Dekotora: os caminhões mais loucos e divertidos do Japão
A decoração das carretas é eclética e vai de personagens da Disney, pentagramas, textura em veludo, cristais, Jaspion ... Tem de tudo!
A decoração das carretas é eclética e vai de personagens da Disney, pentagramas, textura em veludo, cristais, Jaspion ... Tem de tudo!
Se você já viu um dekotora, mesmo que em uma foto na internet, você deve se lembrar. Esses caminhões japoneses são uma visão, no mínimo, singular. Além disso, a cultura também é bastante restrita, e não se encontram muitas coisas similares sendo feitas fora do Japão. Exóticos, esses caminhões também podem ser muito bonitos – ainda que de um jeito incomum.
Tudo começou na década de 70, embora existam relatos de que a prática do “caminhão decorado”, em tradução livre, já existia antes. Mas o negócio pegou mesmo foi depois do lançamento do filme Torakku Yaro, em 1975, que narrava as aventuras de um “caminhoneiro muito louco” pelas estradas do país em um caminhão todo paramentado.
Cenas do filme Torakku Yaro, responsável pela popularização do dekotora no Japão
O sucesso foi tão grande que o filme ganhou nove sequências e se tornou responsável direto pela modinha do dekotora. A ideia por trás desse gênero de tuning é decorar um caminhão o máximo possível sem retirar sua funcionalidade. Sim, a maioria dos motoristas utiliza seus dekotora para as funções normais de um caminhão, como transporte de carga ou coleta de lixo.
Alguns desses aficionados alteram tanto o veículo que perdem a licença para rodar nas ruas, mas é a minoria. Portanto, caso você esteja de rolé pelo Japão um dia, não se surpreenda se cruzar o caminho com um desses dragões hi-tech na estrada, que carregam elementos variados da cultura popular (e erudita) japonesa (e mundial).
Um caminhão dekotora é capaz de suprir o gosto de muitos. Repare nas imagens: tem cromado, Disney, pentagrama, veludo, cristal, Jaspion, floral, tigre, Thundercats, Yakuza, pintura clássica japonesa, luz negra, luz neon, luz de farol, luz normal, chifre, grade, Evangelion, coração, Pantera Cor-de-rosa… Tem de tudo! É claro que o kitsch – aquele estilo de arte que mistura o brega com o feio, mas ainda consegue ser atraente de uma forma bizarra – também está presente.
Festival com diversos modelos dekotora vistos à luz do dia e à noite, acesos
A extravagância tem linguagem própria e os que participam da “maluquice” compõem um nicho cultural que dispõe de festivais e encontros, oficinas e lojas especializadas que oferecem todo tipo de enfeite. Há até uma revista sobre o assunto, a Camion – The Truckers Magazine, e um jogo de simulação, o Zenkoku Dekotora Matsuri.
Dentro da cabine, é comum encontrar um lustre de cristal antigo (ou uma cópia de um), assim como cortinas de cristal sobre o vidro traseiro. A cabine aparece estofada em veludo estampado, com detalhes dourados, ou na cor rosa-choque. Algumas vezes o exagero também alcança a tecnologia, e o espaço é equipado com uma profusão de monitores, cada um ligado a uma câmera externa diferente.
Por fora não faltam placas cromadas com reflexos acima do tolerável. Estas são responsáveis pelo brilho durante o dia, que é quando se pode observar as pinturas da caçamba, com motivos totalmente variados. À noite, as luzes são acesas e os dekotora se transformam, assumindo sua forma mais distinta.
A profusão luminosa é hipnótica, cobrindo toda a superfície da cabine e as extremidades da caçamba. Na dianteira, chifres, ganchos, extensões e grades iluminadas “deformam” o veículo. Visto assim, é fácil identificar a influência do mecha, elemento estético do Japão moderno bem ilustrado pelos robôs gigantes de alguns mangás.
E aí? Ficou querendo ir para o Japão e ver de perto?
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