Padrão internacional: carros projetados no Brasil que ganharam o mundo
A indústria brasileira investe muito em engenharia e tem capacidade de projetar carros com padrão mundial, como é o caso desses cinco
A indústria brasileira investe muito em engenharia e tem capacidade de projetar carros com padrão mundial, como é o caso desses cinco
Apesar de não ter um fabricante 100% nacional, as grandes marcas internacionais possuem centros de desenvolvimento no Brasil, com capacidade de ter carros projetados do zero sem ajuda externa. Em algumas as operações são mais limitadas, realizando apenas design ou acerto fino de mecânica.
A maioria desses carros criados no Brasil são vendidos apenas por aqui ou na América Latina. Mas tiveram casos de criações nacionais que ganharam o mundo, chegando a Europa, Ásia e nos EUA. Confira alguns deles.
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O Ford Fiesta de quinta geração tinha na Europa uma versão familiar chamada de Fusion. Era uma minivan compacta, como a Chevrolet Meriva.
A engenharia brasileira achou o carro muito sem graça e quis fazer um carro aventureiro. A moda era levantar a suspensão de uma perua e colocar alguns adereços, mas a Ford foi além.
Usaram o Fusion como ponto de partida para fazer um SUV, o EcoSport. A carroceria era inspirada pelo Explorer da época e tinha até o estepe pendurado na traseira.
O resultado ficou tão bom que o CEO da Ford usou o carro para ir a uma conferência nos EUA. A segunda geração foi um carro projetado no Brasil, mas o escopo dela seria global.
O EcoSport de segunda geração foi vendido em todo o planeta. Foi produzido no Brasil, China, Tailândia, Rússia, Romênia e Índia. O carro foi um sucesso em vários mercados, a ponto de virar meme nos EUA.
A Chevrolet vendeu carros de passeio da Opel no Brasil. Com a Meriva nós fomos responsáveis por criar um carro que seria vendido na Europa pela marca alemã.
A moda na época era fazer minivans derivadas dos carros, as peruas estavam fora de moda. O modelo familiar do Corsa de terceira geração foi a Meriva.
O projeto teve uma prévia na forma do conceito Sabiá, uma caminhonete com cara de Mervia que foi mostrada no Salão de Detroit. A minivan de produção foi lançada em 2003 no Brasil e na Europa, com diferença de alguns meses.
O desenho era bem resolvido e o interior trazia um sistema modular no banco traseiro. No Brasil só foram usados os motores 1.4 e 1.8 da Família 1, na Europa chegou a ter uma versão esportiva com um 1.6 16v turbo de 180 cv.
A segunda geração da Meriva foi desenvolvida na Alemanha pela Opel. Ela ficou maior e ganhou portas traseiras do tipo suicida, algo que só era visto nos carros da Rolls-Royce.
A Volkswagen ficou para trás da concorrência no segmento dos SUVs, só foi oferecer um nacional em 2019 com o T-Cross. O nosso mercado exigia mais, havia um segmento abaixo que estava em crescimento.
A engenharia brasileira criou o Nivus como SUV cupê do Polo, posicionado acima do hatch e com alguns equipamentos a mais. O desenho foi muito bem trabalhado e escondeu bem que partes como as portas eram compartilhadas.
A Volkswagen da Europa gostou do resultado e resolveu lançar o Nivus por lá. O modelo produzido em Pamplona, na Espanha, recebeu o nome Taigo e traz algumas mudanças no interior e na mecânica.
Esse foi o primeiro carro da marca a ser desenvolvido no Brasil e produzido na Europa. Já chegamos a exportar alguns modelos para lá, como o Fox, mas a produção nunca saiu da América do Sul.
O Ford Ka nasceu como um carrinho urbano e estiloso de duas portas. Mas o brasileiro exige mais de seus compactos, o que fez o modelo nacional divergir da proposta original.
Uma terceira geração foi criada por aqui para ficar abaixo do Fiesta e competir com mais competência contra o Volkswagen Gol, o Hyundai HB20, o Chevrolet Onix e o Fiat Palio. Foi uma época onde o nível dos populares estava subindo por aqui.
Esse novo Ka tinha quatro portas e proposta mais convencional. Ele estreou por aqui o motor 1.0 de três cilindros da Ford, que foi muito premiado na Europa, e trazia também uma versão sedã.
A Ford produziu esse Ka brasileiro na Índia, onde se chamava Figo e ganhou uma versão sedã mais curta. O hatch indiano foi exportado para a Europa, onde se chamou Ka+, nome que era do sedã no Brasil.
Ele não foi tão bem sucedido na Europa como foi por aqui. O europeu sempre teve uma preferência pelo Fiesta e quem procurava por algo simples e barato tinha o Dacia Sandero a disposição. Na Índia também não deu muito certo e foi um dos motivos para a Ford fechar sua fábrica lá.
Durante os anos 2000 a engenharia da General Motors do Brasil passou a ser responsável pelo desenvolvimento de picapes médias para todo o mundo. O primeiro projeto internacional dela foi a Hummer H3t, a única caminhonete da marca.
Esse foi um projeto mais localizado para os EUA, a GMB estava trabalhando também em uma sucessora para a S10 brasileira e a Colorado vendida nos EUA e Ásia.
Essa caminhonete nova foi lançada em 2011 na Tailândia, mas o projeto foi brasileiro. Aqui ela chegou em 2012, virando uma opção competitiva diante da Toyota Hilux.
Os EUA ficaram de fora nesse primeiro momento, exigiram algumas mudanças para a S10 se adequar ao gosto norte-americano. Em 2014 ela foi lançada como Chevrolet Colorado e GMC Canyon, com desenho diferente e mudanças no chassi.
Atualmente os EUA está com uma geração nova e desenvolvida localmente da Colorado. O Brasil ainda produz a S10 criada por aqui, que foi atualizada de forma profunda em 2024.
A Fiat do Brasil é praticamente uma empresa independente da matriz italiana. Ela desenvolve carros e soluções pensadas para o Brasil, não é atoa que é a marca que mais vende no país.
Desde 2000 o motor Fire foi o coração de boa parte dessa linha de carros robustos e valentes. Ele foi atualizado até com comando variável para se manter atual, mas começou a ficar defasado demais diante dos 1.0 de três cilindros e outros motores.
A engenharia brasileira teve um papel fundamental no projeto de um sucessor do Fire, o Firefly, e liderou o projeto dos 1.0 e 1.3 aspirados. O conhecimento que a marca tem do Brasil ajuda a entender o motivo de terem adotado corrente de distribuição e as duas válvulas por cilindros, que ajudam a priorizar o torque.
O motor 1.0 Firefly possui o maior torque de seu segmento, comportamento que faz os carros de entrada da Fiat serem espertos na cidade. O 1.3 se destaca por ser bastante econômico, característica que ficou ainda mais evidente quando trabalha em conjunto com o câmbio CVT.
Os Europeus ficaram responsáveis pelas versões turbinadas. Porém os Fiats 500, Panda e Lancia Ypsilon usam o 1.0 Firefly aspirado desenvolvido no Brasil junto de um sistema híbrido leve de 12 volts.
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