Pista de alta velocidade e cheia de desafios: 5 curiosidades sobre Spa-Francorchamps
Palco do GP da Bélgica, um dos mais tradicionais do mundo, Spa-Francorchamps acumulou momentos icônicos ao longo de sua história
Palco do GP da Bélgica, um dos mais tradicionais do mundo, Spa-Francorchamps acumulou momentos icônicos ao longo de sua história
O circuito de Spa-Francorchamps, palco do GP da Bélgica de Fórmula 1, é um dos mais tradicionais da categoria junto às pistas de Silverstone, Monza e o traçado das ruas de Mônaco.
O legado do traçado belga não é para menos. Além dos seus 7 km de extensão – que o tornam o mais longo do calendário – os pilotos precisam enfrentar retas longas, curvas extremamente desafiadoras em alta velocidade e o melhor: têm inúmeros pontos de ultrapassagem.
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O GP da Bélgica marca a volta da Fórmula 1 após o fim das férias do verão europeu e para ir ‘aquecendo os motores’ para a corrida, o AutoPapo listou algumas curiosidades de Spa-Francorchamps.
É praticamente impossível falar de Spa sem citar a Eau Rouge, curva mais perigosa do calendário da Fórmula 1 e uma das mais desafiadoras do mundo. O trecho foi batizado com esse nome (água vermelha em tradução livre) por causa de um riacho que passa ali por perto em que a água é avermelhada.
O ponto é o de mais alta velocidade no autódromo e pode ser considerado uma Montanha Russa, já que a diferença de altura entre o ponto mais baixo e o mais alto é de 40,8 metros.
Há alguns anos os pilotos precisavam dosar a aceleração para conseguir fazer a Eau Rouge – e isso ainda acontece em algumas categorias. Mas com o alto downforce presente nos carros atuais, a Fórmula 1 é capaz de contorná-la com o pé embaixo.
Isso não quer dizer que a curva se tornou mais fácil. Na verdade é o contrário, já que a velocidade é bem maior e, com isso, as chances de perder o controle do carro também aumentam na mesma proporção.
O local, inclusive, ainda é ponto de inúmeros acidentes de maior ou menor gravidade. Não suficiente em estampar a barreira de pneus, a força do impacto jogava alguns carros de volta para a pista, o que tornava alguns incidentes ainda mais graves. Esse ‘ricochete’ foi o responsável pela morte do francês Anthoine Hubert, durante uma etapa da Fórmula 2 em 2019.
Por isso, para esse ano o trecho Eau Rouge/Raidillon recebeu alguns imprementos de segurança de forma que não fosse alterado as características da pista. Assim, a arquibancada no local foi destruída e o guard-rail na saída da Eau Rouge foi recuado em 10 metros. O ângulo à esquerda da Raidillon, por sua vez, ficou mais aberto.
Agora, acredita-se que quando um carro bater naquele ponto ele não será arremessado de volta à pista.
Quando inaugurado em 1922, o circuito belga tinha 14 km de extensão e era considerado o segundo maior do mundo – perdia apenas para os 22 km de Nurburgring.
Em pistas tão longas era difícil organizar um esquema de segurança eficiente e, depois de inúmeros acidentes fatais, a Fórmula 1 decidiu vetar circuitos tão longos como este na categoria. Spa se despediu da F1 em 1970 e só retornou ao calendário em 1983 com os 7 km de hoje em dia.
Apesar do aumento da segurança, as corridas realizadas na pista ainda contava com muitos acidentes, mas nenhum se compara ao que aconteceu durante o GP da Bélgica de 1998.
Spa-Francorchamps protagonizou o acidente com maior número de pilotos envolvidos na Fórmula 1. Na primeira volta da corrida, marcada pela chuva intensa, nada menos que 13 competidores participaram da batida que resultou em uma imagem assustadora, com pedaços de carros espalhados para todos os lados.
Na largada, David Coulthard caiu de 2º para 5º e após contornar a primeira curva perdeu a traseira da sua McLaren e bateu no muro em alta velocidade. O carro de Coulthard voltou para a pista com o impacto e foi atropelado pela Ferrari de Eddie Irvine, que gerou uma reação em cadeia.
Alexander Wurz, Rubens Barrichello, Johnny Herbert, Olivier Panis, Jarno Trulli, Mika Salo, Pedro Diniz, Toranosuke Takagi, Ricardo Rosset, Shinji Nakano e Jos Verstappen também acabaram se envolvendo no acidente.
O local ficou parecendo um ferro-velho com tanto carro destruído. Apesar das imagens impactantes, ninguém se feriu no acidente.
Se existe um lugar que marcou de maneira positiva a vida de Michael Schumacher, sem dúvida alguma foi a pista de Spa-Francorchamps. O GP da Bélgica foi palco de alguns dos momentos mais importantes da carreira cheia de histórias do alemão.
Primeiro que Schumacher conhecia Spa como ninguém e pode ser considerado o rei de lá. O heptacampeão foi o que mais venceu no circuito na Fórmula 1: foram 6 vezes subindo no lugar mais alto do pódio.
Mas antes do primeiro triunfo foi preciso dar o primeiro passo – que, inclusive, também aconteceu na Bélgica.
Em 1991 Bertrand Gachot, na época piloto da Jordan, foi detido por jogar spray de pimenta na cara de um taxista em Londres após uma briga. Com a prisão, Eddie Jordan precisava de um alguém para substituir o seu piloto no GP da Bélgica.
Willy Weber, agente de Schumacher, convenceu a Jordan de que Michael era o piloto ideal para a vaga pois ele já havia andado “mais de cem vezes em Spa”, o que era mentira. O alemão conseguiu o assento e o que aconteceu depois, é história…
O circuito ainda guardaria outras emoções para o heptacampeão, como a primeira vitória em 1992 correndo pela Benetton, e a confirmação do heptacampeonato pela Ferrari em 2004.
As temperaturas no GP da Bélgica costumam ser bem mais amenas quando comparado a outras etapas europeias, e a chuva é um elemento que costuma dar as caras durante a corrida.
Mesmo na configuração atual de 7 km a pista é longa o suficiente para que a chuva caia em alguns trechos do circuito enquanto outros permanecem secos.
Esse é um fator que pode tornar as corridas mais emocionantes, mas no ano passado foi responsável por um dos maiores vexames da Fórmula 1 nos últimos anos.
Isso porque a água que caiu impossibilitava a realização de uma corrida em condições seguras – o que é totalmente compreensível. No entanto, a F1 considerou as duas voltas realizadas atrás do Safety-Car – seguindo a ordem do grid de largada e com proibição de ultrapassagem – como uma corrida.
Os dirigentes se valeram do regulamento para considerar as duas voltas atrás do carro de segurança como o início de uma sessão que foi interrompida pelas condições climáticas. Como foi completado menos de 75% da prova, foi distribuída a metade dos pontos para os 10 primeiros colocados.
Apesar da falsa corrida do ano passado, as edições do GP da Bélgica são marcados por mais momentos de êxtase do que pela monotonia.
Se tem uma coisa que não falta em Spa é ação, graças às características de um circuito raíz com retas longas e muitos pontos de ultrapassagem – diferente dessas pistas de rua sem graça como do GP de Miami, por exemplo.
Dá para fazer uma lista só com as belas ultrapassagens realizadas no traçado belga, e certamente a manobra de Mark Webber sobre Fernando Alonso na Eau-Rouge estaria presente. Mas não é dela que vamos falar aqui.
O destaque vai para um movimento realizado por Mika Häkkinen em 2000 na reta Kemmel, que vem logo depois da Eau-Rouge.
A ultrapassagem é considerada uma das mais bonitas da Fórmula 1 e por si só já é espetacular. Mas o fato de ter sido feita em cima de Michael Schumacher em um ano que os dois brigavam pelo tri-campeonato a torna ainda mais especial.
Em uma primeira tentativa, ‘Schumi’ fechou a porta para o Finlandês ao fim da reta Kemmel, o que deixou o piloto da McLaren furioso. Mika chegou até a fazer gestos com a mão reclamando do movimento do rival.
Mas na volta seguinte ele estava determinado a dar o troco. Häkkinen contornou a curva mais perigosa do calendário com o pé embaixo e de novo se aproximou de Michael. O finlandês, no entanto, se aproveitou do vácuo do retardatário Ricardo Zonta, pegou Schumacher no contrapé e se valeu disso para vencer a corrida.
A ultrapassagem você confere abaixo:
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