeção de marca. Ela cria um vínculo, como já acontece há anos no cinema. O Mustang de Steve McQueen, o Firebird de Rock Balboa, o Explorer de “Jurassic Park” e o DB5 de 007.
Mas essa relação entre fabricantes e publishers não é de agora. Um dos primeiros games a explorar um carro real foi “Datsun 280 ZZZAP”, publicado pela Midway em 1976 para fliperamas e que levava o nome de uma versão apimentada do esportivo da Nissan. Nesse game, o 280Z não aparecia no jogo. Graficamente era muito rudimentar e objetivo era fazer curvas o mais rápido possível, dentre outras façanhas.
Aliás, não havia imagem do cupê japonês nem mesmo na máquina. O máximo que se podia “sentir” do esportivo era o volante que ficava diante do jogador. Mas mesmo assim, o game teve impacto positivo. Principalmente no mercado norte-americano em que a Nissan era uma novata e trazia um modelo de apelo esportivo e mais eficiente que os muscle cars, sufocados pela Crise do Petróleo. Acredite, esse jogo ficou entre as 10 máquinas mais jogadas em 1977.
Dali em diante, a coisa se profissionalizou. Marcas como Lotus, Ferrari, e Porsche e Lamborghini também beberam na fonte dos videogames. A Lotus chegou a ter dois games exclusivos com o Esprit, enquanto a marca de Ferruccio encomendou um jogo de corridas que levava seu nome.
A Volkswagen também apostou nos games para emplacar o New Beetle, na segunda metade dos anos 1990. Mas ela foi cirúrgica e criou um jogo divertido e simpático para Nintendo 64. O console da Big N sempre teve apelo mais infantil que PS1, Saturn ou outro console da época. Era uma estratégia de impactar a marca no âmbito familiar. O Fusca e Beetle sempre tiveram muito carisma, inclusive com a criançada.
Mas uma das ações mais extravagantes envolveram Electronic Arts e a Porsche. Em 2000, foi publicado para PC, “Need For Speed: Porsche Unleashed”. Esse game é uma aula de história da marca.
No jogo há uma grande variedade de modelos da marca de Stuttgart, desde 356 de 1948, passando por modelos as diferentes variações do mesmo, assim como 911, 914, 924 e 944.
Também era possível adicionar modelos como 928, GT1 e 996 GT3. Era um game sensacional, mas que também foi responsável por um efeito colateral que provocou a ira de diversos estúdios e fãs da marca.
Isso porque EA e Porsche assinaram um acordo de que o publisher norte-americano teria direito sobre as versões digitais dos carros Porsche. Assim, se algum estúdio quisesse publicar um game com um modelo da marca, precisava do consentimento da Electronic Arts, mesmo que a Porsche estivesse de acordo.
Uma das saídas para estúdios como a Polyphony Digital (Gran Turismo) e a Slighty Mad Studios (Project CARS) foi a inclusão de modelos Ruf. Isso porque a empresa alemã é considerada fabricante por utilizar apenas a estrutura dos Porsche. Hoje inclusive, ela já conta com monocoque e chassi tubular sob a carcaça do 911 original.
Os modelos Ferrari também bombam nos games há cerca de 40 anos. “Rad Racer”, lançado para Nintendo 8 Bits, contava com um 288 GTO, enquanto o clássico “Out Run” tinha uma Testarossa conversível. Esse carro nunca existiu oficialmente, mas a Ferrari chegou a produzir uma única unidade para presentear o patrão Giovanni Agneli.
A Ferrari também assinou um jogo de corridas em pista batizado de “Ferrari Challenge”, que se podia disputar provas com os bólidos da marca. A diferença é que não existia exclusividade e os carros do comendador Enzo se tornaram figurinhas carimbadas em praticamente todos os jogos de corrida.
Assim, indústria do automóvel e estúdios de videogames andam de mãos dadas. Para fãs de carros, ter um bólido legal num game é tão estimulante quanto ver a cara de Lebron James, Messi, CR7 e Tom Brady num game de esportes. É o jeito virtual de se chegar ao Olimpo e de as fabricantes criarem seus mitos.
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