Por que o curto-circuito entre GM e carro elétrico?
Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel
Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel
A General Motors tentou ser a pioneira na nova fase do carro elétrico na década de 90, mas deu tudo errado. E mais dois fracassos em 2012 e 2016. Só agora, 30 anos depois, quando milhões de eletrificados de marcas chinesas, coreanas, japonesas e européias já rodam pelo mundo, a GM entra como player no pedaço.
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Lançado em 1993, o EV-1 só lhe deu dor de cabeça e um colossal prejuízo no caixa e na imagem da empresa. Tinha atributos interessantes como o baixo peso (1360 kg) e coeficiente aerodinâmico (0,19) entre os mais baixos do mundo. Boa performance, chegando a 130 km/h (limite eletrônico) e cravando 0-100km/h em 8 segundos. Apesar de considerado à frente do seu tempo, o EV-1 falhou em vários aspectos:
Foram produzidas apenas 1.117 unidades, comercializadas exclusivamente pelo sistema de leasing. Mas a produção foi encerada três anos depois (1996) e a fábrica pediu a devolução de todos os carros antes mesmo de vencer os contratos. Algumas unidades foram entregues para museus e universidades, e todas as demais sucateados.
A GM perdeu assim a excepcional oportunidade de se tornar a grande pioneira mundial dos elétricos. Entregou o título – de bandeja – para Elon Musk da Tesla.
Na segunda tentativa, em 2011, a empresa projetou um modelo puramente elétrico. Mas corrigiu em tempo e acabou lançando um híbrido, com motor a combustão para recarregar um volume menor de baterias, reduzindo custos e aumentando a autonomia.
Chamado de Ampera na Europa, quando terminava sua autonomia de cerca de 60 km, o motor a combustão era acionado para recarregar as baterias. Uma idéia inteligente mas que sucumbiu pelo elevado preço: US$ 41 mil, US$ 10 mil mais caro que o Toyota Prius. Produção abortada em 2019.
Depois das duas derrapadas, partiu para nova tentativa em 2016. Puramente elétrico, algumas unidades vieram para o Brasil em 2018, mas a empresa voltou a ter problemas, desta vez pelos riscos de incêndio nas novas baterias de ion-litio, produzidas pela LG na Coreia. A GM imaginou que o problema estaria apenas nestas e para uma nova geração do Bolt, lançada em 2020, passou para a bateria da LG produzida em Michigan (EUA).
A GM fez um recall de todos os Bolts produzidos até 2019 com baterias da LG da Coréia. Mas não demorou a perceber que também as produzidas nos EUA poderiam provocar incêndios. O recall foi então estendido para todos as 141 mil unidades produzidas de 2016 a 2022. O único no mundo que envolveu toda a produção de um modelo.
Era tamanho o risco de fogo que a GM recomendou não recarregar o carro dentro de casa nem em estacionamentos. Aliás, teve estacionamento nos EUA que chegou a proibir a entrada do Bolt.
A empresa anunciou seu relançamento no Brasil em setembro de 2021, com pré-venda no valor de R$ 317 mil. Mas, com o novo perrengue das baterias que fez interromper sua produção nos EUA no ano passado (as novas foram destinadas para o recall), adiamento por um ano e nova apresentação feita agora para o mercado brasileiro. Nos EUA, o preço foi reduzido de U$ 32 mil para U$ 26 mil (cerca de R$ 130 mil). No Brasil, aumentado em R$ 17 mil para R$ 329 mil.
A GM trocou o fornecedor da bateria? Não: continua arriscando com a LG, embora a empresa jure, de pés juntos, que está definitivamente eliminado qualquer risco de incêndio. (Eu não colocaria a mão no fogo….)
Por via das dúvidas, está na hora de a GM cruzar os dedos. Ou trocar seu time de engenheiros eletricistas* em Detroit.
(*) Sou candidato, pois tenho este título…
Carro elétrico: a volta do que não foi?
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Na minha opinião, salvo melhor juízo, creio que não existe coisa mais traumática que o nosso carro pegar fogo.
Tenho uma ideia, mas esta poderia ser um grande elefante branco seria um sistema de extinção de incêndio no jogo de baterias.
Por fim, mas não menos importante, não sou engenheiro elétrico, sou engenheiro mecânico, e creio que para o Brasil a solução para a poluição seria carro híbrido movido a etanol. Pois nossa energia elétrica é renovável e o etanol é de queima limpa em relação a gasolina e ainda a plantação de cana de açúcar absorve o CO2 expelido pelos motores que utilizam etanol.