Carros esportivos nacionais da década de 90: detalhes dos melhores carros da época
Mesmo com a chegada dos importados na década de 90, fabricantes continuaram apostando em modelos esportivos nacionais
Mesmo com a chegada dos importados na década de 90, fabricantes continuaram apostando em modelos esportivos nacionais
Continuando, na quarta parte do almanaque de esportivos nacionais dos anos 60 até os anos 2010 (leia aqui a primeira parte, aqui a segunda e aqui a terceira), vamos para os modelos feitos entre 1990 e 1999. Os carros esportivos nacionais sempre estiveram no coração dos brasileiros, desde a criação da indústria nacional há cerca de 60 anos.
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Enquanto alguns marcaram sua época e são referências de bom desempenho, direção divertida e visual preparado, outros, de produção em menor escala (alguns até feitos à mão), pouco são lembrados hoje. De qualquer forma, vamos falar um pouco sobre todos eles.
Os anos 90 foram fundamentais para refinar os esportivos brasileiros. A grande alteração não foi no design, e sim técnica: nos esportivos, o velho carburador cedeu espaço para a então moderna injeção eletrônica, iniciada com o Gol GTi modelo 1989. Esse foi o grande passo para modernizar nossos carros de alto desempenho, mas só isso não bastava, já que esses carros enfrentariam a alta tecnologia vinda do exterior. Lembrando que em 1990 as importações eram reabertas.
Com os esportivos importados, vieram as quatro válvulas por cilindro, injeção eletrônica digital (e multiponto), freios antitravamento (ABS), airbag duplo e por aí vai. Os nacionais tinham muito o que caminhar para enfrentar os importados, mas, de qualquer forma, para muitos essa foi a melhor década para os esportivos nacionais. Vamos conhece-los:
Sucessor do 1.5R (que já falamos na edição anterior da série), o Uno 1.6R recebia o motor 1.6 Sevel argentino, então com 88 cv quando movido a álcool e quase 14 mkgf de torque, melhorando muito o desempenho do pequeno e leve hatch. Seu lançamento foi no final de 1991, ainda carburado, mas já na linha 1994 ele recebia injeção eletrônica multiponto (1.6R MPI). Assim, o Fiat atingia 94 cv na versão a álcool. Seu design era bastante enfeitado, mas com estilo.
Fora de série que chegou atrasado, o Aurora 122C era claramente inspirado na Ferrari F40. Feito em Valinhos (SP), ele mantinha a tradição dos esportivos de produção em pequena escala: chassi tubular próprio (assim como a mecânica básica), tração traseira, carroceria em fibra de vidro e motor GM instalado na traseira. Era o 2.0 do Monza, aumentado para 2.2 litros e com turbo, fazendo sua potência subir para quase 215 cv. Durou apenas um ano no mercado, com pouquíssimas unidades feitas, e custava mais que o dobro de um VW Gol GTi.
Era 1992, como linha 93, quando o Escort ganhava uma nova geração totalmente modernizada e alinhada com a Europa. O carro estava maior, mais moderno, seguro, rápido e estável, e recebia o 2.0 AP VW (fruto da AutoLatina), injetado, com 116 cv e quase 18 mkgf de torque. Foi um dos que mais fez a cabeça do consumidor brasileiro na época, muito pelo seu design moderno e mais arredondado que seu antecessor.
O Vectra GSI brigava com o Fiat Tempra Turbo em meados da década de 90. Sua produção começou em 1993, numa fórmula estilosa, esportiva e discreta: alguns adesivos, um kit aerodinâmico eficiente, rodas esportivas e faróis de longo alcance marcavam o sedan esportivo de quatro portas da Chevrolet. Trazia um motor 2.0 mais aprimorado, alemão, com quatro válvulas por cilindro e injeção multiponto, gerando 150 cv de potência. Câmbio encurtado, suspensões endurecidas e freios ABS fechavam o pacote.
Feito sobre a plataforma do então Novo Escort, o Pointer tinha o mesmo estilo “dois volumes e meio” do seu irmão Ford, mas era vendido sempre com quatro portas. A versão GTI, dotada de suspensões esportivas, faróis de longo alcance, rodas especiais e detalhes em vermelho, chegou em 1994 com o motor 2.0 AP (antes carburado e depois injetado, esse com 116 cv). Seu desempenho era próximo ao do Escort XR3, mas numa carroceria mais conservadora. Durou até 1996.
O sucesso do Uno 1.6R não resolvia um problema da Fiat: eles precisavam de algo mais potente e esportivo para combater a concorrência forte. Por isso nascia em 1994, com motor e câmbio europeus e bastante empenho da engenharia brasileira, o Uno Turbo. Debaixo do seu capô havia um 1.4 superalimentado e injetado, com 118 cv. Com visual único e foco total no desempenho, o Uno mais rápido da história: 9,2 segundos pra acelerar de 0 a 100 km/h! Por ser caro e complicado de produzir, acabou saindo de linha já em 1996.
O Tempra Turbo veio na mesma época do Uno Turbo, meados de 1994, e também se garantiu como o primeiro sedan superalimentado do Brasil. Seu motor era o mesmo 2.0 do restante da linha, mas com a adição de um turbocompressor, gerando saudáveis 165 cv de potência. O Fiat apostava no estilo, mas sem deixar de lado a esportividade: apesar de cupê, trazia rodas diamantadas, aerofólio traseiro, saias laterais e outros detalhes estéticos. Era rápido, indo de 0 a 100 km/h em pouco mais de 8 segundos e chegando aos 220 km/h.
Arquirrival de Fiat Uno Turbo e VW Gol GTi 16v, o Corsa GSI era bem diferente do restante da linha, quer seja pelo visual ou mecânica. Trazia um kit esportivo europeu (para-choques únicos, saias laterais, aerofólio, interior personalizado), equipamentos extras (como o teto-solar) e motor 1.6 16v com injeção eletrônica multiponto aliado a um câmbio encurtado. Leve e compacto, ganhava pela ótima relação peso/potência: 108 cv pra 1.000 kg, ou 9,2 kg/cv. Dos cerca de 2.500 carros produzidos, hoje menos de 500 sobreviveram.
Apesar das inúmeras melhorias da nova geração do Gol, a bolinha, mecanicamente a GTI continuava igual, apenas aperfeiçoada. Foi só em 1995 que o esportivo ficou ainda melhor: chegava ali o GTI 16v, também 2.0 mas com motor, câmbio e semieixo europeus. Um conjunto refinadíssimo, de projeto Audi, superior ao nosso AP-2000 (o 16v tinha tudo eletrônico, duplo comando de válvulas e quatro válvulas por cilindro). Foi um fruto valioso da abertura das importações.
Pelo maior cabeçote, os GTI 16v tinham um “calombo” no capô, bastante característico. Eram 142 cv e um visual de tirar o chapéu, tanto por fora quanto por dentro. O GTI 16v não tirou de linha os GTI 8v, e, na geração seguinte (G3), permaneceu o conjunto mais poderoso numa carroceria sempre de quatro portas. Os GTI 16v saíram de linha no final de 2000, sem deixar sucessores à altura.
Assim como o Gol, a perua Parati também teve sua linhagem esportiva GTI, mas pulou logo para a fase mais poderosa: conjunto motriz alemão com 145 cv, 16 válvulas, melhor desempenho e o “calombo” no capô. Seu lançamento foi na linha 1997, e a perua esportiva seguiu também para a geração seguinte, a G3, mas agora sempre com quatro portas. Era uma alternativa mais familiar e prática ao épico hatch GTI, embora seu mercado bastante nichado tenha limitado as vendas.
Por mais que pareça importado, o A3 turbo passou a ser nacional a partir de 1999, feito no Paraná. Mantendo a alta qualidade construtiva europeia, ele trazia uma versão superalimentada do 1.8 de 20 válvulas. Apesar de não ter nada destacável em esportividade no design, o A3 era naturalmente um carro bonito e chamativo. Nas versões mais poderosas, alcançava os 180 cv e desempenho pra lá de esperto.
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O preço dos carros sempre foi o maior inimigo do brasileiro, um absurdo. Hoje em dia pensamos mais em conforto, economia e segurança do que num carro veloz só pra aparecer, excluindo-se os colecionadores que mantém a história desses automóveis. De resto é pagar muito pra nem poder usufruir.
Parabéns pela excelente matéria! Rica em detalhes