Chevrolet Sonic, hatch ou sedan, encalhou nas concessionárias

Devido a várias falhas no planejamento de marketing, importação e análise de mercado, esses modelos entraram para a lista de carros injustiçados

chevrolet sonic 5 hatch
Família Chevrolet Sonic teve apenas 30 mil exemplares emplacados (Fotos: Chevrolet | Divulgação)
Por Douglas Mendonça
Publicado em 20/09/2025 às 13h00

O ano era 2012 e a GM tinha uma grande expectativa nas vendas positivas da família Sonic, importada inicialmente da Coréia do Sul e depois do México, de onde o modelo chegava à rede de concessionárias Chevrolet aqui no Brasil. Os modelos eram modernos e tinham sido apresentada nos Estados Unidos apenas um ano antes do Brasil.

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Tratava-se de um plano de globalização da marca, e esse Sonic era mais um dos chamados “projetos mundiais”, que atenderiam os quatro cantos do planeta. No design, os veículos não eram dos mais bonitos, mas tinham estilo funcional.

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Eles pecavam em alguns aspectos, como o confuso painel de instrumentos que lembrava o de motocicletas, ou o porta-malas bastante limitado da carroceria hatch, que não superava os 260 litros. Pelo menos, na versão sedan, isso era compensado, chegando a bons 475 litros.

chevrolet sonic 5 hatch traseira
Versão hatch tinha porta-malas minúsculo e preço salgado em comparação à concorrência.

Mas só porta-malas não era um fator preponderante que poderia decidir vendas em um mercado tão competitivo quanto o brasileiro. O consumidor reclamava, na época, que o preço do carro era alto quando comparado ao de concorrentes nacionais, como Ford New Fiesta (a partir de 2013),ou mesmo dos últimos VW Polo de geração anterior, além de Honda Fit e dos Fiat Punto mais completos.

Claro, eles não pagavam taxas de importação e por isso tinham preços mais atraentes, assim como o Chevrolet Agile argentino, que era uma pedra no sapato do Sonic Hatch dentro da própria linha da marca norte-americana. Esse primo concorrente poderia custar menos oferecendo mais, dependendo da configuração e o mesmo valia para Cobalt, frente ao Sonic Sedan.

A sabedoria do consumidor brasileiro percebia que a família Chevrolet Sonic não oferecia adicionalmente nada que já não existisse nos concorrentes para justificar o seu preço mais alto. Logo no primeiro ano de lançamento, o carro começou a encalhar nos pátios das concessionárias.

Nesse período, surgiu outro inconveniente: o preço de suas peças de manutenção, que era mais caro, por serem importadas, assim como o carro. Se em um veículo de luxo esse fato não faz diferença ao consumidor, em um carro destinado à classe média, os custos de manutenções faziam toda a diferença.

O carro não era tão bonito assim, tinha um preço mais alto do que a concorrência e, para completar, sua manutenção era mais salgada. Complicado, mas os problemas não pararam por aí. Seu moderno motor Ecotec 1.6 16v flex, apesar dos bons resultados de potência e torque (até 120 cv e 16,3 kgfm), existia apenas na família Sonic aqui no Brasil.

Isso dificultava a manutenção, por causa do treinamento dos mecânicos e, novamente, o custo de suas peças bem mais alto do que, até mesmo, outros motores nacionais da Chevrolet, como o 1.4 8v do Agile ou o 1.8 8v do Cobalt. Sem contar que esse 1.6 16v Ecotec, casado ao câmbio automático de seis marchas, bebia além da conta. Já com a transmissão manual, ele era mais econômico.

Diante desse panorama desolador, o mercado começou a definir o quanto seria curto o futuro dos Chevrolet Sonic no mercado nacional. Quando a GM do Brasil optou por trazer o modelo sul-coreano, certamente faltaram estudos do marketing e do planejamento, olhando a concorrência, o público a que se destinava, o impacto do seu preço de importação, e tudo mais que isso levaria.

Esses fatores, e mais outros, como a falta de investimentos em marketing e divulgação da então novidade, foram preponderantes no insucesso dos Sonic Hatch e Sedan por aqui. Lançada em 2012, a dupla teve seu último lote importado do México no final de 2014. Algumas poucas unidades, sobras desse lote de 2014, foram comercializadas no início de 2015.

Basicamente, eles foram importado em 2012 e 2014 e ponto final. Nesse período, cerca de 30 mil exemplares foram emplacados, somando as duas carrocerias, mostrando que esse é um típico caso de uma estratégia mal elaborada. A GM gastou na adaptação do projeto para o Brasil, no lançamento, na campanha publicitária, no treinamento dos mecânicos e assistência técnica, na importação de peças de reposição e, no fim das contas, o Chevrolet Sonic se manteve apenas por dois anos no mercado. Prejuízo na certa!

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