Relembre 5 inovações de montadoras que falharam miseravelmente
As fábricas precisam apresentar novas tecnologias para ganhar o interesse do público, mas essas ideias podem dar errado em alguns casos
As fábricas precisam apresentar novas tecnologias para ganhar o interesse do público, mas essas ideias podem dar errado em alguns casos
Você nunca vai saber se algo vai dar certo se nunca tentar. No mundo automotivo é igual: as montadoras arriscam lançando novas tecnologias e só o tempo diz se a ideia deu certo ou errado. O sucesso (ou não) da ideia vem da aceitação do público.
Dentre as ideias bem sucedidas temos os motores turbo modernos, câmbio CVT, os SUVs e as centrais multimídia. Mas e as ideias mal recebidas? São muitas, o AutoPapo listou cinco delas para refrescar a memória sobre equipamentos que não pegaram.
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Hoje praticamente todo carro traz uma central multimídia com espelhamento de celular, que mostra o mapa do Waze ou Google Maps na tela do carro. Alguns modelos, como os da Fiat e Jeep, trazem um navegador nativo na central.
Há 15 anos, ter uma tela colorida no painel era coisa de carro de luxo. Os navegadores GPS eram aparelhos dedicados que podiam ser presos por ventosa no para-brisa. O primeiro carro nacional a trazer um navegador embutido foi o Fiat Linea, mas ele não tinha uma central multimídia.
As instruções apareciam na telinha monocromática do computador de bordo no painel de instrumentos. Nela apareciam as setas indicando o que fazer a seguir, e a voz com as instruções saía dos alto-falantes. O destino podia ser programado por comandos de voz ou usando os botões do volante, sendo essa segunda opção mais trabalhosa.
A ideia ficou restrita ao sedã que aspirava ser médio, seu irmão Punto e ao hatch médio Bravo. O médio foi lançado dois anos mais tarde e trazia em sua versão topo de linha uma central multimídia, que mostrava um mapa para o GPS.
Pessoas que rodam muito, taxistas e fluminenses possuem um apreço pelo gás natural veicular (GNV). Esse combustível alternativo proporciona um custo por quilometro rodado menor do que o da gasolina e o do etanol. Mas para ter essa economia é preciso investir em um kit de conversão e correr o risco de ter alguns problemas no motor a longo prazo.
Os fabricantes já tentaram pegar esse público oferecendo carros prontos para o GNV de fábrica. Na primeira onda, no início dos anos 2000, eram literalmente kits de conversão vindo de terceiros e certificados pela fábrica. Chevrolet Astra Multipower, Fiat Siena Tetrafuel, Ford Ranger, Volkswagen Santana e Kombi foram alguns com esse tipo de kit.
Mais recente, foi o Fiat Grand Siena, que trazia como opcional a predisposição para receber o GNV. A Fiat já inclui de fábrica um jogo de injetores extra para o combustível alternativo, sistema de gerenciamento eletrônico, cabeçote com válvulas e sede de válvulas reforçadas e coletor de admissão reforçado com furação para os bicos injetores do GNV.
O Grand Siena saiu de linha e a predisposição para o GNV foi com ele. Na Europa ainda existem carros feitos de fábrica, dentre eles podemos destacar os Volkswagen Golf e Polo TGI e a linha G-Tron da Audi. Esses modelos não trazem o tanque de gasolina e os cilindros de GNV ocupam o espaço do tanque. O AutoPapo já andou em um Audi A5 assim, confira:
A estreia da injeção eletrônica no Brasil foi em 1989 e começou por modelos mais caros: VW Gol GTi e Kadett GSI eram hatches esportivos com preço elevado, depois vieram as versões de topo do Santana e do Monza. O lançamento do Chevrolet Corsa em 1994 trouxe a injeção eletrônica para os carros populares e a concorrência precisou correr atrás.
Um meio termo encontrado por alguns foi o carburador eletrônico. Ele custava menos que um sistema completo de injeção e agregava um gerenciamento eletrônico ao antigo carburador. A solução foi uma exclusividade do Brasil e durou por pouco tempo: a Fiat o abandou em 1996 e a Volkswagen em 1998.
Em 1987 a Honda lançou o primeiro sistema de esterçamento nas quatro rodas, no cupê esportivo Prelude. O sistema era mecânico e tornava o carro mais fácil de manobrar. Mazda e Nissan seguiram a ideia, sendo o HICAS da Nissan controlado eletronicamente.
A General Motors ousou ao colocar esterçamento no eixo traseiro de suas picapes grandes, mas não colou. Hoje esse tipo de sistema está voltando, Porsche, Audi e Mercedes-Benz são alguns dos fabricantes que usam em seus carros modernos. Todos com gerenciamento eletrônico.
Uma solução mais barata para isso foi criada pela Peugeot e Citroën, com o esterçamento passivo das rodas traseiras, chamado de CATT. Ele usa buchas da suspensão que alteram o ângulo da roda quando recebe carga. Ou seja, a própria rolagem da carroceria em curvas faz que as rodas estercem.
Isso ajudava na estabilidade em altas velocidades, mas quando as buchas estavam gastas podia afetar o comportamento do carro. Outra limitação desse sistema era só poder ser usado em suspensões com braços semi-arrastados, conceito que era tradicional nos carros franceses, mas foi abandonado.
O câmbio automático demorou a cair no gosto dos brasileiros. Nos anos 2000, ele já havia se tornado uma opção comum nos carros médios e alguns compactos já o ofereciam (lembra do Corsa Classic automático?). A Fiat não queria ficar atrás da concorrência e lançou o Stilo Dualogic.
O seu cêmbio era automatizado, que é basicamente uma caixa manual com atuadores operando a embreagem e trocando as marchas. Esses sistema é mais barato que um automático tradicional com conversor de torque ou um CVT, pois aproveita muito do modelo manual.
Mas o custo de compra menor não foi o suficiente para fazer os automatizados caírem nas graças do povo. A falta do creeping, os trancos na troca de marcha e o funcionamento pouco natural em inclinações exigiam um reaprendizado para pode dirigir um carro assim.
Volkswagen, Renault e Chevrolet seguiram a onda se aventuraram nos automatizados, também sem sucesso. A Fiat foi evoluindo o Dualogic com o tempo, até chegar na versão final chamada de GSR. O câmbio ganhou melhorias como o creeping e ficou mais inteligente, porém os consumidores já estavam traumatizados pela impressão inicial do câmbio robotizado.
Hoje, existem oficinas especializadas em converter automatizados para manual convencional.
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Por qie cambio automatizado deu errado mas deu (muito) certo em caminhões?
Por que a transmissão automatizada deu errado em automóveis mas deu (muito) certo em caminhões?
As vezes, fico me perguntando da onde surgem tais ideias, pior quem aprova e paga por essas roubadas. Impossível acreditar em engenharia ingênua.
O GNV de fábrica foi o mais injustiçado. O sistema tetrafuel da fiat era sem dúvida alguma o melhor, controlava a injeção do gás de maneira perfeita e sem o uso de um módulo auxiliar.
O GPS integrado ao carro sempre foi um problema devido à falta de atualização em tempo real, e a chegada dos smartphones o tornou completamente redundante.
O câmbio automatizado e o carburador eletrônico são exemplos de idéias que funcionam no papel, mas a quantidade de variáveis apresentadas pelo mundo real acaba transformando a solução em um novo problema. O carburador eletrônico evoluiu para a injeção monoponto, que continuou uma droga; enquanto o câmbio automatizado ganhou mais uma embreagem, e continuou dando trancos.
O sistema CATT da Citroen é um exemplo clássico da engenharia francesa resolvendo um problema simples de forma mirabolante e esdrúxula. Todos os outros sistemas de esterçamento passivo das rodas traseiras usavam buchas comuns montadas em um ângulo específico, e eram implementadas em eixos de torção comuns.
Qual diferença entre carburador eletrônico e injeção eletrônica monoponto?
Pior. Dado que existiam carburadores de corpo duplo e até quádruplo elas não seriam monoponto… Eu mesmo tive uma Brasília com 2 carburadores de corpo duplo para os pares de cilindros opostos do motor Boxer.
Soube de gente que adaptava isso no primeiro gol Boxer…
O carburador eletrônico nada mais é que um carburador comum que tem uma ou mais funções operadas eletronicamente através de solenóides ou motores de passo controlados por um pequeno módulo. Um exemplo muito comum é um solenóide rosqueado no lugar do parafuso ou do giclê da mistura da marcha lenta, possibilitando a implementação de cutoff ou a eliminação do afogador.
A injeção monoponto funciona com um corpo de borboleta que tem um bico injetor embutido, além de sensores e um módulo de controle mais complexo.