Design de carro e a difícil arte de agradar a maioria
Acertar o desenho de um carro demanda estudo e investimento; mesmo assim, alguns conseguem desagradar a maioria dos consumidores
Acertar o desenho de um carro demanda estudo e investimento; mesmo assim, alguns conseguem desagradar a maioria dos consumidores
O que passa na cabeça de alguns executivos de montadoras quando aprovam certos desenhos de carros? Sério! “Opa, foi mal, esse carro aqui foi um fracasso, mas daqui 3 anos a gente faz uma reestilização, coloca um lero-lero diferente, e de boa”.
Quando eu trabalhava em jornal diário e saía algum erro na edição eu já me sentia superconstrangido – e olha que no outro dia, o “meu trabalho” já estava lá forrando gaiola de passarinho e servindo de toalete para cachorro.
Imagina lançar um carro com o desenho errado e ter que esperar pelo menos três anos antes de intervir… Eita!
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“Do que esse cara tá falando”, deve estar indagando um dos meus três leitores. Estou falando do novíssimo Hyundai HB20. Em 2019, quando chegou ao mercado a segunda geração, a marca sul-coreana chamou ate o designer responsável pelo projeto para explicar o motivo daquelas linhas. “Esportividade sensual”, como foi batizado o conceito por trás do desenho. “A ousadia em forma de automóvel”, alardearam.
“Bagre”, foi como ele ficou conhecido… Nem um pouco esportivo, muito menos sensual. Desenho de carro quando tentam explicar demais o conceito por trás das formas, pode saber que tem alguma coisa errada.
Logo a Hyundai tentou remediar o problema, tentando disfarçar a grade pintando de preto – ela não poderia, de cara, pensar em um facelift. Mal ou bem, os consumidores aceitaram o HB20 e logo ele se consolidou como um dos carros mais vendidos do Brasil. Mas sempre sendo motivo de chacota.
E quando todos achavam que a Hyundai tinha aprendido a lição, veio o novo Creta e… “meu Deus do céu! É sério isso?” Mais uma vez, os sul-coreanos dividem opiniões com um desenho, digamos, controverso. Teve gente que gostou da frente, mas odiou a traseira. Outras foram unânimes: o SUV todo é feio.
Eu vou remar contra a maré! Eu sempre gostei da segunda geração do HB20. E gostei do Creta! Falei isso em um vídeo de avaliação do SUV – vou deixar ele aqui embaixo para vocês darem uma olhadinha (e se inscreverem no canal).
“Noooossaaaaaa, você deve estar recebendo da Hyundai para falar que esse carro não é feio”. Blá, blá, blá, o mesmo discurso de sempre para desclassificar a opinião do jornalista. Não me abalo (e não recebi pix nenhum).
Ok, admito que eu sou minoria. Tanto é assim que a própria Hyundai mudou completamente e voltou para um desenho mais ortodoxo, sem muita ousadia, no HB20. Ficou um carro mais genérico? Sim! Tem mais chances de agradar? Sim! Então ótimo para eles.
Mas retomando o fio da meada, de tempos em tempos, aparece uma polêmica. Montadoras que tentaram ousar demais e quebraram a cara. Tiveram que voltar atrás. Quem se lembra dos BMW da era Chris Bangle? Eram bem esquisitos. Temos diversos outros exemplos, fáceis de encontrar em qualquer busca de lista de carros mais feios (mas vou facilitar a sua vida e deixar esse link aqui).
Também temos exemplos de carros que romperam completamente com a geração anterior e foram um sucesso. Talvez o mais fácil de lembrar seja o Honda Civic em sua oitava geração.
Mas sabe o que é o mais bizarro? É esses carros controversos serem aprovados! Não dá para entender… Bilhões de dólares investidos em um projeto para no fim ele ser chamado de bagre? Capivara? E o consumidor que vai lá, investe seus “caraminguás” para escutar “mas você gostou desse carro?”
Pois eu repito o quase chulo provérbio popular: gosto é que nem… Cada um tem o seu!
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Francamente eu nunca entendi o tamanho da polêmica encima do desenho do HB20. Acho sim que é diferente, tem alguma ousadia mas esse formato de grade com forma de “boca” que lembra peixe é uma coisa que vem desde os anos 50 nos carros.
