Design do carro: 5 vezes que as fábricas exageraram na ousadia

O mercado automotivo não é feito apenas de apostas certeiras, os fabricantes também cometem ousadias no design do carro e muitas vezes exageram na medida

hyundai hb20 sport 18
Essa grade apelidada de "bagre" pelos consumidores adiantaram a reestilizção (Foto: Hyundai | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 10/07/2022 às 09h33
Atualizado em 11/08/2022 às 16h25

No mercado automotivo, o design do carro tem grande peso na hora da escolha. E apostar no seguro traz um retorno garantido do público fiel enquanto a ousadia traz chances de expandir seu público. De tempos em tempos algum fabricante tentar quebrar os paradigmas e sacudir o mercado, com os mais diversos resultados.

Uma revolução positiva foi quando a Dodge lançou a nova geração da Ram em 1994, com desenho inspirado em caminhões e cabine mais luxuosa. Ford e General Motors tiveram que correr atrás e isso mudou a forma de desenhas picapes.

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Mas nem tudo são flores, algumas ousadias são mal recebidas. Para mitigar os prejuízos os fabricantes precisam fazer mudanças rápidas nos carros e adiantar reestilizações. Conheça a seguir cinco casos onde o fabricantes precisaram agir rápido para evitar grandes prejuízos.

1. Hyundai HB20

A segunda geração do Hyundai HB20 chegou em 2019 e todas as suas melhorias acabaram sendo ofuscadas pelo estilo controverso. O formato da grade e as linhas curvas renderam o apelido de “bagre” para o hatch. Apesar do choque inicial com o estilo, ele conseguiu se garantir nas vendas devido a outros atributos.

Um ano após o lançamento o fabricante adotou a grade preta do modelo Sport em toda linha, eliminando a versão cromada e deixando a frente mais discreta. Agora em 2022 saiu um face-lift mais profundo, que mudou toda a dianteira e traseira do modelo.

Design do carro por exigir ações corretivas

Reestilizações desse porte costumam chegar após quatro anos de mercado para um carro dessa categoria. A mudança adiantada acabou misturando a nova linguagem visual com linhas mais retas com a carroceria arredondada do HB20. O resultado agradou na dianteira, porém a traseira — que era o ponto forte do modelo anterior — ganhou uma lanterna grande que pesou o visual.

2. Painel do Toyota Etios

A Toyota entrou no mercado de compactos no Brasil no final de 2012 com o Etios, um projeto de baixo custo feito para mercados emergentes nos moldes do Renault Logan. Uma das soluções polêmicas do modelo era o painel de instrumentos em posição central.

No Brasil isso só era visto em algumas minivans francesas, como o Citroën Picasso e Renault Grand Scenic. O formato de meia-lua dos instrumentos renderam o apelido “Balança Filizola”, em alusão ao confiável instrumento de medição de mercearias e similares. Com um ano de mercado a Toyota trouxe algumas melhorias para deixar o interior mais agradável, com mudanças de cores de acabamento e um volante mais esportivo.

Na linha 2016 veio um novo painel digital, que trazia mais funções que o antigo modelo analógico e ainda era de leitura mais fácil. Esse painel digital foi usado apenas no modelo fabricado no Brasil, os Etios feitos na Índia e Tailândia continuaram com a versão antiga.

3. Edsel

Após a Segunda Guerra Mundial o mercado automotivo norte-americano estava aquecido e havia uma “escadinha” de marcas pelo grau de luxo. Na Ford existia um espaço grande entre a intermediária Mercury e a luxuosa Lincoln, sem existir um competidor direto para os carros da Buick e DeSoto.

Foi daí que nasceu a divisão Edsel, que homenageava o filho de Henry Ford. Como a Ford queria causar, foi feito um programa de televisão chamado The Edsel Show para apresentar o carro com várias celebridades. E o carro realmente causou, mas foi devido a uma ousadia de estilo.

A grade vertical e estreita era diferente de tudo que existia na época e rendeu apelidos comparando com as partes íntimas femininas. Essa foi a linha 1958, na linha seguinte a grade vertical foi amenizada. A linha 1960 mudou completamente o estilo da dianteira, porém o estrago já estava feito.

Em novembro de 1959, após meses do lançamento da linha 1960, a divisão foi fechada. O prejuízo foi de US$ 350 milhões em valores da época, que passam de US$ 3 bilhões se atualizados com a inflação.

4. Era Bangle da BMW

O designer norte-americano Chris Bangle foi responsável por modelos belíssimos, como o Fiat Coupé e a Alfa Romeo 145. Em 1999 ele foi contratado pela BMW para chefiar o departamento de design, tendo carta branca para criar a nova linguagem visual da marca.

Essa linguagem foi uma ruptura se comparada com o estilo discreto que a marca usava anteriormente. O primeiro modelo foi o Série 7 da geração E65. O design do carro era ousado e trazia uma traseira em que a tampa do porta-malas parecia ser alongada em relação os cantos.

A nova geração do Série 5, a E60, também seguiu esse estilo, assim como o Série 6. Os desenhos ousados de Bangle afugentaram alguns clientes mais conservadores. O Série 7 foi reestilizado para amenizar a traseira, por exemplo.

Com apenas 10 anos de casa, Chris Bangle saiu da BMW e o holandês Adrian van Hooydonk passou a chefiar o departamento de design da marca. Isso levou a uma era mais conservadora no estilo. Mas a BMW já está voltando a ousar com os modelos atuais com grade gigante.

5. Ford Falcon AU

Na década de 1990 a Ford considerou substituir o Falcon australiano por um carro derivado de alguma de suas plataformas grandes de outros mercados. No final, os australianos acharam melhor continuar em sua plataforma dedicada e já adaptada às condições extremas do país.

O projeto da nova geração que chegaria em 1998 foi um dos mais caros na história da filial. Ele trazia inovações como suspensão traseira independente, comando variável no motor de seis cilindros e carroceria mais rígida. O estilo seguia a tendência New Edge da Ford, com linhas ousadas unindo curvas com cantos vivos.

Todas as melhorias foram ignoradas pelos consumidores devido ao design do carro, muitos migraram para o rival Holden Commodore que trazia desenho mais elegante. Para mitigar os prejuízos, a Ford atualizou o Falcon em 2000 adotando a grade maior das versões de luxo em toda a linha.

Uma reestilização maior na dianteira, traseira e painel veio em 2003, junto de motores novos. Essa mudança ajudou a salvar o Falcon.

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1 Comentário
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Marcelo Farias 14 de julho de 2022

A Hyundai já foi melhor no design… o HB20 parece um DKW, abusaram na ousadia retrô. E o Creta, até pode ser uma nave, mas compete com o Duster, Fico na dúvida qual dois dois é mais feio…

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