Carros esportivos nacionais da década de 1960: história e detalhes
Os números de desempenho não impressionam, mas muitos desses modelos hoje são desejados por colecionadores e alguns se tornaram muito raros
Os números de desempenho não impressionam, mas muitos desses modelos hoje são desejados por colecionadores e alguns se tornaram muito raros
Iniciando o almanaque de esportivos nacionais dos anos 60 até os anos 2010, vamos para os modelos feitos entre 1960 e 1969. Os carros esportivos nacionais sempre estiveram no coração dos brasileiros, desde a criação da indústria automotiva brasileira há cerca de 60 anos.
Enquanto alguns marcaram sua época e são referências de bom desempenho, direção divertida e visual preparado, outros, de produção em menor escala (alguns até feitos à mão), pouco são lembrados hoje. De qualquer forma, vamos falar um pouco sobre todos eles.
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Era abril de 1960 quando a Fábrica Nacional de Motores apresentava seu sedan, um projeto original Alfa Romeo, JK2000 (JK em homenagem ao então presidente Juscelino Kubitschek). O 2000 vinha da cilindrada de seu motor, um 2.0 de quatro cilindros com aspiração natural e 95 cv de potência. O JK2000 teve como trunfo o pioneirismo do câmbio manual: foi ele o primeiro carro com cinco marchas no Brasil.
Com esse conjunto, ia de 0 a 100 km/h em longos 18 segundos. Vale lembrar a alta tecnologia construtiva do JK: suspensões independentes, cabeçote do motor em alumínio, freios ventilados, duplo comando de válvulas e câmaras hemisféricas, entre outras.
O Karmann-Ghia foi feito pela Volkswagen Anchieta em parceria com sua “vizinha” Karmann-Ghia a partir de 1962, esse foi um dos carros mais bonitos da sua época, e nasceu como esportivo: baixo, estilo 2+2, janelas estreitas e design arrebatador saído de pranchetas italianas.
De início era dotado de um pequeno motor 1200 vindo do Fusca, com 36 cv brutos, aliado ao câmbio manual de quatro marchas sincronizadas. No final da década, foi receber um 1500, mais potente, que o garantia melhor desempenho. Com o 1.2, mal passava dos 110 km/h de velocidade máxima.
A francesa Simca, ainda em 1962, criava uma versão esportiva e mais chamativa do seu sedan Chambort: o Simca Rallye, primeiro sedan declarado esportivo do mercado brasileiro. Como diferenciais, saídas de ar arredondadas junto dos faróis, algumas diferenças nos frisos da carroceria e cores especiais no catálogo, além do mesmo motor 2.4 V8 do Chambort.
A diferença estava na potência, 105 cv brutos ou 62 cv líquidos, resultando em desempenho melhor: 0 a 100 km/h em cerca de 22 segundos. Para hoje, uma eternidade.
Feito em fibra de vidro e com projeto de origem francesa, o Berlinetta Interlagos era uma variação GT do Coupé Interlagos. Sua estreia foi também em 1962, trazendo motor 850 cm³ com 42 cv brutos e câmbio manual de quatro marchas.
Era outro que nasceu esportivo, tanto que foi considerado o primeiro carro com origem deste tipo em produção no Brasil (a VW não considerava o Karmann-Ghia esportivo). Era outro com suspensões independentes nas quatro rodas, e por essas e outras o modelo fez tremendo sucesso nas pistas de competição, inclusive em Interlagos, tradicional circuito homenageado pelo carro.
Apesar do nome, na verdade esse pequeno Gordini trazia o mesmo conjunto do Berlinetta Interlagos, mantendo até os 42 cv. O nome 1093? Código interno do seu projeto dentro da fabricante. Apesar de o Gordini/Dauphine não ter a dinâmica apurada do Berlinetta, era leve, compacto e muito ágil para a época.
Era uma ótima forma de aproximar a Equipe Willys de Competição do grande público. O pequeno, simpático e nervoso sedan chegava aos 135 km/h e era bom (para a época) no 0 a 100 km/h: cerca de 22 segundos. Chegou em 1964.
Outro fruto de 1964, o Uirapuru tinha nome de pássaro e projeto bem dedicado: estrutura monobloco com chassi próprio, lataria moldada à mão e visual bem autêntico. De tão bem resolvido nas linhas, há quem diga que a Jensen, inglesa, se inspirou profundamente no 4200 GT para desenvolver seu maior sucesso Interceptor. Seu motor era o único externo, um 4.2 quase 4.3 (seis em linha) do então caminhão Chevrolet Brasil movido a gasolina, mas recebia tripla carburação e modificações, rendendo excelentes 155 cv de potência bruta e fazendo o 4200 GT ultrapassar a barreira dos 200 km/h. Foi um dos primeiros nacionais a realizar tal façanha. Apesar de começar com três marchas, logo passou a oferecer a 4ª de série. Foram 75 unidades produzidas no total.
Nascido para as corridas, o GT Malzoni logo virou carro de rua em 1965. Além da carroceria arisca e arredondada, baixo peso e posição baixa de guiar, tinha 60 cv de potência bruta (número alto para a época) extraídos de um compacto 981 cm³ de dois tempos e três cilindros. O conjunto tinha ainda chassi fornecido pela DKW-Vemag, o mesmo dos Vemaguet e Belcar com entre-eixos reduzido, além de câmbio sincronizado de quatro marchas. Eram 145 km/h de velocidade máxima. É um dos mais raros da lista, com estimados 35 carros fabricados.
O Boris mostra o um GT Malzoni em detalhes:
O Puma GT, na verdade, era um GT Malzoni com certas mudanças feitas pela Puma. Trazia a mesma mesma mecânica e chassi Vemag, mas leves melhorias gerais no design, interior e carroceria, nascendo no final de 1966, quase 1967, como o primeiro modelo da Puma do Brasil.
Sua produção durou até o fim da DKW-Vemag, comprada pela VW, fornecedora do chassi e mecânica do GT. Nascia assim o próximo integrante da nossa lista…
Com a saída de linha do GT, a Puma precisou se reinventar e projetar algo novo. Feito em fibra de vidro, bem menor no tamanho, baixo e moderno, o GT1500 trazia vários itens do Karmann-Ghia: chassi (encurtado em cerca de 2,5 cm), motor 1500 de 50 cv brutos e dupla carburação (o VW tinha 44 cv e só um carburador), câmbio manual de quatro marchas e escapamento próprio.
Apesar da furação igual a dos VW, o GT1500 recebia rodas exclusivas. Era leve e ágil, mais que o Karmann-Ghia, o que lhe garantia boas acelerações e desempenho compatível com o visual apimentado.
O Chrysler Esplanada, sedan luxuoso que competia com GM Opala, recebia sua versão esportiva no Salão do Automóvel de 1968. Era o Esplanada GTX, com design exclusivo, pintura decorada e vários detalhes esporte pela carroceria.
Trazia um V8 (chamado Rocket), de 2.4 litros e válvulas no cabeçote, o que melhorava a potência desse projeto de motor datado dos anos 30: no GTX eram 130 cv SAE (brutos), generosos para um obsoleto motor de três mancais de fixação. Se dava bem pela transmissão manual de cinco marchas de série e vigor nas acelerações. Em testes da época, ia de 0 a 100 km/h em pouco mais de 15 segundos. Esportivo!
No Salão do Automóvel de 1968 vinha o primeiro Ford esportivo fabricado no Brasil: o Corcel GT. Ele foi o responsável por estrear a carroceria de duas portas no Corcel brasileiro, e, além do estilo chamativo com capô preto fosco, rodas especiais, faróis de milha e interior personalizado.
Seu 1.3 era o mesmo do Corcel comum, mas trazia carburador de corpo duplo Solex aliado a um novo coletor de admissão. O resultado eram 80 cv brutos em um pequeno coupé de quatro marchas, que se tornava um dos esportivos de maior sucesso da época e com produção em série. Não era o desempenho seu grande destaque, mas sim o charme.
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Adorei a matéria parabéns parabéns sou amante do antigomobilismo, a muito que esperava algo assim [ carros nacionais] desde já muito obrigado e sucesso