Douglas Mendonça 5.0 e os melhores carros nacionais dos anos 2010
Douglas Mendonça relembra de um dos últimos modelos que guiou e também da chegada de dois carros que mudaram o rumo da indústria brasileira
Douglas Mendonça relembra de um dos últimos modelos que guiou e também da chegada de dois carros que mudaram o rumo da indústria brasileira
Foram mais de 1.300 carros diferentes avaliados em minha carreira como jornalista automotivo ao longo de cinco décadas. Muita coisa, incluindo um monte de tipos de carroceria, diferentes portes e dimensões, movido por inúmeras motorizações (gasolina, etanol, diesel, a gás, GNV, eletricidade), pelos quatro cantos do mundo. Claro, tiveram carros totalmente insossos, mas outros foram inesquecíveis, tamanho o acerto mecânico ou as suas qualidades.
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O som de um motor (ou a falta dele), respostas ao comando do volante e pedal de freio, reações do acelerador, a rapidez ou bom casamento entre motor e transmissão, ou até mesmo o quão confortável, silencioso, seguro, espaçoso, ou modular um modelo é, tudo conta. Um carro bom não é necessariamente rápido, enquanto outro divertido pode ser mais lento do que se imagina. Há qualidades e qualidades.
Para facilitar essa lista, os separei por décadas (1970, 1980, 1990, 2000 e 2010), escolhi o carro mais legal e marcante daquele período, seu coadjuvante (aquele que chegou perto de ser o melhor), além do modelo com um conceito moderno ou inovador. Por enquanto, vamos falar dos nacionais, mas os importados virão em uma segunda “leva” de matérias. Vamos lá:
Reunir esses integrantes já foi mais difícil pra mim, já que perdi minha visão em 2012. Mas, da escolha definitiva me lembro bem, um cara muito divertido chamado Fiat Bravo T-Jet, que cheguei a conhecer no lançamento e dirigir em testes depois. Era um hatch médio esportivo lançado em meados de 2011 para suceder ao Stilo. O T-Jet era apimentado com seu motor 1.4 turbo, um dos primeiros a apostar no downsizing (receita de propulsores pequenos com superalimentação), acoplado a seis marchas bem curtas do câmbio manual, o que se traduzia em poderosos mais de 150 cv e excelentes 23 mkgf de torque.
Por conta do turbocompressor, o hatch esportivo tinha força de sobra já nas menores rotações, e disparava em velocidade com muita disposição (eram apenas 8,7 segundos na prova de 0 a 100 km/h). E, além disso, o Bravo já era um carro bem moderno e completo para 2011, com direito a sete airbags, faróis de xenon e direção elétrica que endurecia conforme a velocidade. Pena que o carro, no geral, fez pouco sucesso e saiu de linha alguns anos depois. A versão T-Jet esportiva, cara e exclusiva, o acompanhou praticamente até o final de sua vida, em 2016.
Hyundai HB20, um fenômeno que merece espaço como coadjuvante dessa década. Não cheguei a ver o hatch nas ruas, porém acompanhei de perto seu desenvolvimento. Os coreanos foram rápidos e logo aprenderam o que o brasileiro gosta, por isso prepararam um carro compacto acima da média para a época, setembro de 2012. Além do design considerado bonito por praticamente todos, o HB oferecia bons equipamentos, sem contar o pioneirismo na categoria de nacionais com motor 1.0 de três cilindros. O tricilíndrico deles veio antes de todo mundo, e continua em produção até os dias atuais, inclusive turbo (família Kappa).
O Hyundai rodava macio, respondia bem ao comando do acelerador, e, quando 1.0, brindava o motorista com baixo consumo, além da tradicional robustez e confiabilidade, comprovadas com o tempo. Um tiro certeiro dos coreanos, que até hoje vende bem, e nunca trocou de geração: por baixo, esses HB20 2024 ainda são praticamente iguais aos de 2012. Bons!
No segundo semestre de 2015 nasceu o melhor conceito, na minha opinião: Renault Oroch, a primeira picape com quatro portas e construção monobloco do mercado nacional. Ela deixou de lado as pesadas e antiquadas longarinas de chassi para adotar um estilo, basicamente, de SUV com caçamba. Isso significava um melhor aproveitamento do espaço interno, uma caçamba mais unida com a cabine e com melhor isolamento contra água e poeira, enquanto os parâmetros de segurança, conforto, estabilidade e dirigibilidade subiam de nível (nisso ela era tão boa quanto um SUV).
A Renault apostou no ineditismo, ousou com a proposta e acertou no uso da resistente plataforma do Duster, aperfeiçoada com o refinamento de suspensões independentes e o reforço traseiro para aguentar carga. A ideia deu certo, tanto que depois vieram outras picapes com a mesma construção: Fiat Toro, Ford Maverick, Chevrolet Montana e Ram Rampage. Mas a Oroch foi a pioneira!
Na próxima semana, começo a sequência dos melhores importados na mesma fórmula: por décadas, e divididos entre campeão, coadjuvante e conceito mais interessante. Não perca!
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