Carros no Brasil: distorções (e deslizes) tupiniquins
Listei alguns absurdos do mercado de automóveis no Brasil e também a falta de regulamentações ou quando são ignoradas
Listei alguns absurdos do mercado de automóveis no Brasil e também a falta de regulamentações ou quando são ignoradas
Brasil é o país do “salve-se quem puder”, pois tem lei que pega e a que não pega e peculiaridades que só aqui são capazes de prosperar.
Desde que foram tornadas obrigatórias, as estatísticas comprovam a eficiência das cadeirinhas para proteger as crianças. Mas governo é incompetente e sem coragem de enfrentar o lobby das fábricas para regulamentar sua utilização exatamente onde elas são transportadas diariamente: vans escolares. Piada de mau gosto…
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Quem decide se automóvel comercializado no Brasil oferece proteção adequada ao ocupante é uma entidade… uruguaia.
De comprovada baixa credibilidade, distorce resultados, testa modelos vendidos em outros países ou que já não são mais fabricados no Brasil e desrespeita seus próprios prazos ao alterar critérios. Deixa dúvidas quanto aos resultados de testes: há os carros que ela adquire no mercado ou os que realiza – acompanhados de polpudos cheques – a pedido das fábricas.
Um órgão do governo da maior importância para homologar e certificar produtos colocados à venda no mercado. Mas que perde a credibilidade quando homologa pneus remoldados sem exigências básicas de segurança, que derrapa ao permitir pneus recauchutados em motos, ao se restringir a homologar uma meia-duzia de peças de reposição entre as centenas disponíveis no mercado, ao prorrogar “inexplicavelmente” por cinco anos a exigência de bombas nos postos à prova de bandidos.
Uma questão importante para o motorista ao decidir a compra de um carro é a capacidade (volumétrica) para bagagem. Existe um padrão internacional (VDA) com medição a partir de pequenos blocos com volume de um litro. A Stellantis o ignora e mede o volume do porta-malas com água. Que entra em qualquer canto e aumenta artificialmente o volume realmente disponível para bagagem.
Quantos quilômetros roda um carro à bateria? Surgiram critérios de medição na Europa, na China, nos EUA. A maioria bastante otimista e que se “esquece” das enormes variações que reduzem significativamente a capacidade da bateria.
O Inmetro estabeleceu o padrão brasileiro (mais pessimista, porém mais próximo da realidade) que pode não ser exato em termos absolutos, mas permite um referencial entre diversos modelos.
Pois não é que a chinesa BYD desrespeita o padrão nacional e anuncia o alcance de seus carros de acordo com o padrão chinês?
O mundo corre atrás de alternativas energéticas ao combustível fóssil. O Brasil é abençoado com opções extraordinárias, mas amaldiçoado por interesses econômicos inconfessáveis. E tome biodiesel em excesso que entope os motores. E tome etanol em excesso que agride o bolso do motorista ou o carro mais velhinho. Pois a decisão não resulta de análise técnica, nem do Ministério de Minas e Energia, nem da ANP, mas de uma poderosa entidade “invisível”, a bancada ruralista no Congresso.
Alguns equipamentos não são obrigatórios por lei, mas deveriam. Desde que surgiu o retrovisor externo controlado eletricamente, não se admite mais o comando manual, por uma alavanquinha. Em ultimo caso, o da esquerda é de fácil regulagem, pois o motorista está em sua posição natural. Mas o da direita é impossível ser ajustado sem ajuda de terceiros ou várias tentativas do motorista.
Apesar disso, a VW cometeu o absurdo de eliminar o comando elétrico nos dois lados ao “depenar” o Polo Robust. Economia (porca) de palito…
São necessárias, como ultimo recurso de governo sem recursos. Mas 97% delas desrespeitam o padrão estabelecido objetivamente pelo código de trânsito. Provocam acidentes, quebram componentes inferiores do carro e derrubam (já mataram) motociclistas. Além de aumentar desnecessariamente o consumo e as emissões.
Se no banco traseiro do automóvel sua utilização é desprezada, nos ônibus interestaduais não adianta o motorista se postar lá na frente antes da viagem: os passageiros sequer imaginam a possibilidade de um acidente “justo comigo”. E centenas já se feriram ou morreram nestas circunstâncias.
Chama-se agora SPVAT e será cobrado a partir de 2025 (pois o governo “perdeu” o prazo para que voltasse este ano). E continua a ilegalidade de ser recolhido para um banco e não para uma seguradora.
Quem comete a infração de trânsito é o automóvel ou o condutor? Se eu compro um carro de alguém que tenha cometido uma infração, porque a notificação pousa na minha mesa e não na dele?
A rigor, o DETRAN tem a obrigação de informar se um automóvel se envolveu num acidente que tenha provocado danos de grande monta. Mas essa informação é exclusiva (e secreta) da comunidade de seguradoras, que não a divulgam publicamente em nenhuma hipótese.
São simpáticas, as “BMV (Brasilia Muito Velha)”. Mas todos estes carros caindo aos pedaços que rodam por aí provocam congestionamentos (quando quebram), ameaçam a integridade de terceiros (por falta de freios), bebem e emitem excessivamente.
Tudo porque falta ao governo autoridade e coragem para implantar a Inspeção Tecnica Veicular, que eliminaria estes calhambeques das ruas. Mas, o político que tiver coragem de implantar a ITV vai certamente perder centenas de milhares de votos.
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Faltou comentar: a aberração daquele engate de reboque pra ” proteger para-choque”. E qual a medida de um banco traseiro pra ser considerado 3 lugares? Kwid com 3 lugares…
Fora DPAVT! fora#MULA!
Eu prefiro com Inmetro e ncap. Caso contrário as montadoras deitam e rolam. Sobre seguradoras, muito trambique para lucrar.
O Inmetro mostra consumo na cidade que ninguém consegue chegar nem perto. Em resumo, não serve para nada!
Se não tivesse Inmetro e ncap seria pior ainda, uma vez que montadoras, no geral, não respeitam a vida do cliente. Sobre seguradoras, existe muita sacanagem, com conivência dos governos. Enfim, balbúrdia como sempre foi.
Boris, bom dia!
Se pelo menos 50% dos jornalistas que cobrem o setor automobilístico tivessem a coragem de publicar o fatos com eles são, de dizer a verdade, como você faz (de mandar a real), muito provavelmente estaríamos em situação muito melhor, com menos distorções e absurdos.
Veja: tenho que chamar de coragem um atributo que é apenas um dever legal, inerente a função … mas raríssimo.
E como você o cumpre (sempre), fica o elogio. Parabéns!
Abração.
Concordo!
Porém é importante ressaltar o papel do consumidor nessa história toda. Infelizmente, no mercado de automóveis, o consumidor brasileiro é por demais complascente com situações que em outro lugares não são toleradas: Preços inflados e especulativos; Itens que deveriam ser de série, porém são vendidos como opcionais dentro de “pacotes” a preços absurdos; Modismos forjados pra se vender certos produtos por aquilo que não são, como a atual febre de suvs-fake.
O brasileiro simplesmente aceita e paga o que não deveria aceitar, naturalizando o inaceitável.